Começando Corretamente

Capítulo Dois (Chapter Two)

Biblicamente falando, um discípulo é um crente sincero no Senhor Jesus Cristo. É alguém que pela Sua Palavra, não mais segue o curso deste mundo como consequencia de ter sido liberto do pecado. Discípulo é alguém que vive aprendendo a obedecer a todos os mandamentos de Cristo, alguém que ama a Jesus mais que sua própria família, seu próprio conforto e suas propriedades, e manifesta esse amor através de seu estilo de vida. Os verdadeiros discípulos de Jesus amam uns aos outros e demonstram esse amor de maneiras práticas. Eles dão fruto.[1] Esses são os tipos de pessoas que Jesus quer.

Obviamente, aqueles que não são Seus discípulos não podem fazer discípulos para Ele. Portanto, primeiramente precisamos ter certeza em nós mesmos de que somos Seus discípulos antes de tentarmos fazer discípulos para Ele. Muitos ministros, quando medidos pela definição bíblica de discípulo, reprovam. Não há esperança que esses ministros façam discípulos, e de fato, nem tentarão. Eles não se dedicaram suficientemente a Jesus Cristo para suportar as dificuldades que acompanham o processo de fazer verdadeiros discípulos.

Deste ponto em diante, vou assumir que os discípulos que continuarem lendo são verdadeiros discípulos do Senhor Jesus Cristo, completamente comprometidos em obedecer aos Seus mandamentos. Se você não é, não faz sentido ler mais adiante até que faça o compromisso necessário para se tornar um verdadeiro discípulo. Não espere mais! Caia de joelhos e arrependa-se! Pela Sua maravilhosa graça, Deus lhe perdoará e lhe fará uma nova criatura em Cristo!

Redefinindo Discipulado (Redefining Discipleship)

Mesmo tendo Jesus deixado bem claro sobre quem é discípulo, muitos têm trocado Sua definição por outras interpretaçoes irrelevantes. Por exemplo, para alguns a palavra discípuloé um termo vago que se aplica a qualquer um que confessa ser cristão. Aqui, a palavra discípuloé separada de todo seu contexto bíblico.

Outros consideram discipulado um segundo passo opcional de compromisso para crentes que estão certos que vão para o céu. Eles acreditam que alguém pode ser um crente em Jesus apto para entrar no céu mesmo sem ser discípulo de Jesus! Por ser tão difícil, escolhem simplesmente ignorar os requisitos para o discipulado, que estão gravados nas Escrituras e ordenados por Jesus, ensinando que existem dois níveis de cristãos — os crentes que acreditam em Jesus, e os discípulos. Estes ultimos acreditam em Jesus e são comprometidos com Ele. Nessas mesmas linhas, é várias vezes dito que existem muitos cristãos, mas poucos discípulos, mas que todos vão para o céu.

Essa doutrina efetivamente neutraliza o mandamento de Cristo de fazer discípulos, que por sua vez neutraliza a formação de discípulos. Já que tornar-se discípulo requer compromisso de renuncia própria e aceitação de desafios e dificuldades, se alguma doutrina sugerir que tornar-se discípulo é opcional, a grande maioria das pessoas votarão em não se tornar discípulos especialmente se pensarem que serão bem-vindas no céu ainda que sejam não-discípulos.

Então, aqui estão algumas perguntas muito importantes que devemos fazer: Será que as Escrituras ensinam que alguém pode ser um crente apto para o céu e ao mesmo tempo não ser um discípulo de Jesus Cristo? O discipulado é um passo opcional para crentes? Existem dois níveis de crentes; os crentes descomprometidos e os discípulos comprometidos?

A resposta para todas essas perguntas é Não. Em nenhum lugar o Novo Testamento ensina que existem duas categorias de cristãos ou seja, os crentes e os discípulos. Se alguém ler o livro de Atos, lerá repetidas referências ao termo discípulos, e elas obviamente não são referências a um nível mais alto de crentes ou a crentes mais comprometidos. Todos que acreditavam em Jesus eram discípulos.[2] Na verdade, “Em Antioquia, os discípulos foram pela primeira vez chamados cristãos” (At. 11:26).

É interessante notar que a palavra grega traduzida discípulo (mathetes) é encontrada 261 vezes no Novo Testamento, enquanto a palavra grega traduzida crente (pistos) só é encontrada nove vezes. A palavra grega traduzida cristão (Christianos) só é encontrada três vezes. Esses fatos são suficientes para convencer a qualquer pesquisador honesto que na igreja primitiva todos aqueles que acreditavam em Jesus eram considerados Seus discípulos.

O Comentário de Jesus (Jesus’ Commentary)

Jesus com certeza não pensava que tornar-se discípulo era passo secundário ou opcional para os crentes. três Os requisitos para embarcar-se em discipulado que lemos em Lucas 14 não foram apresentados só aos crentes como se fosse um convite para um nível mais alto de compromisso. Ao contrário, Suas palavras foram dirigidas a todos na multidão. Discipulado é o primeiro passo para um relacionamento com Deus. Lemos mais adiante, em João 8:

Tendo dito essas coisas, muitos creram nele. Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: “Se vós permanecerdes firmes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos. E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo. 8:30-32).

Ninguém pode inteligentemente argumentar contra o fato inegável de que Jesus estava falando com crentes recém-convertidos sobre serem Seus discípulos. Jesus não disse aos crentes recém-convertidos: “Em certa altura no futuro vocês poderão considerar tomar o próximo passo, um passo de compromisso, para então se tornarem Meus discípulos”. Não! Jesus falou àqueles novos crentes tratando-os como que à discípulos, como se as palavras crente e discípulo fossem sinônimas. Ele disse àqueles recém-convertidos que o modo que poderiam provar que eram Seus discípulos era que, pela sua Palavra, não seguiriam mais as coisas desse mundo. O que resultaria em serem libertos do pecado (veja Jo. 8:34-46).

Jesus sabia que a profissão de fé das pessoas não era garantia de que elas realmente acreditavam. Ele também sabia que aqueles que verdadeiramente acreditavam ser Ele o Filho de Deus iriam agir como tal — iriam imediatamente se tornar Seus discípulos — ansiando obedecer-Lhe e agradá-Lo. Esperava que tais crentes/discípulos começacem naturalmente a viver de acordo com a Sua palavra, fazendo nela sua morada. E enquanto descobrissem Seu querer e aprender Seus mandamentos, seriam, progressivamente libertos do pecado.

É por isso que Jesus desafiou imediatamente aqueles novos crentes para examinarem a si mesmos. Sua declaração, “Se… verdadeiramente sois meus discípulos” indica que Ele acreditava que existia a possibilidade de haver discípulos que não fossem verdadeiros, mas somente de palavra. Estes engananavam-se a si mesmos. Portanto, só se eles passassem no teste de Jesus, teriam convicção que eram Seus verdadeiros discípulos. (E depois de ler o resto do diálogo em João 8:37-59 descobrimos que parece que Jesus com certeza tinha bons motivos para duvidar de sua sinceridade.)[3]

Nossa passagem chave, Mateus 28:18-20, dissipa a teoria de que discípulos são crentes em um nível de compromisso mais alto. Jesus mandou, em Sua Grande Comissão, que os discípulos fossem batizados. O livro de Atos indica que os apóstolos não esperaram até que os novos convertidos tomassem um “segundo passo de compromisso radical com Cristo” antes de batizá-los. Ao contrário, os apóstolos batizaram todos os novos convertidos quase imediatamente após suas conversões. Eles acreditavam que todos os crentes verdadeiros eram discípulos.

Sendo assim, aqueles que acreditam que discípulos são crentes especialmente comprometidos não são consistentes em sua própria teologia. A maioria deles batiza qualquer um que professa acreditar em Jesus, sem esperar que alcancem o nível de compromisso do “discipulado.” Mesmo assim, se eles realmente acreditam no que pregam, devem batizar somente aqueles que alcançam o nível de discipulado, que serão bem poucos em seu meio.

Talvez um último ataque a essa doutrina diabólica será suficiente. Se discípulos são diferentes de crentes, por que é que João escreveu que o amor pelos irmãos é a marca para se identificar os crentes nascidos-de-novo (veja 1 Jo. 3:14), e Jesus disse que o amor pelos irmãos é a marca para identificar Seus verdadeiros discípulos (Jo. 13:35)?

A Origem dessa Falsa Doutrina (The Origin of this False Doctrine)

Se a ideia de duas classes diferentes de cristãos; os crentes e os discípulos, não é encontrada nas Escrituras, como é que essa doutrina é sustentada e defendida? A resposta é que ela pode unicamente ser sustentada e defendida por outra falsa doutrina sobre a salvação. A referida alega que os requisitos exigidos para o discipulado não são compatíveis com o fato de que a salvação é pela graça. Baseado nessa lógica, a conclusão é que os requisitos para o discipulado não podem ser os mesmos para a salvação. Portanto, ser um discípulo deve ser um passo opcional de compromisso para crentes que são salvos pela graça.

O erro fatal dessa teoria é que existem inúmeras passagens que se opõe a ela. O que, por exemplo, pode ser mais claro do que aquilo que Jesus disse perto do fim do Seu Sermão do Monte, depois de ter enumerado vários mandamentos?

Nem todo aquele que me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus (Mt. 7:21).

Claramente, Jesus ligou obediência com salvação tanto aqui e em muitas outras declarações. Então, como podemos reconciliar as numerosas passagens como essa com a afirmação da Bíblia que a salvação é pela graça? É bem simples. Deus, em Sua maravilhosa graça, está oferecendo temporariamente uma oportunidade a todos de se arrepender, acreditar e nascer de novo, com o poder dado pelo Espírito Santo de viver obedientemente. Então, a salvação é pela graça. Sem a graça de Deus, ninguém pode ser salvo, porque todos pecaram. Pecadores não podem merecer a salvação. Logo, precisam da graça de Deus para serem salvos.

A graça de Deus é revelada de várias maneiras em relação a nossa salvação. É revelada em Jesus morrendo na cruz, Deus nos chamando através do evangelho, nos trazendo mais perto de Cristo, nos convencendo de nossos pecados, dando-nos uma oportunidade de arrependimento, nos regenerando e nos enchendo com Seu Espírito Santo, quebrando o poder do pecado sobre nossas vidas, nos dando poder para viver em santidade, nos disciplinando quando pecamos, e assim por diante. Não merecemos nenhuma dessas bênçãos. Somos salvos pela graça do início ao fim.

No entanto, de acordo com as Escrituras, a salvação não é somente “pela graça,” mas “pela fé”: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé” (Ef. 2:8a, ênfase adicionada). Os dois componentes são necessários, e obviamente não são incompatíveis. Para que as pessoas sejam salvas, fé e graça serão necessárias. Deus estende Sua graça e nós respondemos pela fé. Fé genuína, é claro, resulta em obediência aos mandamentos de Deus. Como Tiago escreveu no segundo capítulo de sua epístola, a fé sem obras é morta, sem utilidade e não pode salvar (veja Tg. 2:14-26).[4]

O fato é que, a graça de Deus nunca ofereceu a alguém uma licença para pecar. Pelo contrário, ela oferece às pessoas uma oportunidade temporária para se arrependerem e nascer de novo. Depois da morte não há mais oportunidade de arrependimento e renascimento e, portanto, a graça de Deus não estará mais disponível. Sua graça salvadora é portanto temporária.

Uma Mulher a Quem Jesus Salvou pela Graça por meio da Fé (A Woman Whom Jesus Saved by Grace Through Faith)

Uma imagem perfeita da salvação oferecida pela graça por meio da fé é encontrada na história do encontro de Jesus com a mulher pega em adultério. Jesus disse-lhe:: “Eu também não a condeno [isso é graça, pois ela merecia ser condenada]; agora vá e não peques mais” (Jo. 8:11, ênfase adicionada). Quando ela merecia morrer, Jesus a deixou ir. Contudo, Ele a mandou embora com um aviso: De agora em diante não peques mais. Isso é exatamente o que Ele está dizendo a todos os pecadores do mundo — “Eu não estou te condenando agora. Você merece morrer e ser condenado para sempre no inferno, mas estou te dando graça. Contudo, Minha graça é temporária; Portanto, então, arrependa-se. Pare de pecar agora, antes da Minha graça acabar e você se encontrar em pé diante do Meu julgamento como um pecador culpado.”.

Vamos imaginar aquela mulher adúltera arrependida como Jesus a instruiu. Se ela se arrependeu, foi salva pela graça por meio da . Foi salva pela graça, porque, sendo pecadora, nunca poderia ter sido salva sem a graça de Deus. Ela nunca poderia dizer, com razão, que alcançou sua salvação pelas suas obras. E foi salva por meio da fé, porque acreditou em Jesus e, portanto, acreditou no que Ele disse a ela, prestando atenção em Sua advertência, e voltando-se de seu pecado antes que fosse tarde de mais demais. Qualquer um que tiver uma fé genuína em Jesus irá se arrepender, porque Jesus advertiu: a menos que o povo se arrependa, ele perecerá (veja Lc. 13:3). Jesus também declarou solenemente que somente aqueles que fazem a vontade do Pai entrarão no céu (Mt. 7:21). Se alguém clama crer em Jesus, consequentemente observará e obedecerá seus mandamentos. Suponhamos que a mulher adúltera não se arrependeu de seus pecados. Imagine que ela continuou pecando e, então, morreu e apresentou-se diante de Jesus para julgamento. Imagine-a dizendo a Jesus, “Oh, Jesus! É tão bom Te ver! Eu me lembro de como o Senhor não me condenou pelo meu pecado quando fui levada diante de Ti na terra. Com certeza, o Senhor continua tão gracioso quanto antes. O Senhor não me condenou lá; então, com certeza, não me condenará agora!”.

O que você acha? Jesus a aceitaria no céu? A resposta é óbvia. Paulo advertiu: “Não se deixem enganar: nem os imorais… nem os adúlteros… herdarão o Reino de Deus” (1 Co. 6:9-10).

Tudo isso é para dizer que os requisitos de Jesus para o discipulado são nada mais nem menos que um requisito de fé genuína nEle, que se resume na fé que conduz a salvação.E todos os que têm a fé salvadora são salvos pela graça por meio da fé. Não há fundamento bíblico para os que dizem que, porque a salvação é pela graça, as exigências de Jesus para o discipulado são incompatíveis com Seus requerimentos para a salvação. Discipulado não é um passo opcional para os crentes comprometidos; pelo contrário, discipulado é a evidência de uma fé genuina que conduz a salvação.[5]

Portanto, para ter sucesso aos olhos de Deus, um ministro deve começar corretamente o processo de fazer discípulos, pregando o evangelho verdadeiro e chamando pessoas para uma fé obediente. Quando ministros pregam a falsa doutrina, que o discipulado é um passo opcional para crentes comprometidos, eles estão trabalhando contra o mandamento de Cristo de fazer discípulos e estão proclamando uma graça falsa e um evangelho falso. Somente os discípulos verdadeiros de Cristo possuem a fé salvadora e estão indo para o céu, exatamente como Jesus prometeu: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt. 7:21).

O Novo Evangelho Falso (The New False Gospel)

Devido a falsos conceitos sobre a graça de Deus na salvação, elementos bíblicos que são considerados incompatíveis com a mensagem da graça têm sido arrancados do evangelho moderno. Mas um evangelho falso só produz falsos cristãos, e é por isso que uma porcentagem tão grande dos novos “convertidos” modernos desistem de frequentar a igreja depois de apenas alguns dias de terem “aceitado a Jesus.” Ademais, muitos dos que vão à igreja são indistinguíveis da população não salva, possuindo os mesmos valores e praticando os mesmos pecados que seus vizinhos conservadores. Isso acontece, porque eles não creem realmente no Senhor Jesus Cristo e não nasceram de novo verdadeiramente.

Um desses elementos essenciais, que agora é removido do evangelho moderno, é a necessidade de arrependimento. Muitos ministros pensam que se eles falarem às pessoas para parar de pecar (como Jesus disse àquela mulher pega no ato de adultério), será equivalente a dizer que a salvação não é pela graça, mas sim pelas obras. Mas isso não pode ser verdade, porque João Batista, Jesus, Pedro e Paulo proclamaram que o arrependimento é um requisito absoluto para a salvação. Contudo, eles entenderam que a graça de Deus oferece às pessoas uma oportunidade temporária de arrependimento, não uma oportunidade para continuar pecando.

Por exemplo, quando João Batista proclamou o que Lucas se refere como “o evangelho,” sua mensagem central foi o arrependimento (veja Lc. 3:1-18). Aqueles que não se arrependessem iriam para o inferno (veja Mt. 3:10-12; Lc. 3:17).

Jesus pregou arrependimento desde o início de Seu ministério (veja Mt. 4:17). Ele advertiu as pessoas que a menos que se arrependessem, elas iriam perecer (veja Lc. 13:3,5).

Quando Jesus enviou Seus doze discípulos para pregar em várias cidades, “Eles saíram e pregaram ao povo que se arrependesse” (Mc. 6:12, ênfase adicionada).

Depois de Sua ressurreição, Jesus disse aos doze para levarem a mensagem de arrependimento para o mundo inteiro, pois o arrependimento era a chave que abria a porta para o perdão:

E lhes disse: “Está escrito que o Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia, e que em seu nome seria pregado o arrependimento para o perdão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém” (Lc. 24:46-47, ênfase adicionada).

Os apóstolos obedeceram às instruções de Jesus. Quando Pedro estava pregando no dia de Pentecostes, seus ouvintes convictos, depois de perceberem a verdade sobre o Homem a quem tinham crucificado recentemente, perguntaram a Pedro o que deveriam fazer. Sua resposta foi que, antes de tudo, deviam se arrepender (veja At. 2:38).

O segundo sermão público de Pedro, no Pórtico de Salomão, continha uma a mensagem idêntica.: Sem arrependimento não há remissão de pecados [6]

Arrependam-se pois e voltem-se para Deus, para que seus pecados sejam cancelados (At. 3:19, ênfase adicionada).

Quando Paulo testificou ao rei Agripa, declarou que seu evangelho havia sempre contido a mensagem de arrependimento:

Assim, rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Preguei em primeiro lugar aos que estavam em Damasco, depois aos que estavam em Jerusalém e em toda a Judeia, e também aos gentios, persuadindo-os para que se arrependessem e se voltassem para Deus, praticando obras que mostrassem o seu arrependimento (At. 26:19-20, ênfase adicionada).

Em Atenas, Paulo avisou sua audiência que todos devem comparecer ao julgamento diante de Cristo, e aqueles que não se arrependerem estarão despreparados para aquele grande dia:

No passado Deus não levou em conta essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Pois estabeleceu um dia em que háde julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu prova disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos (At. 17:30-31, ênfase adicionada).

Em seu sermão de despedida para os anciãos de Éfeso, Paulo listou arrependimento junto com fé, como uma parte essencial de sua mensagem:

Testifiquei, tanto a judeus como a gregos, que eles precisam converter-se a Deus com arrependimento e fé em nosso Senhor Jesus (At. 20:21, ênfase adicionada).

Essa lista de provas das Escrituras deve ser o suficiente para convencer qualquer um de que, a menos que a necessidade de arrependimento seja proclamada, o verdadeiro evangelho ainda não foi pregado. Não há perdão dos pecados sem o arrependimento.

Arrependimento Redefinido (Repentance Redefined)

Mesmo sob a luz de tantas provas que a salvação depende do arrependimento, alguns ministros ainda encontram uma maneira de anular sua necessidade torcendo seu verdadeiro significado para fazê-lo compatível com sua concepção falsa da graça de Deus. Em sua nova interpretação, dizem que, arrependimento nada mais é que uma mudança de pensamento sobre quem é Jesus; trata-se de uma mudança que, surpreendentemente, pode não afetar o comportamento de uma pessoa.

Então o que os pregadores do Novo Testamento esperavam quando chamavam as pessoas para o arrependimento? Estavam chamando as pessoas para apenas uma mudança de pensamento sobre quem é Jesus ou para uma mudança comportamental?

Paulo acreditava que o arrependimento verdadeiro requeria uma mudança de comportamento. Já lemos seu testemunho sobre décadas de ministério, como ele declarou diante do rei Agripa:

Assim, rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Preguei em primeiro lugar aos que estavam em Damasco, depois aos que estavam em Jerusalém e em toda a Judeia, e também aos gentios, dizendo que se arrependessem e se voltassem para Deus, praticando obras que mostrassem o seu arrependimento (At. 26:19-20, ênfase adicionada).

João Batista também acreditava que o arrependimento era mais do que uma mudança de opinião sobre certos fatos teológicos. Quando sua audiência respondeu ao seu chamado ao arrependimento perguntando o que eles deveriam fazer, ele enumerou mudanças específicas de comportamento (veja Lc. 3:3, 10-14). Também ridicularizou os fariseus e saduceus por fazerem apenas os gestos de arrependimento, e os advertiu do fogo do inferno se não se arrependessem verdadeiramente:

Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira que se aproxima? Produzí pois, frutos dígnos de arrependimento… O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo (Mt. 3:7-10, ênfase adicionada).

Jesus pregou a mesma mensagem de arrependimento que João (veja Mt. 3:2; 4:17). Uma vez Ele disse que Nínive se arrependeu pela pregação de Jonas (veja Lc. 11:32). Qualquer um que já leu o livro de Jonas sabe que o povo de Nínive fez mais que somente mudar de ideia. Eles também mudaram suas ações, voltando-se do pecado. Jesus chamou isso de arrependimento.

Arrependimento bíblico é uma mudança intencional de comportamento em reação a uma fé autêntica nascida no coração. Quando um ministro prega o evangelho sem mencionar a necessidade de uma mudança comportamental genuína que autentica o arrependimento, ele está, na verdade, trabalhando contra o desejo de Deus de fazer discípulos. Mais adiante, ele engana sua audiência fazendo-os acreditar que podem ser salvos sem o arrependimento e, assim potencialmente, assegurando suas condenações na medida que nele acreditam.. Esse ministro está trabalhando contra Deus e a favor de Satanás, percebendo ele ou não.

Se um ministro for fazer discípulos como Jesus ordenou, ele precisa começar o processo corretamente. Quando não prega o verdadeiro evangelho, que chama as pessoas para o arrependimento e à fé obediente, ele está destinado ao fracasso, mesmo tendo obtido grande sucesso aos olhos do povo. Ele pode ter uma grande congregação, mas está construindo com madeira, feno e palha; e quando seu trabalho passar pelo fogo futuro, a qualidade de seu trabalho será testada. Os elementos serão consumidos (veja 1 Co. 3:12-15).

O Chamado de Jesus para o Compromisso (Jesus’ Calls to Commitment)

Jesus não chamou os incrédulos somente para se voltarem do pecado, Ele também os chamou para se comprometerem a segui-Lo e obedecê-Lo imediatamente. Ele nunca ofereceu a salvação de modo mais simples, como é feito hoje. Ele nunca convidou pessoas para “aceitá-Lo”, comprometendo-se a perdoá-los, e sugerindo que, mais tarde eles poderiam querer se comprometer a obedecê-Lo. Não, Jesus requereu que o passo seja o comprometimento de todo o coração.

Infelizmente, os chamados de Jesus para um compromisso maior são simplesmente ignorados por crentes professos. Ou, se os chamados são reconhecidos, os crentes dizem que esses chamados para um relacionamento mais profundo são direcionados, não para os não- salvos, mas para aqueles que já receberam a graça salvadora de Jesus. Mesmo assim, muitos desses “crentes” que dizem que os chamados de Jesus são direcionados a eles e não aos descrentes não prestam atenção aos Seus chamados enquanto os interpretam. Acham que têm a opção de não responder em obediência, como fazem.

Vamos levar em consideração um dos convites de salvação de Jesus, que várias vezes é interpretado como um chamado para uma caminhada mais profunda, supostamente endereçada àqueles que já são salvos:

Então Ele [Jesus] chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perde-la-á;; mas quem perder a sua vida, por minha causa e pelo evangelho, a salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Pois, o que o homem poderia dar em troca de sua alma? Pois, se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos” (Mc. 8:34-38, traduzido do inglês).

Esse é um convite à salvação direcionado aos ímpios ou um convite a um relacionamento mais profundo direcionado aos crentes? Quando refletimos honestamente, a resposta se torna óbvia.

Primeiramente, note que o povo a quem Jesus falava consistia de uma “multidão e os discípulos” (v. 34, ênfase adicionada). Portanto, a multidão não consistia de Seus discípulos. De fato, Jesus os “convocou” para ouvir o que Ele iria falar. Jesus queria que todos, seguidores e solicitadores, entendessem a verdade que Ele estava para ensinar. Perceba também que começou dizendo, “Se alguém” (v. 34, ênfase adicionada). Suas palavras se aplicam a qualquer um e a todo mundo.

Enquanto continuamos lendo, fica mais claro a quem Jesus estava falando. Especificamente, Suas palavras foram direcionadas a todas as pessoas que desejavam (1) “vir após mim” [Jesus], (2) “salvar sua vida”, (3) não “perder sua alma” e (4) estar entre aqueles de quem Ele não se envergonhará “quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos”. Essas quatro expressões indicam que Jesus estava descrevendo pessoas que queriam ser salvas. Será que devemos imaginar que exista algum crente apto ao céu que não deseja “acompanhar” Jesus e “salvar sua vida”? Devemos imaginar que existam crentes verdadeiros que irão “perder suas vidas,” que têm vergonha de Jesus e Suas palavras, dos quais Jesus terá vergonha quando voltar? Obviamente, nessa passagem das Escrituras, Jesus estava falando sobre ganhar a salvação eterna.

Perceba que cada uma das quatro frases nessa passagem de cinco, cada uma, começa com a palavra “pois.” Portanto, cada frase ajuda a explicar e expandir a frase anterior. Nenhuma frase nessa passagem deve ser interpretada sem levar em consideração a iluminação que as outras dão a ela. Vamos considerar as palavras de Jesus frase por frase com essa ideia em mente.

1a Frase

Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me (Mc. 8:34).

Novamente, note que as palavras de Jesus foram dirigidas a qualquer um que desejava segui-Lo, qualquer um que quisesse ser Seu seguidor. Esse é o único relacionamento que Jesus oferece inicialmente — ser Seu seguidor.

Muitos desejam ser amigos sem serem seguidores dEle, mas esta opção não existe. Jesus não considerou ninguém Seu amigo a menos que Lhe obedecesse. Certa vez Ele disse, “Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno” (Jo. 25:14).

Muitos gostariam de ser irmãos sem serem seguidores dEle; mas, de novo, Jesus não ofereceu esta opção. Ele não considerou ninguém Seu irmão a menos que Lhe fosse obediente: “Pois quem faz a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão (Mt. 12:50, ênfase adicionada).

Muitos desejam se juntar a Jesus no céu sem serem seguidores dEle, mas Jesus expressou a impossibilidade de tal coisa. Somente aqueles que Lhe obedecem são merecedores do céu: “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt. 7:21).

Nessa sentença que estamos considerando, Jesus informou àqueles que queriam segui-Lo que não poderiam fazer tal coisa, a menos que negassem a si mesmos. Eles devem estar dispostos a colocar os seus desejos de lado, fazendo-os subordinados a Sua vontade. Negação própria e submissão são a essência de seguir a Jesus. É isso que significa “tomar a sua cruz”.

2a Frase

A segunda sentença de Jesus faz o significado de Sua primeira sentença ainda mais claro:

Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará (Mc. 8:35).

Novamente, perceba que essa sentença começa com “Pois,” relacionando-a com a primeira, adicionando clarificação. Aqui, Jesus compara duas pessoas, as mesmas duas pessoas que são mencionadas na primeira sentença — uma que iria negar a si mesma e pegar a sua cruz para segui-Lo e outra que não iria. Agora elas são comparadas com alguém que perderia sua vida por Cristo e pelo evangelho e alguém que não faria o mesmo. Se olharmos para o relacionamento entre as duas, devemos concluir que a pessoa na primeira sentença, a que não negaria a si mesma corresponde com a pessoa na segunda sentença que deseja salvar a sua vida, mas a perde. E a pessoa na primeira sentença que estava disposta a negar a si mesma corresponde com aquela na segunda sentença que perde sua vida, mas, na verdade, a salva.

Jesus não estava falando sobre alguém perder ou salvar sua vida física. Mais adiante nessa mesma passagem, as frases indicam que Jesus estava pensando em ganhos e perdas eternas. Uma expressão similar de Jesus, gravada em João 12:25 diz: “Aquele que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida nesse mundo, a conservará para a vida eterna” (ênfase adicionada).

A pessoa na primeira sentença que não negaria a si mesma era a mesma pessoa na segunda sentença que queria salvar a sua vida. Portanto, nós podemos concluir, razoavelmente, que “salvar sua vida” significa “salvar a agenda de sua vida.” Isso se torna ainda mais claro quando levamos em conta o contraste do homem que “perde sua vida por Cristo e pelo evangelho.” Ele é o homem que nega a si mesmo, pega a sua cruz e abre mão de sua agenda, agora vivendo pelo propósito de levar adiante a agenda de Cristo de espalhar o evangelho. Ele é o homem que, finalmente, “salvará sua vida.” A pessoa que busca agradar a Cristo ao invés de si mesma um dia se encontrará, feliz, no céu, enquanto a pessoa que continua a agradar a si mesma um dia se encontrará, miserável, no inferno, perdendo toda a liberdade de seguir sua própria agenda.

3a e 4a Frases

Agora a terceira e quarta frases:

Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Pois, o que o homem poderia dar em troca de sua alma? (Mc. 8:36-37).

Nessas frases, a pessoa ressaltada é aquela que não negará a si mesma. Essa pessoa é o mesmo homem que deseja salvar sua vida, mas no final a perde. Agora ele é mencionado como aquele que busca o que o mundo tem para oferecer e que, finalmente, “perde sua alma.” Obviamente, não existe comparação. Uma pessoa pode teoricamente adquirir tudo que o mundo tem para oferecer, mas se a consequência final de sua vida é passar a eternidade no inferno, ela cometeu os erros mais graves do mundo.

Nessas duas frases nós podemos ver o que leva as pessoas à não negarem a si mesmas para se tornarem seguidoras de Cristo. É o seu desejo de gratificação própria, oferecida pelo mundo. Motivados pelo amor próprio, aqueles que se recusam a seguir a Cristo buscam prazeres pecaminosos, os quais os verdadeiros seguidores de Cristo ofuscam pelo amor e obediência a Ele. Aqueles que estão tentando ganhar tudo o que o mundo tem para oferecer buscam riqueza, poder e prestígio, enquanto os verdadeiros seguidores de Cristo buscam em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça. Qualquer riqueza, poder ou prestígio que venham a ganhar é considerado mordomia de Deus para ser usado sem ciúmes para a Sua glória.

5a Frase

Finalmente, nós chegamos à quinta frase da passagem em consideração. Perceba novamente como ela é unida às outras começando pela palavra, pois:

Pois, se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos (Mc. 8:38).

Novamente, esse é o homem que não se negaria, mas que queria seguir sua própria agenda, buscando o que o mundo tem a oferecer, e que finalmente perde sua vida e sua alma. Agora ele é caracterizado como aquele que tem vergonha de Cristo e de Suas palavras. Sua vergonha, é claro, vem de sua falta de crença. Se ele realmente acreditasse que Jesus era o Filho de Deus, certamente não se envergonharia dEle ou de Suas palavras. Mas ele faz parte de uma “geração adultera e pecaminosa,” e Jesus terá vergonha dele quando voltar. Claramente, Jesus não estava descrevendo uma pessoa salva.

Qual é a conclusão para tudo isso? A passagem inteira não pode ser considerada um chamado para uma vida mais comprometida direcionada àqueles que já estão indo para o céu. Ela é, obviamente, uma revelação do caminho da salvação pela comparação daqueles que são verdadeiramente salvos e dos perdidos. Os verdadeiramente salvos acreditam no Senhor Jesus Cristo e, portanto, negam a si mesmos por Ele; enquanto os perdidos não demonstram tal obediência e fé.

Outro Chamado para o Compromisso (Another Call to Commitment)

Existem muitos que poderíamos considerar, mas vamos dar uma olhada em apenas mais um chamado de compromisso do Senhor Jesus que é nada menos que um chamado para a salvação:

Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendei de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt. 11:28-30).

Várias vezes, evangelistas usam essa passagem das Escrituras em seus convites evangelísticos, e com razão. Essas palavras são um claro convite para a salvação. Aqui Jesus está oferecendo descanso para aqueles que estão “cansados e oprimidos.” Ele não está oferecendo descanso físico aos que estão fisicamente sobrecarregados, mas sim, descanso para suas almas, como Ele diz. Os ímpios carregam o peso da culpa, do medo e do pecado, e quando se cansam disso, tornam-se bons candidatos para a salvação.

Se tais pessoas querem receber o descanso que Jesus está oferecendo, de acordo com Ele, precisam fazer duas coisas. (1) vir a Ele e (2), levar Seu jugo sobre si.

Constantemente, falsos pregadores da graça torcem o significado óbvio da expressão “levar o jugo de Jesus.” Alguns até dizem que Jesus estava falando de um jugo que deve estar em volta de Seu próprio pescoço, e é por isso que Ele chamou de “meu jugo.” Eles ainda dizem que Jesus devia estar falando de um jugo duplo, do qual metade está em volta do Seu pescoço e a outra metade está vazia, esperando para ser colocada nos nossos pescoços. No entanto, devemos entender que Jesus está prometendo puxar o arado, porque disse que o Seu jugo é suave e o Seu fardo é leve. Nosso único trabalho, de acordo com tais mestres, é ter certeza de que, pela fé, continuemos debaixo do jugo com Jesus, permitindo que Ele faça todo o trabalho para a nossa salvação, enquanto aproveitamos os benefícios oferecidos pela Sua graça. Essa interpretação é obviamente, bem forçada!

Quando Jesus disse que as pessoas sobrecarregadas devem tomar Seu jugo, Ele quis dizer que devem se submeter a Ele, fazendo dEle seu Mestre, permitindo que Ele dirija suas vidas. É por isso que Jesus disse que devemos tomar Seu jugo e aprender dEle. Os incrédulos são como bois selvagens, indo por seu próprio caminho e ditando as regras em suas próprias vidas. Quando tomam o jugo de Jesus, eles dão o controle a Ele. E o motivo para o jugo de Jesus ser suave e o Seu fardo leve é porque Ele nos capacita pelo seu Espírito que habita em nós a obedecê-Lo.

Portanto, vemos novamente que Jesus chamou as pessoas para a salvação; nesse caso, simbolizado como descanso para os sobrecarregados, chamando-os a se submeterem a Ele e fazê-Lo seu Senhor.

Em Resumo (In Summary)

Tudo isso é para dizer que um ministro de sucesso verdadeiro é aquele que obedece ao mandamento de Jesus de fazer discípulos, e que sabe que arrependimento, compromisso e discipulado não são passos opcionais para os já convertidos. Ao invés disso, são a única expressão autêntica da fé salvadora. Portanto, o ministro de sucesso prega um evangelho bíblico para os ímpios. Ele chama os incrédulos para se arrependerem e seguirem a Jesus, e não assegura a salvação dos descompromissados.

 


[1] Esta definição é derivada do que já lemos em Mateus 28:18-20, João 8:31-32, 13:25, 15:8 e Lucas 14:25-33.

[2] Discípulos são mencionados em Atos 6:1, 2, 7; 9:1, 10, 19, 25, 26, 36, 38; 11:26, 29; 13:52; 14:20, 21, 22, 28; 15:10; 16:1; 18:23, 27; 19:1, 9, 30; 20:1, 30; 21:4, 16. Crentes são mencionados somente em Atos 5:14; 10:45 e 16:1. Em Atos 14:21, por exemplo, Lucas escreveu, “Eles [Paulo e Barnabé] pregaram as boas novas naquela cidade e fizeram muitos discípulos…” Portanto, Paulo e Barnabé fizeram discípulos pregando as boas novas, os quais tornaram-se discípulos imediatamente após suas conversões, não em uma outra hora opcional.

[3] Essa passagem das Escrituras, também expõe as práticas modernas erradas de assegurar aos novos convertidos a sua salvação. Jesus não assegurou a esses recém-convertidos que eles com certeza estavam salvos por terem feito uma pequena oração para aceitá-Lo ou por terem verbalizado sua fé nEle. Ao contrário, Ele os desafiou a considerar se sua profissão era genuína. Devemos seguir Seu exemplo.

[4] Mais adiante, contrário àqueles que mantém a ideia de que somos salvos pela fé mesmo sem termos as obras, Tiago diz que não podemos ser salvos somente pela fé: “Vejam que uma pessoa é justificada pelas obras, e não apenas pela fé”.A fé verdadeira nunca está sozinha; está sempre acompanhada pelas obras.

[5] É bom lembrar que a razão de muitas vezes Paulo afirmar que a salvação é pela graça e não por obras é porque estava lutando contra os legalistas de seus dias. Paulo não estava tentado corrigir as pessoas que ensinavam que a santidade é essencial para se chegar ao céu, porque ele mesmo cria nisso e várias vezes afirmou esse fato; pelo contrário, escreveu para corrigir os judeus que, não tendo o conceito da graça de Deus na salvação, não viam o motivo pelo qual Jesus teve que morrer. Muitos não criam que os gentios pudessem ser salvos, pois não tinham o conceito da graça de Deus que torna possível a salvação. Alguns criam que a circuncisão, a linhagem ou a obediência à Lei (o que nem mesmo eles cumpriam) levava à salvação, anulando, assim, a graça de Deus e a necessidade da morte de Cristo.

[6] Igualmente, quando Deus revelou a Pedro que os gentios poderiam ser salvos simplesmente por acreditar em Jesus, Pedro declarou a casa de Cornélio: “Agora percebo, verdadeiramente, que Deus não trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme e faz o que é justo” (At 10:34b-35, ênfase adicionada). Pedro também declarou em Atos 5:32 que Deus deu o Espírito Santo “aos que lhe obedecem.” Todos os verdadeiros cristãos são habitados pelo Espírito Santo (veja Rm. 8:9; Gl. 4:6).