Quando alguém lê o livro de Atos, o trabalho do Espírito Santo na igreja primitiva é evidente em cada página. Se remover a obra do Espírito Santo do livro de Atos você não terá mais nada. Verdadeiramente, Ele deu poder para os primeiros discípulos para transtornarem o mundo (veja At. 17:6 João Ferreira de Almeida)
Hoje, os lugares do mundo que a igreja está crescendo mais rápido são os lugares onde os seguidores de Jesus se rendem ao Espírito Santo e dEle recebem poder. Isso não deve nos surpreender. O Espírito Santo pode realizar mais em dez segundos do que nós podemos em dez mil anos por nossas próprias forças. Portanto, é de vital importância que o ministro discipulador entenda o que as Escrituras ensinam sobre o trabalho do Espírito Santo nas vidas e ministérios dos crentes.
Frequentemente encontramos exemplos no livro de Atos, de crentes sendo batizados no Espírito Santo e recebendo poder para o ministério. Seria sábio estudar o assunto para que possamos, se possível, vivenciar o que eles experimentaram e desfrutar da ajuda miraculosa do Espírito Santo que eles desfrutaram. Mesmo que alguns afirmem que a obra do Espírito Santo foi confinada à era dos primeiros apóstolos, não encontro prova bíblica, histórica ou lógica para tal opinião. É uma teoria nascida da descrença. Aqueles que acreditam nas promessas da Palavra de Deus experimentarão as bênçãos prometidas. Assim como os israelitas infiéis que não entraram na Terra Prometida, aqueles que não acreditam nas promessas de Deus hoje, não entrarão no que Deus tem preparado para eles. Em que categoria você se encontra? Pessoalmente, eu estou entre os fiéis.
Duas Obras pelo Espírito Santo (Two Works by the Holy Spirit)
Qualquer pessoa que realmente acreditou no Senhor Jesus Cristo experimentou uma obra do Espírito Santo em sua vida. Seu espírito, ou pessoa interior, foi regenerado pelo Espírito Santo (veja Tt. 3:5), e agora Ele vive dentro dela (veja Rm. 8:9; 1 Co. 6:19). Ela nasceu do Espírito (veja Jo. 3:5).
Não entendendo isso, muitos cristãos carismáticos e pentecostais têm cometido o erro de dizer a alguns crentes que estes não terão o Espírito Santo, a menos que sejam batizados no Espírito e falem em línguas. Mas esse é óbviamente um erro confirmado pelas Escrituras e pela experiência. Muitos cristãos não-carismáticos/pentecostais têm muito mais evidências da morada do Espírito que alguns crentes carismáticos/pentecostais! Manifestam bem mais os frutos do Espírito listados por Paulo em Gálatas 5:22-23, o que seria impossível, a não ser que tivessem o Espírito Santo.
Contudo, o fato de a pessoa ter nascido do Espírito não garante que ela também foi batizada no Espírito. De acordo com a Bíblia, nascer do Espírito Santo e ser batizado no Espírito Santo são duas experiências distintas.
Enquanto começamos a explorar esse assunto, vamos primeiramente, considerar o que Jesus disse sobre o Espírito Santo perto de um poço em Samaria a uma pecadora:
Se você conhecesse o dom de Deus e quem lhe está pedindo água, você lhe teria pedido e ele lhe teria dado água viva…Quem beber desta água [do poço] terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário, a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna (Jo. 4:10, 13-14).
Parece razoável concluir que a água viva morando dentro de nós que Jesus falou, representa o Espírito Santo que mora naqueles que creem. Mais adiante no capítulo de João, Jesus usou a mesma frase novamente: “água viva” e sem dúvida estava falando sobre o Espírito Santo:
No último e mais importante dia da festa, Jesus levantou-se e disse em alta voz: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva”. Ele estava se referindo ao Espírito, que mais tarde receberiam os que nele cressem. Até então o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado (Jo. 7:37-39).
Nesse instante, Jesus não falou sobre a água viva se tornar “uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”. Ao invés disso, dessa vez a água viva se torna rios que fluem da parte mais profunda do receptor.
Essas duas passagens do Evangelho de João ilustram lindamente a diferença entre nascer do Espírito e ser batizado no Espírito Santo. Nascer do Espírito é principalmente para o benefício daquele que está renascendo, para que possa aproveitar a vida eterna. Quando alguém renasce pelo Espírito, tem um reservatório de Espírito dentro dele que lhe dá a vida eterna.
Contudo, ser batizado no Espírito Santo é principalmente benefício aos outros, já que equipa crentes a ministrar a outras pessoas pelo poder do Espírito. “Rios de água viva” fluirão de seus seres interiores, trazendo a benção de Deus para outros pelo poder do Espírito.
Por que o Batismo no Espírito Santo é Necessário (Why the Baptism in the Holy Spirit is Needed)
Precisamos desesperadamente da ajuda do Espírito Santo para ministrar aos outros! Sem sua ajuda, nunca poderemos esperar fazer discípulos de todas as nações. Este é, na verdade, o motivo de Jesus ter prometido batizar crentes no Espírito Santo — para que o mundo ouvisse o evangelho. Ele disse aos Seus discípulos:
Eu lhes envio a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até serem revestidos do poder do alto (Lc. 24:49, ênfase adicionada).
Lucas também registrou Jesus dizendo:
Não lhes compete saber os tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade. Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra (At. 1:7-8, ênfase adicionada).
Jesus disse aos Seus discípulos para não deixarem Jerusalém até que fossem “revestidos do poder do alto”. Ele sabia que caso isso não ocorresse, não teriam poder e, com certeza, fracassariam na missão que lhes dera. Contudo, notamos que, uma vez que foram batizados no Espírito Santo, Deus começou a usá-los de forma sobrenatural para espalhar o evangelho.
Muitos milhões de cristãos ao redor do mundo, depois de serem batizados pelo Espírito Santo, têm experienmentado uma nova dimensão de poder, principalmente quando testemunhando a perdidos. Eles perceberam que suas palavras eram mais convincentes e às vezes, citavam versículos que não decoraram. Alguns se viram chamados e com dons para certo ministério, como o evangelismo. Outros descobriram que Deus os usou quando quis com vários dons sobrenaturais do Espírito. Suas experiências são completamente bíblicas. Aqueles que se opõem às suas experiências não têm base bíblica para sua oposição. Estão, na verdade, lutando contra Deus.
Não devemos nos surpreender que nós, que somos chamados para imitar a Cristo, somos chamados para imitar Sua experiência com o Espírito Santo. Jesus foi, é claro, nascido do Espírito quando foi concebido no ventre de Maria (veja Mt. 1:20). Ele, que foi nascido do Espírito, foi então batizado no Espírito inaugurando Seu ministério (veja Mt. 3:16). Se Jesus precisou ser batizado no Espírito Santo para ser equipado para o ministério, o que dizer de nós!
A Evidência Inicial do Batismo no Espírito (The Initial Evidence of the Baptism in the Spirit)
Quando um crente é batizado no Espírito Santo, a evidência inicial de sua experiência é que ele falará uma nova língua, o que as Escrituras chamam de “novas línguas” ou “outras línguas”. Várias passagens embasam esse fato. Vamos considerá-las.
Primeiro, durante os momentos finais antes de Sua ascensão, Jesus disse que um dos sinais que seguiria os crentes é que falariam em novas línguas:
Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas (Mt. 16:15-17, ênfase adicionada).
Alguns comentaristas afirmam que esses versículos não deviam estar em nossa Bíblia, já que alguns manuscritos antigos do Novo Testamento não os têm. Contudo, muitos dos manuscritos antigos os incluem, e nenhuma, das muitas traduções que li em inglês, os omitem. Além disso, o que Jesus disse nesses três versículos se encaixa perfeitamente com a experiência da igreja primitiva, registrado no livro de Atos.
Existem cinco exemplos no livro de Atos, de crentes serem inicialmente batizados pelo Espírito Santo. Vamos levar todos em consideração, e enquanto fazemos isso, perguntaremos, continuamente, duas questões: (1) O batismo no Espírito Santo era uma experiência após a salvação? e (2) Os receptores falavam em novas línguas? Isso nos ajudará a entender a vontade de Deus para os crentes hoje.
Jerusalém (Jerusalem)
O primeiro exemplo é encontrado em Atos 2, quando os cento e vinte discípulos foram batizados no Espírito Santo no dia de Pentecostes:
Chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava (At. 1:1-4, ênfase adicionada).
Sem dúvida, os cento e vinte crentes já haviam sido salvos e renascidos antes disso; portanto, com certeza, experimentaram o batismo no Espírito Santo depois da salvação. Contudo, seria impossível receberem o batismo no Espírito Santo antes desse tempo porque Ele não havia sido entregue à igreja antes desse dia.
É óbvio que o sinal que acompanhava era falar em línguas.
Samaria (Samaria)
O segundo exemplo de crentes sendo batizados no Espírito Santo é encontrado em Atos 8, quando Filipe desce à cidade de Samaria e prega o evangelho:
No entanto, quando Filipe lhes pregou as boas novas do Reino de Deus e do nome de Jesus Cristo, creram [os samaritanos] nele, e foram batizados, tanto homens como mulheres….Os apóstolos em Jerusalém, ouvindo que Samaria havia aceitado a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Estes, ao chegarem, oraram para que eles recebessem o Espírito Santo, pois o Espírito ainda não havia descido sobre nenhum deles; tinham apenas sido batizados em nome do Senhor Jesus (At. 8:12-16).
Os cristãos samaritanos experimentaram o batismo no Espírito Santo como uma segunda experiência após a salvação. A Bíblia diz claramente, que antes de Pedro e João chegarem, os samaritanos já haviam “aceitado a Palavra de Deus”, acreditado no evangelho e sido batizados na água. Mesmo assim, quando Pedro e João desceram para orar por eles, as Escrituras dizem que foi para que “recebessem o Espírito Santo”. Dá para ser mais claro?
Os crentes samaritanos falaram em novas línguas quando foram batizados no Espírito Santo? A Bíblia não diz, mas diz que algo extraordinário aconteceu a eles. Um homem chamado Simão testemunhava o que acontecia quando Pedro e João punham as mãos nos cristãos samaritanos e tentou comprar deles a mesma habilidade para dar o Espírito Santo a outros.
Então Pedro e João lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo. Vendo Simão que o Espírito era dado com a imposição das mãos dos apóstolos, ofereceu-lhes dinheiro e disse: Dêem-me também este poder, para que a pessoa sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo (At. 8:17-19).
O que Simão viu que o impressionou tanto? Ele já tinha visto muitos outros milagres, como pessoas sendo libertas de demônios e paralíticos e mancos sendo curados milagrosamente (veja At. 8:6-7). Previamente, ele mesmo havia se envolvido com feitiçaria, impressionando todo o povo de Samaria (veja At. 8:9-10). Portanto, o que testemunhou quando Pedro e João oraram deve ter sido espetacular. Mesmo não podendo dizer com toda certeza, parece bem razoável que tenha testemunhado o mesmo fenômeno que acontecia todas as vezes que cristãos recebiam o Espírito Santo no livro de Atos — ele os viu e ouviu falar em línguas.
Saulo em Damasco (Saul in Damascus)
A terceira menção no livro de Atos de alguém recebendo o Espírito Santo é o caso de Saulo de Tarso, mais tarde conhecido como o apóstolo Paulo. Ele havia sido salvo na estrada para Damasco, onde também ficou temporariamente cego. Três dias depois de sua conversão, um homem chamado Ananias foi divinamente enviado a ele:
Então Ananias foi, entrou na casa, pôs as mãos sobre Saulo e disse: “Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que lhe apareceu no caminho por onde você vinha, enviou-me para que você volte a ver e seja cheio do Espírito Santo”. Imediatamente, algo como escamas caiu dos olhos de Saulo e ele passou a ver novamente. Levantando-se, foi batizado e, depois de comer, recuperou as forças (At. 9:17-18).
Não há dúvida que Saulo renasceu antes de Ananias chegar para orar por ele. Ele acreditou no Senhor Jesus quando estava na estrada para Damasco, e imediatamente obedeceu as instruções de seu novo Senhor. Adicionalmente, quando Ananias encontrou Saulo pela primeira vez, chamou-o de “irmão Saulo”. Note que Ananias disse a Saulo que havia ido para que Saulo voltasse a ver e para fosse cheio do Espírito Santo. Portanto, somente três dias após sua salvação, Saulo foi cheio ou batizado no Espírito Santo.
As Escrituras não registram o acontecimento real do batismo de Saulo no Espírito Santo, mas deve ter acontecido logo após a chegada de Ananias aonde Saulo estava. Com certeza, Saulo falou em línguas em algum ponto, porque disse mais tarde em 1 Coríntios 14:18: “Dou graças a Deus por falar em línguas mais do que todos vocês.”
Cesareia (Caesarea)
A quarta menção de crentes sendo batizados no Espírito Santo é encontrada em Atos 10. O apóstolo Pedro havia sido enviado para pregar o evangelho na Cesareia, à casa de Cornélio. Logo que Pedro revelou que a salvação é recebida através da fé em Jesus, toda sua audiência de gentios respondeu imediatamente, e o Espírito Santo desceu sobre todos eles:
Enquanto Pedro ainda estava falando estas palavras, o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a mensagem. Os judeus convertidos que vieram com Pedro ficaram admirados de que o dom do Espírito Santo fosse derramado até sobre os gentios, pois os ouviam falando em línguas e exaltando a Deus. A seguir Pedro disse: “Pode alguém negar a água, impedindo que estes sejam batizados? Eles receberam o Espírito Santo como nós!” Então ordenou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo (At. 10:44-48a).
Neste caso, parece que os membros da casa de Cornélio, que foram os primeiros gentios crentes em Jesus, renasceram e foram batizados no Espírito Santo simultaneamente.
Se examinarmos as passagens ao redor e estudarmos o contexto histórico, é óbvio o motivo de Deus não ter esperado que Pedro e seus companheiros colocassem as mãos sobre os crentes gentios para que recebessem o Espírito Santo. Pedro e os outros crentes judeus tinham grande dificuldade de acreditar que gentios pudessem ser salvos, muito mais receber o Espírito Santo! Provavelmente, nunca orariam para que a casa de Cornélio recebesse o batismo no Espírito Santo; portanto, Deus agiu soberanamente. Ele estava ensinando a Pedro e seus companheiros algo sobre Sua maravilhosa graça aos gentios.
O que convenceu Pedro e os outros crentes judeus que a casa de Cornélio havia realmente recebido o Espírito Santo? Lucas escreveu: “pois os ouviam falando em línguas e exaltando a Deus” (At. 10:46). Pedro declarou que os gentios tinham recebido o Espírito Santo assim como as cento e vinte pessoas no dia de Pentecoste (veja 10:47).
Éfeso (Ephesus)
A quinta menção de crentes sendo batizados no Espírito Santo é encontrada em Atos 19. Enquanto viajava por Éfeso, o apóstolo Paulo encontrou alguns discípulos e os fez a seguinte pergunta: “Vocês receberam o Espírito Santo quando creram?” (At. 19:2).
Paulo, o homem que escreveu a maioria das epístolas do Novo Testamento, acreditava claramente que é possível acreditar em Jesus e não receber o Espírito Santo, até certo ponto. Caso contrário, não teria feito tal pergunta.
Os homens disseram que nunca ouviram falar no Espírito Santo. Aliás, só haviam ouvido da vinda do Messias através de João Batista, que os batizou. Imediatamente, Paulo os batizou novamente em água e dessa vez, experimentaram o verdadeiro batismo cristão. Finalmente, Paulo pôs suas mãos sobre eles para que recebessem o Espírito Santo:
Ouvindo isso, eles foram batizados no nome do Senhor Jesus. Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram a falar em línguas e a profetizar. Eram ao todo uns doze homens (At. 19:5-7).
Novamente, é óbvio que o batismo no Espírito Santo foi subsequente à salvação, independente desses doze homens terem renascido ou não antes de encontrarem Paulo. Mais uma vez, o sinal que acompanhou seus batismos no Espírito Santo foi falar em línguas (e neste caso também, a profecia).
O Veredito (The Verdict)
Vamos rever os cinco exemplos. Em pelo menos quatro deles, o batismo no Espírito Santo foi uma experiência que ocorreu depois da salvação.
Em três deles, as Escrituras dizem claramente que os batizados falaram em línguas. Mais adiante, no encontro de Paulo com Ananias, sua experiência de ser batizado no Espírito Santo não foi descrita, mas sabemos que ele eventualmente falou em línguas. Esse representa o quarto caso.
No último caso, algo sobrenatural aconteceu quando os crentes de Samaria receberam o Espírito Santo porque Simão tentou comprar o poder de dá-lo aos outros.
Portanto, a evidência é bem clara. Na igreja primitiva, crentes renascidos recebiam uma segunda experiência com o Espírito Santo, e quando isso acontecia, falavam em outras línguas. Isso não deve nos surpreender, pois Jesus disse que aqueles que acreditassem nEle falariam em línguas.
Então temos evidência conclusiva que cada um que renasce, também deve experimentar outra obra do Espírito — aquela de ser batizado no Espírito Santo. Além do mais, cada crente deve ter a expectativa de falar em outras línguas quando receber o batismo no Espírito Santo.
Como Receber o Batismo no Espírito Santo (How to Receive the Baptism in the Holy Spirit)
Como todos os dons de Deus, o Espírito Santo é recebido pela fé (veja Gl. 3:5). Para ter fé para receber o Espírito Santo, um crente deve primeiramente ter convicção que é da vontade de Deus que ele seja batizado com o Espírito Santo. Se duvidar, não receberá (veja Tg. 1:6-7).
Nenhum crente tem bom motivo para crer que não seja da vontade de Deus que ele receba o Espírito Santo, pois Jesus disse claramente qual era a vontade de Deus:
Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir! (Lc. 11:13).
Essa promessa dos lábios de Jesus deve convencer cada filho de Deus que é da vontade dEle que ele ou ela receba o Espírito Santo.
Esse mesmo versículo também suporta a verdade que, ser batizado no Espírito Santo acontece depois da salvação, porque aqui, Jesus prometeu aos filhos de Deus (as únicas pessoas que têm Deus como “Pai celestial”) que Deus lhes daria o Espírito Santo se lhe pedissem. Obviamente, se a única experiência que alguém pudesse ter com o Espírito Santo era renascer no momento da salvação, a promessa de Jesus não faria sentido. Diferente de certos tipos de teólogos modernos, Jesus acredita que é muito apropriado que pessoas já salvas peçam a Deus pelo Espírito Santo.
De acordo com Jesus, existem duas condições que devem ser preenchidas para que alguém receba o Espírito Santo. Primeiro, ele deve ter Deus como Pai, o que acontece quando renasce. Segundo, dever pedir a Deus pelo Espírito Santo.
Receber o Espírito Santo através de mãos impostas, apesar de ser bíblico (veja At. 8:17; 19:6), não é absolutamente necessário. Qualquer cristão pode receber o Espírito sozinho em seu próprio lugar de oração. Ele precisa simplesmente pedir, receber pela fé e começar a falar em línguas enquanto o Espírito lhe dá capacitação.
Medos Comums (Common Fears)
Algumas pessoas têm medo de orar para receber o Espírito Santo, pois podem, ao invés, estar se abrindo a um espírito demoníaco. Contudo, não há fundação para tal preocupação. Jesus prometeu:
Qual pai, entre vocês, se o filho lhe pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra? Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está nos céus dará o Espírito Santo a quem o pedir! (Lc. 11:11-13).
Se pedirmos o Espírito Santo, Deus nos dará o Espírito Santo, e não devemos ter medo de receber qualquer outra coisa.
Alguns têm medo de, quando falarem em línguas, eles mesmos estarão inventando uma língua sem sentido, ao invés de uma língua sobrenatural dada pelo Espírito Santo. Entretanto, se tentar inventar uma língua convencível antes de ser batizado no Espírito Santo, verá que é impossível. Por outro lado, deve entender que se for falar em outras línguas terá que, conscientemente, usar seus lábios, língua e cordas vocais. O Espírito Santo não fala por você — Ele só lhe dá a capacitação. Ele é nosso ajudante, não nosso faz-tudo. Você deve falar, assim como a Bíblia ensina:
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava (At. 2:4, ênfase adicionada).
Quando Paulo lhes impôs as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e começaram [eles] a falar em línguas e a profetizar (At. 19:6, ênfase adicionada).
Depois de um crente pedir o dom do Espírito Santo, deve acreditar e esperar falar em línguas. Porque o Espírito Santo é recebido pela fé; o recebedor não deve esperar sensações físicas ou sentimentais. Ele deve simplesmente abrir sua boca e começar a falar os novos sons e sílabas que formarão a nova língua que o Espírito Santo lhe dará. A menos que o crente comece a falar pela fé, nada sairá de sua boca. Ele deve falar e o Espírito Santo o capacitará.
A Fonte da Capacitação (The Source of the Utterance)
De acordo com Paulo, quando um crente ora em línguas, não é sua mente que ora, mas sim seu espírito:
Pois, se oro em uma língua, meu espírito ora, mas a minha mente fica infrutífera. Então, que farei? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento (1 Co. 14:14-15).
Paulo disse que quando orava em uma língua, sua mente ficava infrutífera. Isso significa que sua mente não fazia nada, e ele não entendia o que estava orando. Então, ao invés de orar sempre em línguas sem entender o que dizia, Paulo também gastava tempo orando com sua mente em sua própria língua. Ele cantava em línguas e também em sua própria língua. Há lugar para os dois tipos de orações e canções e seríamos sábios se seguíssemos seu exemplo balanceado.
Note que para Paulo, falar em línguas estava sujeito a sua própria vontade, assim como falar em sua própria língua. Ele disse: “[Eu] Orarei com o espírito, mas também [eu] orarei com o entendimento.” Muitas vezes, críticos dizem que se falar em línguas modernas fosse realmente um dom do Espírito, ninguém seria capaz de controlá-lo, caso contrário, seria culpado de controlar a Deus. Mas tal ideia não tem fundamentação. Falar em línguas modernas e antigas está debaixo do controle do indivíduo, assim como Deus planejou. Críticos também podem dizer que pessoas que têm mãos realmente feitas por Deus não têm controle sobre elas, e que se tomarem decisões conscientes de usá-las, estão tentando controlar a Deus.
Uma vez que tenha sido batizado no Espírito Santo, pode provar a si mesmo que sua capacitação em línguas vem de seu espírito ao invés de sua mente. Primeiro, tente conversar com alguém ao mesmo tempo em que lê este livro. Verá que não pode fazer os dois ao mesmo tempo. Contudo, descobrirá que pode continuar falando em línguas enquanto lê este livro. A razão é que você não está usando sua mente para falar em línguas — essa expressão vem de seu espírito. Portanto, enquanto usa seu espírito para orar, pode usar sua mente para ler e entender.
Agora que é Batizado no Espírito Santo (Now That You Are Baptized in the Holy Spirit)
Mantenha em mente a razão principal de Deus ter lhe dado o batismo no Espírito Santo — para lhe dar poder com o propósito de ser Sua testemunha, por meio da manifestação do fruto e dos dons do Espírito (veja 1 Co. 12:4-11; Gl. 5:22-23). Vivendo uma vida como a de Cristo e demonstrando Seu amor, alegria e paz ao mundo, assim como manifestando dons sobrenaturais do Espírito, Deus o usará para levar outros a Ele. A habilidade de falar em línguas é somente um dos “rios de água viva” que deve fluir de seu ser mais profundo.
Lembre-se também que Deus nos deu o Espírito Santo para sermos capazes de alcançar todas as pessoas da terra com o evangelho (veja At. 1:8). Quando falamos em outras línguas, devemos pensar que a língua que estamos falando pode muito bem, ser a língua nativa de alguma tribo remota ou nação estrangeira. Cada vez que oramos em línguas, devemos lembrar que Deus quer que pessoas de todas as línguas ouçam sobre Jesus. Devemos perguntar ao Senhor como Ele quer que nos envolvamos para cumprir a Grande Comissão de Jesus.
Falar em línguas é algo que devemos fazer sempre que possível. Paulo, um poço de energia espiritual, escreveu: “Dou graças a Deus por falar em línguas mais do que todos vocês” (1 Co. 14:18). Ele escreveu essas palavras a uma igreja que falava muito em línguas (embora normalmente nas horas erradas). Portanto, Paulo deve ter falado muito em línguas para ter falado mais que eles. Orar em línguas nos ajuda a ficar conscientes do Espírito Santo que vive dentro de nós, e nos ajudará a “orar sem cessar” como Paulo ensinou em 1 Tessalonicenses 5:17.
Paulo também ensinou que falar em outras línguas edifica o crente (veja 1 Co. 14:4). Isso significa que nos forma espiritualmente. Orando em línguas, podemos, apesar de não entender completamente, fortalecer nosso homem interior. Falar em outras línguas deve fornecer enriquecimento diário na vida espiritual de cada crente e não ser uma experiência única do enchimento inicial do Espírito Santo.
Uma vez que foi batizado no Espírito Santo, eu o encorajo a gastar tempo todos os dias orando a Deus em sua nova língua. Isso realçará grandemente seu crescimento e vida espiritual.
Resposta a Algumas Perguntas Comuns (Answers to a Few Common Questions)
Podemos dizer com certeza que todos aqueles que nunca falaram em línguas nunca foram batizados no Espírito Santo? Pessoalmente, eu acho que não.
Sempre encorajei pessoas a esperar falar em línguas quando orava por elas para que fossem batizadas no Espírito Santo, e provavelmente 95% delas falaram após alguns segundos de minha oração. Isso somaria milhares de pessoas durante todos esses anos.
Contudo, nunca diria que um crente que orou para ser batizado no Espírito e que não falou em línguas não é batizado no Espírito Santo, porque o batismo no Espírito é recebido pela fé e falar em línguas é voluntário. Contudo, se tiver a oportunidade de compartilhar com um crente que orou para ser batizado no Espírito, mas que nunca falou em línguas, primeiramente mostraria a ele todas as passagens no livro de Atos sobre o assunto. Então, também mostraria a esse crente como Paulo escreveu que tinha controle de quando falava ou não em línguas. Como Paulo, posso falar em línguas sempre que quiser e, portanto, posso decidir, se desejasse, nunca falar em línguas novamente. Deste modo, posso ter sido batizado no Espírito Santo e nunca ter falado em línguas pelo fato de não cooperar com a capacitação do Espírito.
Então, novamente, quando tenho a oportunidade de compartilhar com um cristão que orou com fé pelo batismo no Espírito Santo, mas que nunca orou em línguas, não o digo (nem acredito) que não tenha sido batizado no Espírito Santo. Eu simplesmente explico a ele que falar em línguas não é algo que o Espírito Santo faz sem nossa vontade. Eu explico que Ele nos capacita, mas que nós devemos falar, assim como falamos em nossa própria língua. Então encorajo aquela pessoa a cooperar com o Espírito Santo e começar a falar em línguas. Quase sem exceção, todas elas falam rápidamente.
Paulo não Escreveu que nem Todos falam em Línguas? (Didn’t Paul Write that Not All Speak with Tongues?)
A pergunta retórica de Paulo, “Falam todos em línguas?” (1 Co. 12:30), cuja resposta é óbvia: “Não”, deve ser harmonizada com o resto do Novo Testamento. Sua pergunta é encontrada dentro do contexto de suas instruções sobre os dons espirituais, que são todos manifestados somente quando o Espírito deseja (veja 1 Co. 12:11). Paulo estava escrevendo especificamente sobre o dom espiritual da “variedade de línguas” (1 Co. 12:10) que, de acordo com Paulo, deve sempre ser acompanhado do dom espiritual da interpretação de línguas. Esse dom em particular não pode ser o que os coríntios estavam sempre manifestando em sua igreja, já que estavam falando em línguas publicamente sem haver interpretação. Devemos perguntar: Por que em uma assembleia pública o Espírito Santo daria o dom de línguas a alguém sem dar a outrém o dom da interpretação? A resposta é que Ele não daria. Caso contrário, o Espírito Santo estaria promovendo algo que não é da vontade de Deus.
Os coríntios devem ter orado em línguas em voz alta durante seus cultos, sem haver interpretação alguma. Portanto, aprendemos que falar em línguas tem dois usos diferentes. Um é orar em línguas, o que Paulo disse que deveria ser feito em particular. Esse uso de falar em línguas não é acompanhado de interpretação, como Paulo escreveu: “Meu espírito ora, mas a minha mente fica infrutífera” (1 Co. 14:14). Obviamente, Paulo nem sempre sabia o que estava falando quando falava em línguas. Não havia entendimento de sua parte; nem interpretação.
Há também o uso de falar em línguas que é para a assembleia pública da igreja, que é sempre acompanhado do dom de interpretação de línguas. Uma pessoa fala publicamente e uma interpretação é dada. Contudo, Deus não usa a todos dessa maneira. É por isso que Paulo disse que nem todos falam em línguas. Nem todos são usados por Deus com o dom de línguas de modo repentino e espontâneo, assim como Deus não usa a todos com o dom de interpretação de línguas. Esse é o único modo de reconciliar a pergunta retórica de Paulo, “Falam todos em línguas?”, com o resto do que as Escrituras ensinam.
Eu posso falar em línguas sempre que quiser, assim como Paulo podia. Então, obviamente, nem Paulo nem eu diria que falamos em línguas “somente quando o Espírito deseja”. Acontece quando nós queremos. Então, o que fazemos quando nós queremos não pode ser o dom de falar em línguas que ocorre “quando o Espírito deseja”. Além do mais, Paulo, assim como eu, falava em línguas reservadamente sem entender o que falava; então, isso não pode ser o dom de línguas sobre o qual falou em 1 Coríntios, quando disse que seria sempre acompanhado do dom da interpretação de línguas.
Houve raras ocasiões em que falei em línguas em assembleias públicas. Isso só aconteceu quando senti o Espírito Santo mover em mim para que assim o fizesse, mesmo que pudesse (assim como os coríntios estavam fazendo) orar em línguas em voz alta a qualquer hora que desejasse na igreja sem haver interpretação. Sempre que senti o Espírito Santo mover em mim com tal dom, houve uma interpretação que edificou o corpo.
Concluindo, devemos interpretar a Bíblia harmoniosamente. Aqueles que acham, por causa da pergunta retórica de Paulo encontrada em 1 Coríntios 12:30, que nem todos os crentes devem falar em outras línguas, estão ignorando as muitas outras passagens que estão em harmonia com essa interpretação. E por causa de seus erros, perdem uma grande bênção do Senhor.