Quando Abraão provou sua disposição em oferecer seu amado filho, Isaque, Deus fez uma promessa a ele:
E, por meio dela [sua descendência], todos os povos da terra serão abençoados, porque você me obedeceu (Gn. 22:18).
O apóstolo Paulo ressalta que essa promessa foi feita a Abraão e a sua descendência, e essa descendência era Cristo (veja Gl. 3:16). Em Cristo todas as nações, ou mais precisamente, todos os grupos étnicos da terra seriam abençoados. Essa promessa a Abraão prevê a inclusão de milhares de grupos étnicos gentios ao redor do globo à bênção de estar em Cristo. Esse grupos étnicos são distintos uns dos outros no modo em que vivem em diferentes regiões geográficas, são de diferentes raças, têm culturas diferentes e falam línguas diferentes. Deus quer que todos sejam abençoados em Cristo; por isso, Jesus morreu pelos pecados de todo o mundo (veja 1 Jo. 2:2).
Mesmo Jesus tendo dito que o caminho que leva à vida é estreito, e poucos o encontram (veja Mt. 7:14), o apóstolo João nos deixou uma boa razão para crer que haverá representantes de todos os grupos étnicos da terra no futuro Reino de Deus:
Depois disso olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando palmas. E clamavam em alta voz: “A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro” (Ap. 7:9-10, ênfase adicionada).
Portanto, é com grande antecipação que os filhos de Deus esperam se unir à multidão multiétnica diante do trono de Deus um dia!
Muitos missionários estrategistas contemporâneos têm colocado grande ênfase em alcançar os milhares restantes de grupos étnicos “escondidos” ao redor do mundo, com a esperança de plantar uma igreja viável em cada um deles. Isso é louvável, já que Jesus nos mandou ir ao mundo e fazer “discípulos de todas as nações (ou literalmente, grupos étnicos)” (Mt. 28:19). Contudo, os planos do homem, não importa quão bem intencionados sejam, sem a liderança do Espírito Santo, podem fazer mais mal que bem. É vital que sigamos a sabedoria de Deus enquanto buscamos construir Seu reino. Ele não nos deu mais informação e instrução a respeito de como fazer discípulos ao redor do mundo a não ser as encontradas em Mateus 28:19.
Talvez o fato mais negligenciado por aqueles que tentam cumprir a Grande Comissão é que Deus é o maior evangelista de todos e devemos trabalhar com Ele, e não para Ele. Ele se importa muito mais em alcançar o mundo com o evangelho que qualquer outra pessoa, e está se esforçando muito mais para alcançar esse alvo que qualquer um. Ele foi (e é) tão devoto à causa que morreu por ela, e estava pensando nela (e ainda está) antes mesmo de ter criado o homem! Isso é comprometimento!
“Ganhando o Mundo para Cristo” (“Wining the World For Christ”)
É interessante que quando lemos as epístolas do Novo Testamento, não encontramos pedidos comoventes (como ouvimos hoje) para que os crentes “saiam e conquistem o mundo para Cristo!” Na Igreja primitiva, os cristãos e seus líderes perceberam que Deus estava trabalhando duro para salvar o mundo, e o trabalho deles era cooperar com Ele enquanto Ele os guiava. Alguém que sabia bem disso era o apóstolo Paulo, o qual ninguém “levou ao Senhor”. Ao invés disso, ele se converteu através de um ato direto de Deus enquanto viajava para Damasco. Por todo o livro de Atos, vemos a Igreja expandindo, pois pessoas ungidas e guiadas pelo Espírito estavam cooperando com o Espírito Santo. O livro de Atos, às vezes chamado de “Atos dos apóstolos”, deveria ser chamado de “Atos de Deus”. Na introdução de Atos, Lucas disse que sua primeira carta (o evangelho que leva o seu nome) era um registro “de tudo o que Jesus começou a fazer e a ensinar” (At. 1:1, ênfase adicionada). Obviamente, Lucas acreditava que o livro de Atos era um registro do que Jesus continuava a fazer e a ensinar. Ele trabalhava através de servos ungidos e guiados pelo Espírito que cooperavam com Ele.
Se os cristãos da Igreja primitiva não eram encorajados a sair e testemunhar aos seus vizinhos e ajudar a ganhar o mundo para Cristo”, qual era sua responsabilidade a respeito de construir o Reino de Deus? Os que não foram chamados especificamente e receberam dons para proclamar o evangelho publicamente (apóstolos e evangelistas) foram chamados para levar vidas obedientes e santas, e a estarem prontos para responder a qualquer um que questionasse a esperança deles. Pedro, por exemplo, escreveu:
Todavia, mesmo que venham a sofrer porque praticam a justiça, vocês serão felizes. “Não temam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados.” Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês. Contudo, façam isso com mansidão e respeito, conservando boa consciência, de forma que os que falam maldosamente contra o bom procedimento de vocês, porque estão em Cristo, fiquem envergonhados de suas calúnias (1 Pd. 3:14-16).
Note que os cristãos a quem Pedro escreveu estavam sofrendo perseguição. Contudo, a menos que os cristãos não sejam diferentes do mundo, ele (é claro) não os perseguirá. Esse é um dos motivos de haver tão pouca perseguição de cristãos em muitos lugares hoje — porque os que se dizem cristãos não agem de forma diferente do resto do mundo. Não são verdadeiros cristãos, e portanto, ninguém os persegue. Mesmo assim, muitos desses “cristãos” estão sendo exortados nos domingos a “compartilharem sua fé com seus vizinhos”. Quando testemunham aos seus vizinhos, estes ficam surpresos ao saber que são (supostamente) cristãos renascidos. Pior ainda, o “evangelho” que compartilham se resume a pouco menos que dizer aos vizinhos que estão errados, por pensarem que boas obras e obediência a Deus têm algo a ver com a salvação. Tudo o que importa é que “aceitem a Jesus como Salvador pessoal”.
Em contraste, os cristãos primitivos (de quem Jesus era realmente Senhor) eram como luz nas trevas e, portanto, não precisavam ter aulas de testemunho ou arrumar coragem para dizerem aos seus vizinhos que eram seguidores de Cristo. Tinham muitas oportunidades de compartilhar o evangelho, já que eram questionados e insultados por causa de sua santidade. Só precisaram consagrar Jesus com Senhor em seus corações e estar prontos para responder, assim como Pedro disse.
Talvez a maior diferença entre os cristãos modernos e os da Igreja primitiva seja a seguinte: cristãos modernos tendem a pensar que um cristão é caracterizado pelo que conhece e crê — chamamos de “doutrina”, e, portanto, focam em aprendê-la. Por outro lado, os cristãos da Igreja primitiva criam que um cristão era caracterizado pelo que fazia — e, portanto, focavam na obediência aos mandamentos de Cristo. É interessante perceber que pelos primeiros quatorze séculos, praticamente nenhum cristão tinha uma Bíblia pessoal, tornando, assim, impossível que a lesse todos os dias, o que se tornou uma das regras básicas da responsabilidade cristã contemporânea. Certamente, não estou dizendo que cristãos modernos não devem ler a Bíblia todos os dias. Só estou dizendo que muitos cristãos fizeram o estudar a Bíblia mais importante que o obedecê-la. Orgulhamo-nos de ter a doutrina correta (ao contrário dos membros das outras 29.999 denominações que ainda não chegaram ao nosso nível), mas ainda assim, fofocamos, mentimos e acumulamos tesouros terrenos.
Se esperamos amaciar o coração das pessoas para que se tornem receptivas ao evangelho, é mais provável que o façamos através de nossas obras e não de nossas doutrinas.
Deus, o Grande Evangelista (God, the Greatest Evangelist)
Vamos considerar mais detalhadamente o trabalho de Deus na construção de Seu Reino. Quanto melhor entendermos como trabalha, melhor poderemos cooperar com Ele.
Crer em Jesus, é algo que as pessoas fazem com o coração (veja Rm. 10:9-10). Creem no Senhor Jesus e, portanto, se arrependem. Elas destronam sua própria vontade e colocam Jesus no trono de sua vontade. Crer envolve uma mudança de coração.
Da mesma forma, não crer em Jesus, é algo que as pessoas fazem com seu corações. Elas resistem a Deus; logo, não se arrependem. Através de uma decisão consciente, mantêm Jesus fora do trono de seus corações. A falta de fé envolve um decisão constante de não mudar o coração.
Jesus indicou que os corações de todos são tão duros que nenhum viria a Ele, a menos que fosse levado pelo Pai (veja Jo. 6:44). Deus é misericordioso e está constantemente atraindo todos a Jesus de várias formas; todas tocando em seus corações, através das quais devem decidir continuamente amolecer ou enrijecer seus corações.
Quais meios Deus usa para tocar os corações das pessoas com a esperança de atraí-las a Jesus?
Primeiro, Ele usa Sua criação. Paulo escreveu:
Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis (Rm. 1:18-20, ênfase adicionada).
Note que Paulo disse que os homens “suprimem a verdade” que é “manifesta entre eles”. Isto é, a verdade se manifesta dentro deles e os confronta; mesmo assim, eles a empurram de volta para resistir a essa convicção interna.
Qual exatamente é a verdade que é internamente evidente a todos?Paulo disse que são as verdades dos “atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina”, revelados através “das coisas criadas”. Internamente as pessoas sabem ao olhar para a criação de Deus que Ele obviamente existe, [1] que Ele é extremamente poderoso, surpreendentemente criativo e extremamente inteligente e sábio; para dizer apenas algumas características.
A conclusão de Paulo, que tais pessoas “são indesculpáveis”, está certa. Deus está constantemente gritando a todos, revelando a Si mesmo e tentando fazê-los amaciar seus corações, mas a maioria tapa os ouvidos. Contudo, Deus nunca deixa de gritar durante suas vidas, com uma exibição constante de seus milagres — através de flores, pássaros, bebês, flocos de neve, bananas, maçãs e um milhão de outras coisas.
Se Deus existe e é tão grande quanto Sua criação revela, obviamente deve ser obedecido. Essa revelação interna grita uma mensagem prioritária: Arrependa-se! Por esse motivo, Paulo diz que todos já ouviram o chamado de arrependimento de Deus:
Mas eu pergunto: Eles não a ouviram?Claro que sim: “A sua voz ressoou por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo” (Rm. 10:18).
Na verdade, Paulo estava citando um versículo conhecido do Salmo 19. O texto mais completo diz:
Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo (Sl. 19:1-4a, ênfase adicionada).
Novamente, isso indica que Deus fala a todos, dia e noite, através de Sua criação. Se as pessoas reagissem da forma correta à mensagem de criação de Deus, cairiam de joelhos e clamariam algo como: “Grande Criador, você me criou, e obviamente o fez para que eu fizesse a Tua vontade; portanto, me submeto a Ti”.
Outro Meio pelo qual Deus Fala (Another Means by Which God Speaks)
Relacionada a essa revelação externa/interna está outra revelação interna, que também é dada por Deus e que não depende da exposição de alguém ao milagre da criação. Essa revelação interna é a consciência de cada um, uma voz que revela continuamente a lei de Deus. Paulo escreveu:
(De fato, quando os gentios, que não têm a Lei, praticam naturalmente o que ela ordena, tornam-se lei para si mesmos, embora não possuam a Lei; pois mostram que as exigências da Lei estão gravadas em seu coração. Disso dão testemunho também a sua consciência e os pensamentos deles, ora acusando-os, ora defendendo-os.) Isso tudo se verá no dia em que Deus julgar os segredos dos homens, mediante Jesus Cristo, conforme o declara o meu evangelho (Rm. 2:14-16).
Portanto, todos conhecem o certo e o errado. Para deixar mais claro, todos sabem o que agrada a Deus e o que não O agrada, e Ele responsabilizará cada um no dia do julgamento por por terem feito o que sabiam que o não O agradava. Quando as pessoas envelhecem, com certeza, se tornam mais peritas em justificar seus pecados e ignorar a voz de sua consciência, mas Deus nunca deixa de pôr Sua lei dentro deles.
Um Terceiro Meio (A Third Means)
Mas isso não é tudo. Deus, o grande evangelista que está trabalhando para trazer todos ao arrependimento, fala às pessoas através de ainda outro meio. Mais uma vez, lemos as palavras de Paulo:
Portanto, a ira de Deus é revelada dos céus contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça (Rm. 1:18, ênfase adicionada),
Note que Paulo disse que a ira de Deus é revelada, não que será revelada um dia. A ira de Deus é evidente a todos através de muitos eventos lamentáveis e trágicos, grandes e pequenos, que atormentam a humanidade. Se Deus é todo-poderoso, capaz de fazer e prevenir qualquer coisa, então tais coisas, quando atingem aqueles que O ignoram, podem ser uma manifestação de Sua ira. Somente teólogos sem lógica e filósofos tolos podem não perceber isso. Mesmo em Sua ira, a misericórdia e amor de Deus são revelados, já que os objetos de Sua ira normalmente recebem menor ira do que merecem, e são, portanto, amavelmente avisados da ira eterna que espera os incrédulos após a morte. Esse é outro meio que Deus usa para chamar a atenção das pessoas que precisam se arrepender.
Um Quarto Meio (A Fourth Means)
Finalmente, Deus não só tenta atrair as pessoas através da criação, da consciência e de calamidades, mas também através do chamado do evangelho. Como Seus servos, devemos obedecê-lo e proclamar as boas novas; a mesma mensagem da criação, da consciência e das calamidades é reafirmada novamente: Arrependam-se!
É possível perceber que não há comparação entre o que fazemos na evangelização e o que Deus faz. Ele evangeliza continuamente todas as pessoas em todos os momentos de todos os dias de suas vidas, enquanto outros, mesmo o maior evangelista humano, podem falar a algumas centenas de milhares de pessoas no passar das décadas. E esses evangelistas, normalmente, pregam para um determinado grupo de pessoas somente uma vez e por tempo limitado. Na verdade, essa oportunidade única é tudo o que tais evangelistas podem oferecer às pessoas sob a luz do mandamento de Jesus de sacudir o pó de seus pés sempre que uma cidade, vila ou casa não os receber (veja Mt. 10:14). Tudo isso é para dizer que quando comparamos o evangelismo de Deus (que é incessante, universal, dramático e que condena o interior) com o nosso evangelismo limitado, realmente não há comparação.
Essa perspectiva nos ajuda a entender melhor nossa responsabilidade na evangelização e na construção do Reino de Deus. Contudo, antes de considerarmos mais especificamente nossa parte, há outro fator importante para o qual não podemos fazer vista grossa.
Como foi dito anteriormente, arrepender-se e crer são coisas que as pessoas fazem com seus corações. Deus deseja que todos se humilhem, amoleçam seus corações, se arrependam e creiam no Senhor Jesus. Para chegar a esse fim, Deus trabalha continuamente nos corações das pessoas nas várias formas descritas acima.
Deus também conhece, é claro, a condição dos corações das pessoas: Ele sabe quais corações estão sendo amolecidos e quais estão sendo endurecidos; sabe quem está ouvindo Suas mensagens incessantes e quem as está ignorando; sabe quais corações se abrirão e se arrependerão somente quando certo desastre acontecer em suas vidas; sabe também quem possui corações tão duros para os quais não há esperança de arrependimento. (Por exemplo, Deus disse três vezes para não orar por Israel, pois seus corações estavam além do arrependimento; veja Jr. 7:16; 11:14; 14:11.)[2] Ele sabe quais são os corações que estão aquebrantados ao ponto de que somente mais um pouco de convicção por Seu Espírito resultará em seu arrependimento.
Mantendo tudo isso em mente, o que podemos aprender sobre a responsabilidade da Igreja de proclamar o evangelho e construir o Reino de Deus?
Princípio no1 (Principle #1)
Primeiramente, não parece razoável que Deus, o Grande Evangelista, que está fazendo 95% de todo o trabalho e que está gritando incessantemente a todo o mundo todos os dias, provavelmente mandaria Seus servos para proclamar o evangelho àqueles com os corações mais receptivos ao invés de para aqueles menos receptivos? Eu acho que sim.
Também não parece possível que Deus, o Grande Evangelista, que já tem pregado a todos a cada momento de suas vidas, possa escolher não se incomodar de mandar o evangelho àqueles que estão ignorando completamente tudo o que Ele tem lhes falado durante anos? Por que Ele se esforçaria em vão para dizer às pessoas os últimos 5% que gostaria que elas soubessem, se já ignoraram completamente os primeiros 95% do que tentou dizer? Acho que seria mais provável que Deus mandasse julgamento sobre tais pessoas esperando que elas aquebrantassem seus corações. Se e quando isso acontecesse, parece lógico que Ele lhes mandaria Seus servos para proclamarem o evangelho.
Alguns podem dizer que Deus mandará Seus servos àqueles que sabe que não irão se arrepender para que não tenham desculpas quando comparecerem diante dEle no julgamento. Contudo, mantenha em mente que, de acordo com as Escrituras, tais pessoas já não têm mais desculpas diante de Deus por causa de Sua revelação incessante de Si mesmo através de Sua criação (veja Rm. 1:20). Portanto, se Deus mandar um de Seus servos a tais pessoas, não é para que se tornem responsáveis, mas para que sejam responsabilizados ainda mais por seus atos.
Se, de fato, é mais provável que Deus leve Seus servos a pessoas mais receptivas, então nós, Seus servos, devemos pedir através de oração que sejamos levados àqueles que estão prontos para a colheita.
Um Exemplo Bíblico (A Scriptural Example)
Esse princípio é belamente demonstrado no ministério de Filipe, o evangelista, como registrado no livro de Atos. Filipe tinha pregado a grupos receptivos em Samaria, mas foi mais tarde levado por um anjo para viajar por uma estrada específica. Nessa estrada ele foi levado a um homem incrivelmente receptivo:
Um anjo do Senhor disse a Filipe: “Vá para o sul, para a estrada deserta que desce de Jerusalém a Gaza”. Ele se levantou e partiu. No caminho encontrou um eunuco etíope, um oficial importante, encarregado de todos os tesouros de Candace, rainha dos etíopes. Esse homem viera a Jerusalém para adorar a Deus e, de volta para casa, sentado em sua carruagem, lia o livro do profeta Isaías. E o Espírito disse a Filipe: “Aproxime-se dessa carruagem e acompanhe-a”. Então Filipe correu para a carruagem, ouviu o homem lendo o profeta Isaías e lhe perguntou: “O senhor entende o que está lendo?” Ele respondeu: “Como posso entender se alguém não me explicar?” Assim, convidou Filipe para subir e sentar-se ao seu lado. O eunuco estava lendo esta passagem da Escritura:
“Ele foi levado como ovelha para o matadouro, e como cordeiro mudo diante do tosquiador ele não abriu a sua boca. Em sua humilhação foi privado de justiça. Quem pode falar dos seus descendentes? Pois a sua vida foi tirada da terra”.
O eunuco perguntou a Filipe: “Diga-me, por favor: de quem o profeta está falando? De si próprio ou de outro?” Então Filipe, começando com aquela passagem da Escritura, anunciou-lhe as boas novas de Jesus. Prosseguindo pela estrada, chegaram a um lugar onde havia água. O eunuco disse: “Olhe, aqui há água. Que me impede de ser batizado?” Disse Filipe: “Você pode, se crê de todo o coração”. O eunuco respondeu: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. Assim, deu ordem para parar a carruagem. Então Filipe e o eunuco desceram à água, e Filipe o batizou. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe repentinamente. O eunuco não o viu mais e, cheio de alegria, seguiu o seu caminho (At. 8:26-39).
Filipe foi levado divinamente para pregar a um homem que estava tão faminto espiritualmente que tinha viajado da África para Jerusalém para adorar a Deus e tinha comprado pelo menos uma parte da cópia dos rolos das profecias de Isaías. Enquanto lia o 53o capítulo de Isaías, a passagem mais explícita do Velho Testamento que detalha a expiação do sacrifício de Cristo, e se perguntava de quem Isaías falava, Filipe estava lá, pronto para explicar o que estava lendo! Lá estava um homem pronto para a conversão! Deus conhecia seu coração e mandou Filipe a ele.
Um Caminho Melhor (A Better Way)
É tão mais gratificante ser levado pelo Espírito a pessoas receptivas do que se aproximar aleatoriamente ou sistematicamente de pessoas que não são receptivas porque nos sentimos culpados e pensamos que não serão evangelizadas caso contrário. Não se esqueça — cada pessoa que você encontra está sendo evangelizada incessantemente por Deus. Seria melhor se perguntássemos às pessoas como está a consciência delas para podermos determinar se estão ou não receptivas a Deus, pois todos lidam com culpa.
Outro exemplo desse mesmo princípio é a conversão da casa de Cornélio sob o ministério de Pedro, que foi levado de forma sobrenatural a pregar o evangelho a um grupo muito receptivo de gentios. Cornélio estava ouvindo sua consciência e buscando a Deus, como mostrado ao dar esmolas e por sua vida de oração (veja At. 10:2). Deus o ligou a Pedro; ele ouviu a mensagem de Pedro com o coração aberto e foi salvo.
Seríamos tão mais sábios se orássemos e pedíssemos ao Espírito Santo que nos levasse àqueles que estão com os corações abertos ao invés de fazermos planos grandes e que gastam tempo, para dividir nossas cidades em quadrantes e organizar equipes de testemunho para visitar todas as casas e apartamentos. Se Pedro ficasse comparecendo a reuniões de estratégias missionárias em Jerusalém ou se Filipe tivesse continuado a pregar em Samaria, a casa de Cornélio e o eunuco etíope não teriam sido alcançados.
Evangelistas e apóstolos, é claro, serão levados a proclamar o evangelho a multidões mistas, com pessoas receptivas e não-receptivas. Mas até mesmo eles devem buscar o Senhor a respeito de onde deverão pregar. Novamente, o registro do livro de Atos é de pessoas levadas e ungidas pelo Espírito, cooperando com o Espírito Santo, enquanto Ele constrói o Reino de Deus. Os métodos da Igreja primitiva eram tão diferentes dos da Igreja moderna. E os resultados, tão diferentes! Por que não imitar o que obteve tanto sucesso?
Princípio no2 (Principle #2)
O que mais os princípios bíblicos considerados na primeira parte desse capítulo nos ajudam a entender a respeito de nossa parte na evangelização e na construção do Reino de Deus?
Se Deus planejou a criação, a consciência e os desastres para chamarem a humanidade ao arrependimento, aqueles que pregam o evangelho devem estar certos de que não estão pregando uma mensagem contraditória. Mesmo assim, tantos o fazem! A pregação deles contradiz diretamente tudo o que Deus está tentando dizer aos pecadores! Sua mensagem de graça não-bíblica promove a ideia de que santidade e obediência não são importantes para se obter a vida eterna. Por não mencionar a necessidade de arrependimento para a salvação e por enfatizar que a salvação não é resultado de obras (de uma forma que Paulo nunca quis que fosse entendido), eles estão trabalhando contra Deus, levando as pessoas a uma maior decepção que, muitas vezes, sela sua maldição eterna: elas têm certeza de que estão salvas quando, na verdade, não estão. Que tragédia! Os mensageiros de Deus trabalhando contra o Deus que dizem representar!
Jesus nos mandou pregar “o arrependimento para o perdão dos pecados” (Lc. 24:47). Essa mensagem reafirma o que Deus tem falado ao pecador durante toda a sua vida. A pregação do evangelho corta o coração das pessoas e ofende os que têm o coração duro. Mesmo assim, o evangelho moderno e suave informa as pessoas sobre o quanto Deus as ama (algo que nenhum apóstolo mencionou quando pregava o evangelho no livro de Atos), iludindo-as a pensar que Deus não está bravo nem ofendido com elas. Muitas vezes, os pregadores só dizem que a pessoa precisa “aceitar a Jesus”. Mas o Rei dos reis e Senhor dos senhores não precisa da nossa aceitação. A pergunta não é: “Você aceita a Jesus?” Mas sim: “Jesus te aceita?” E a resposta é, a menos que você se arrependa e comece a segui-Lo, que você é abominável a Ele e somente Sua misericórdia evita seu destino ao inferno.
Sob a luz do evangelho moderno que barateia a graça de Deus, não posso evitar de perguntar a mim mesmo por que tantas nações, dirigidas por líderes que receberam de Deus autoridade para reinar (e isso não é discutível; veja Dn. 4:17, 25, 32, 5:21; Jo. 19:11; At. 12:23; Rm. 13:1), se fecharam completamente a missionários ocidentais? Poderia ser que Deus está tentando manter o evangelho falso fora daqueles países?
Princípio no3 (Principle #3)
Os princípios considerados anteriormente nesse capítulo também nos ajudam a entender melhor como Deus vê as pessoas que estão seguindo falsas religiões. Trata-se de pessoas ignorantes das quais devemos ter piedade, porque nunca ouviram a Verdade? Toda a culpa está aos pés da Igreja por não as ter evangelizado efetivamente?
Não, tais pessoas não são ignorantes da Verdade. Podem não conhecer tudo o que os crentes que creem na Bíblia conhecem, mas conhecem tudo o que Deus está revelando sobre Si através da criação, de suas consciências e das calamidades. São pessoas que Deus tem chamado ao arrependimento durante todas as suas vidas, mesmo que nunca tenham visto um cristão ou ouvido o evangelho. Além do mais, ou eles têm amolecido seus corações para Deus ou, endurecido.
Paulo escreveu a respeito da ignorância dos ímpios e revelou a razão da mesma:
Assim, eu lhes digo, e no Senhor insisto, que não vivam mais como os gentios, que vivem na inutilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento do seu coração. Tendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à depravação, cometendo com avidez toda espécie de impureza (Ef. 4:17-10, ênfase adicionada).
Note que a razão de os gentios serem ignorantes é “devido ao endurecimento do seu coração”. Paulo também disse que perderam a “sensibilidade”. Obviamente, estava falando da condição de seus corações. Calos se desenvolvem nas mãos das pessoas por causa do contato contínuo de material abrasivo com a pele macia. Pele calosa se torna menos sensível. Da mesma forma, quando as pessoas resistem continuamente ao chamado de Deus através da criação, de suas consciências e de calamidades, seus corações se tornam calosos, fazendo com que se tornem insensíveis ao chamado divino. É por isso que as estatísticas indicam que normalmente as pessoas se tornam cada vez menos receptivas conforme envelhecem. Quanto mais velha for uma pessoa, menos provável é que ela se arrependa. Evangelistas sábios têm como maior alvo pessoas mais novas.
A Culpa do Incrédulo (The Guilt of the Unbelieving)
Outra prova de que Deus culpa as pessoas mesmo que nunca tenham ouvido um evangelista cristão é o fato de que Ele os julga efetivamente. Se Deus não os considerasse responsáveis por seus pecados, não os puniria. Contudo, o fato dEle os punir prova que os responsabiliza, e se Ele os responsabiliza, devem saber que o que estão fazendo O desagrada.
Uma maneira pela qual Deus puni os que resistem ao Seu chamado ao arrependimento é os entregando à sua natureza pecaminosa para que se tornem ainda mais escravos da degradação. Paulo escreveu:
Porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obscureceu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis.
Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.
Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão.
Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis. Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam (Rm. 1:21-32, ênfase adicionada).
Note como Paulo enfatiza os fatos da culpa humana e da prestação de contas perante Deus. Os pecadores conheciam a Deus, mas “não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças”. Eles “trocaram a verdade de Deus pela mentira”, portanto, devem ter encontrado a verdade de Deus. Assim, “Deus os entregou” à degradação crescente ao ponto em que as pessoas fazem as coisas mais bizarras, pervertidas e anormais enquanto se escravizam cada vez mais no pecado. É como se Deus dissesse: “Você quer servir o pecado da maneira que deveria servir a Mim? Vá em frente. Eu não vou te impedir e você será cada vez mais escravizado ao deus que ama”.
Suponho que alguém possa considerar essa forma de julgamento como uma indicação da misericórdia de Deus; assim, seria razoável pensar que enquanto as pessoas se tornam mais perversas e pecadoras, elas o perceberiam e acordariam. Pergunto-me por que os homossexuais não se fazem essa pergunta: “Por que me sinto atraído por pessoas do mesmo sexo com as quais não posso ter uma relação sexual completa e de verdade? Isso é estranho!” De certa forma pode-se argumentar que Deus realmente os “fez dessa forma” (como, às vezes, argumentam para justificar sua perversão), mas somente no sentido permissivo e somente porque Ele espera acordá-los para que possam se arrepender e experimentar Sua maravilhosa misericórdia.
Não é somente os homossexuais que devem se fazer essa pergunta. Paulo listou vários pecados escravizadores que são evidência do julgamento de Deus sobre aqueles que se recusam a servi-Lo. Bilhões de pessoas devem se perguntar sobre sua conduta bizarra. “Por que odeio minha própria família?” “Por que gosto de espalhar fofoca?” “Por que nunca estou contente com o que tenho?” “Por que me sinto compelido a olhar cada vez mais pornografia explícita?” Deus os entregou para serem escravizados por seus deuses.
É claro que qualquer um pode amolecer seu coração, se arrepender e crer em Jesus. Alguns dos pecadores mais endurecidos da terra fizeram exatamente isso, e Deus os limpou e os libertou de seus pecados! Desde que as pessoas ainda estejam respirando, Deus lhes dá a oportunidade de se arrependerem.
Sem Desculpas (No Excuses)
De acordo com Paulo, os pecadores não têm desculpa. Eles mostram que conhecem o bem e o mal quando condenam outros e, portanto, merecem a condenação de Deus:
Portanto, você, que julga os outros é indesculpável. Pois está condenando a si mesmo naquilo em que julga, visto que você, que julga, pratica as mesmas coisas. Sabemos que o juízo de Deus contra os que praticam tais coisas é conforme a verdade. Assim, quando você, um simples homem, os julga, mas pratica as mesmas coisas, pensa que escapará do juízo de Deus? Ou será que vocês despreza as riquezas da sua bondade, tolerância e paciência, não reconhecendo que a bondade de Deus o leva ao arrependimento? (Rm. 2:1-4).
Paulo disse que a razão da tolerância e paciência de Deus é para dar às pessoas a oportunidade de se arrependerem. Além do mais, enquanto Paulo continuava, revelou que somente os que se arrependem e levam vidas santas herdarão o Reino de Deus:
Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando se revelará o seu justo julgamento. Deus “retribuirá a cada um conforme o seu procedimento”. Ele dará vida eterna aos que persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade. Mas haverá ira e indignação para os que são egoístas, que rejeitam a verdade e seguem a injustiça. Haverá tribulação e angústia para todo ser humano que pratica o mal: primeiro para o judeu, depois para o grego; mas glória, honra e paz para todo o que pratica o bem: primeiro para o judeu, depois para o grego (Rm. 2:5-10).
É claro que Paulo não concordaria com aqueles que dizem que as pessoas que simplesmente “aceitam a Jesus como Salvador” têm garantia da vida eterna. Ao invés disso, aqueles que se arrependem e “que persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade” são os que a tem.
Mas isso não indica que as pessoas podem continuar a praticar outras religiões além do cristianismo e serem salvas desde que se arrependam e obedeçam a Deus?
Não, não há salvação longe de Jesus por vários motivos, um dos quais é que somente Jesus pode libertar as pessoas de sua escravidão ao pecado.
Mas se quiserem se arrepender, como vão saber invocar o nome de Jesus se nunca ouviram falar dEle?
Deus, que conhece o coração das pessoas, Se revelará a qualquer um que O busca com sinceridade. Jesus prometeu: “busquem, e encontrarão” (Mt. 7:7), e Deus espera que todos O busquem (veja At. 17:26-27). Quando vê um coração que está respondendo a Sua evangelização incessante, Ele manda o evangelho àquela pessoa, assim como fez com o eunuco etíope e com a casa de Cornélio. Deus não é limitado à participação da Igreja, assim como provou na conversão de Saulo de Tarso. Se não houver alguém para levar o evangelho a quem O busca com sinceridade, Ele irá! Ouvi vários casos atuais nos quais pessoas em países fechados se converteram por causa de visões que tiveram de Jesus.
Por que as Pessoas são Religiosas? (Why People Are Religious)
O fato é que a maioria dos que praticam religiões falsas não buscam a verdade com sinceridade. Ao invés disso, são religiosos porque estão somente procurando uma justificação ou proteção para seus pecados. Enquanto continuam a violar suas consciências, se escondem atrás do pretexto da religião. Através de sua religiosidade, convencem a si mesmos que não merecem o inferno. Isso se aplica a “cristãos” religiosos (incluindo os cristãos do evangelho da graça barata), assim como a budistas, muçulmanos e hindus. Mesmo enquanto praticam sua religião, sua consciência os condena.
Quando o budista reverencia seus ídolos ou monges que se sentam orgulhosamente diante dele, sua consciência lhe diz que não está certo. Quando o hindu justifica sua falta de compaixão por um mendigo doente, crendo que o mendigo deve estar sofrendo pelos pecados cometidos em uma vida anterior, sua consciência o condena. Quando um muçulmano extremista decapita um “infiel” no nome de Alá, sua consciência grita a ele a respeito de sua própria hipocrisia homicida. Quando o “cristão” evangélico acumula tesouros terrenos, assiste regularmente à televisão com sexo explícito ou espalha fofoca sobre membros da igreja, crendo que foi salvo pela graça, seu coração continua a condená-lo. Todos esses são exemplos de pessoas que querem continuar a pecar e que encontram mentiras religiosas para acreditarem pelas quais podem continuar pecando. A “santidade” dos pecadores religiosos não alcança as expectativas de Deus.
Tudo isso é para dizer que Deus não considera as pessoas que seguem falsas religiões ignorantes e merecedoras de piedade por nunca terem ouvido a verdade. E a culpa de sua ignorância não cai nos pés da Igreja por não tê-las evangelizado efetivamente.
Novamente, mesmo que saibamos que Deus quer que a Igreja pregue o evangelho por todo o mundo, devemos seguir a direção de Seu Espírito a respeito de onde os campos “estão maduros para a colheita” (veja Jo. 4:35), onde as pessoas estão receptivas por estarem com seus corações sensíveis por causa do esforço incessante de Deus em alcançá-las.
Princípio no4 (Principle #4)
Um último princípio que podemos aprender das verdades bíblicas consideradas anteriormente neste capítulo: Se Deus está julgando pecadores com a esperança de que amoleçam seus corações, devemos esperar que alguns pecadores, depois de passar pelo julgamento de Deus ou ver outros passarem por ele, amolecerão seus corações. Portanto, depois de calamidades, existem excelentes oportunidades de alcançar pessoas antes inalcançáveis.
Cristãos devem procurar oportunidades de compartilhar o evangelho em lugares onde as pessoas estão sofrendo. Os que recentemente perderam pessoas queridas, por exemplo, podem estar mais abertas para ouvirem o que Deus tem para elas ouvirem. Quando trabalhei como pastor, sempre buscava a oportunidade de proclamar o evangelho em funerais, lembrando o que as Escrituras dizem: “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração” (Ec. 7:2, ênfase adicionada).*
Quando as pessoas sofrem por causa de doenças, perda financeira, quebra de relacionamentos, desastres naturais e muitas outras consequências de pecados e julgamentos sobre pecados, elas precisam saber que seu sofrimento é um despertador. Através de sofrimentos temporários Deus está tentando salvar pecadores do julgamento eterno.
Resumindo (In Summary)
Deus faz a maior parte do trabalho de construir Seu Reino. Nossa responsabilidade é cooperar inteligentemente com Ele.
Todos os crentes devem levar vidas santas e obedientes que chamem a atenção dos que estão nas trevas, e devem estar sempre prontos para contar-lhes a razão de sua esperança.
Deus está sempre trabalhando para motivar todos a amolecerem seus corações e se arrependerem, falando a eles continuamente através da criação, consciência, calamidades e, às vezes, através do chamado do evangelho.
Os pecadores sabem que estão desobedecendo a Deus e devem dar contas a Ele, mesmo que nunca tenham ouvido o evangelho. Seu pecado é prova da dureza de seus corações. Sua degradação crescente e escravização ao pecado é uma indicação da ira de Deus para com eles.
Por outro lado, pessoas religiosas não estão necessariamente buscando a verdade. É mais provável que estejam justificando seus pecados acreditando nas mentiras de sua religião.
Deus conhece a condição do coração de cada um. Mesmo que possa nos levar a compartilhar o evangelho com pessoas não-receptivas, é mais provável que Ele nos leve àqueles que estão receptivos ao evangelho. Enquanto Deus trabalha para amolecer os corações das pessoas através de seus sofrimentos, devemos buscar essas oportunidades para proclamar o evangelho.
Deus quer levar o evangelho a todo o mundo, mas quer que sigamos Seu Espírito enquanto buscamos cumprir a Grande Comissão, como mostrado no livro de Atos. Ele Se revelará a qualquer um que busca conhecê-Lo com sinceridade. Para tanto, quer que nossa mensagem concorde com Sua mensagem.
Um dia haverá representantes de todos os grupos étnicos adorando diante do trono de Deus e devemos fazer nossa parte, cooperando com Deus para chegarmos a esse fim. Assim, todo o povo de Deus deve mostrar o amor de Cristo a todos os membros de todos os grupos étnicos que encontrarem. Deus pode dirigir alguns de Seus servos a ter como objetivo específico pessoas de culturas diferentes, enviando e sustentando plantadores de igrejas ou indo eles próprios. Os que forem enviados devem fazer discípulos, mostrando que são ministros discipuladores!
Palavras Finais (Final Words)
Sou muito grato a Deus por nos capacitar a publicar este livro em sua língua e tornar possível que você tenha uma cópia e a leia. Espero que ele tenha sido uma bênção para você. Se foi, será que poderia me escrever e dizer? Eu só leio em inglês, então você terá que me escrever em inglês ou precisará ter sua carta traduzida para o inglês antes de enviá-la a mim.
A maneira mais certa de me encontrar é enviando um e-mail, e meu endereço eletrônico é: [1] É por isso que as Escrituras declaram: “Diz o tolo em seu coração: “Deus não existe” (Sl. 14:1, ênfase adicionada). Somente tolos suprimem uma verdade tão óbvia.
[2] Além disso, as Escrituras ensinam que Deus pode até endurecer ainda mais os corações daqueles que continuam a endurecer seus corações contra Ele (como Faraó). Parece improvável que haja esperança para o arrependimento de tais pessoas.
* Nota do tradutor: versão Revista e Atualizada