Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam (Hb. 11:6).
Como crentes, nossa fé é construída sobre o fundamento de que Deus existe, e que trata os que O buscam de forma diferente dos que não O buscam. Desde que realmente acreditemos nessas duas coisas, começamos a agradar a Deus, pois começamos a buscá-Lo imediatamente. Buscar a Deus implica (1) aprender a Sua vontade, (2) obedecer a Ele e (3) crer em Suas promessas. Todos os três devem ser componentes de nossa caminhada diária.
Esse capítulo focaliza nossa caminhada de fé. Infelizmente, muitos têm enfatizado a fé com pontos extremos não-bíblicos, focando em particular a área da prosperidade material. Por esse motivo, alguns têm receio de abordar o assunto. Mas o fato de alguém se afogar no rio não é motivo para pararmos de beber água. Podemos continuar balanceados e bíblicos. A Bíblia tem muito a ensinar sobre o assunto e Deus quer que exercitemos nossa fé em Suas muitas promessas.
Jesus deixou o exemplo de sua fé em Deus e esperou que Seus discípulos seguissem Seu exemplo. Da mesma forma, o ministro discipulador se esforça para deixar o exemplo de confiança em Deus e ensina seus discípulos a crerem nas promessas de Deus. Isto é de vital importância. Sem fé, não somente é impossível agradar a Deus, como também é impossível receber respostas de oração (veja Mt. 21:22; Tg. 1:5-8). As Escrituras ensinam claramente que os que duvidam estão destituídos das bênçãos que os salvos recebem. Jesus disse: “Tudo é possível àquele que crê” (Mc. 9:23).
Definição de Fé (Faith Defined)
A definição bíblica de fé é encontrada em Hebreus 11:1:
Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.
Dessa definição, aprendemos várias características de fé. Primeiro, alguém que tem fé tem certeza, ou confiança. Isso é diferente de esperança, porque a fé é “a certeza daquilo que esperamos”. Esperança sempre deixa espaço para dúvida. A esperança sempre diz “talvez”. Por exemplo, posso dizer: “Espero que chova hoje para que meu jardim seja regado”. Eu desejo a chuva, mas não tenho certeza de que choverá. Por outro lado, a fé é sempre certa, “a certeza daquilo que esperamos”.
Muitas vezes, o que as pessoas chamam fé ou crença, não é fé pela definição bíblica. Elas podem olhar para as nuvens escuras no céu, por exemplo, e dizer: “Acredito que choverá”. Contudo, não estão certas de que irá chover — elas acham que há uma boa possibilildade que possa chover. Isso não é fé bíblica. Nela não há dúvida. Ela não deixa espaço para qualquer outro resultado a não ser o que Deus prometeu.
Fé é a Certeza das Coisas que não Vemos (Faith is the Conviction of Things Not Seen)
A definição encontrada em Hebreus 11:1 também diz que fé é “a certeza…das coisas que não vemos”. Portanto, se podemos ver ou perceber algo com um de nossos cinco sentidos físicos, a fé não é necessária.
Suponha que alguém lhe dissesse agora: “Por algum motivo que não posso explicar, tenho fé que há um livro em suas mãos”. É claro que você acharia que há algo errado com essa pessoa. Você diria: “Ora, você não precisa crer que tenho um livro em minhas mãos, pois pode ver que estou segurando um livro”.
A fé pertence ao reino invisível. Por exemplo, enquanto estou escrevendo estas palavras, acredito que há um anjo ao meu lado. Na verdade, tenho certeza disso. Como posso ter tanta certeza?Eu vi um anjo?Não. Eu o ouvi ou senti voando por perto?Não. Se tivesse, visto, ouvido ou sentido um, não teria que acreditar que há um anjo ao meu lado — eu saberia.
Então, o que me dá tanta certeza da presença de um anjo?Minha certeza vem de uma das promessas de Deus. Em Salmos 34:7, Ele prometeu: “O anjo do Senhor é sentinela ao redor daqueles que o temem, e os livra”. Não tenho prova, além da Palavra de Deus, para o que creio. Essa é a verdadeira fé bíblica — a “certeza…das coisas que não vemos”. Muitas vezes, as pessoas do mundo usam a expressão: “Ver é crer”. Mas no reino de Deus, a verdade é o oposto: “Crer é ver”.
Quando exercitamos fé em uma das promessas de Deus, às vezes encontramos circunstâncias que nos tentam a duvidar, ou passamos por um tempo em que parece que Deus não está mantendo Sua promessa, pois nossas circunstâncias não estão mudando. Nesses casos, precisamos simplesmente resistir às dúvidas, perseverar na fé e continuar convencidos em nossos corações de que Deus sempre cumpre Sua palavra; é impossível que Ele minta (veja Tt. 1:2).
Como Obtemos Fé?(How Do We Acquire Faith?)
Porque a fé é baseada somente nas promessas de Deus, só existe uma fonte de fé bíblica — a Palavra de Deus. Romanos 10:17 diz: “a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo” (Rm. 10:17, ênfase adicionada). A Palavra de Deus revela Sua vontade. Somente quando conhecemos a vontade de Deus podemos crêr nela.
Portanto, se quiser ter fé, você deve ouvir (ou ler) as promessas de Deus. Fé não vem atravez da oração, jejum ou imposição de mãos sobre você. Ela só vem pelo ouvir da Palavra de Deus, e uma vez que a tiver ouvido, deve fazer a decisão de crêr nela.
Além da aquisição de fé, nossa fé também pode crescer. A Bíblia menciona vários tipos de fé — desde a pequena até a que move montanhas. A fé cresce à medida que é alimentada e exercitada, assim como um músculo humano. Devemos continuar a alimentar nossa fé meditando na Palavra de Deus. Isso inclui aquelas vezes que temos problemas e preocupações. Deus não quer que Seus filhos se preocupem sobre coisa alguma, mas que confiem nEle em todas as situações (veja Mt. 6:25-34, Fp. 4:6-8; 1 Pd. 5:7). Recusarmos a nos preocuparmos é somente uma das maneiras de exercitarmos nossa fé.
Se realmente cremos no que Deus disse, falaremos e agiremos como se fosse verdade. Se você acredita que Jesus é o Filho de Deus, irá falar e agir como alguém que crê nisso. Se você acredita que Deus suprirá todas as suas necessidades, falará e agirá de acordo. Se acredita que Deus quer que você seja saudável, falará e agirá nos conformes. A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que, em meio a circunstâncias adversas, agiram na fé em Deus e receberam milagres como resultado. Consideraremos alguns mais tarde nesse capítulo e em outro sobre cura divina. (Para alguns outros bons exemplos, veja 2 Rs. 4:1-7; Mc. 5:25-36; Lc. 19:1-10 e At. 14:7-10).
A Fé é do Coração (Faith is of the Heart)
A fé bíblica não opera em nossas mentes, mas em nossos corações. Paulo escreveu: “Pois com o coração se crê” (Rm. 10:10a). Jesus disse:
Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: “Levante-se e atire-se ao mar”, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito (Mc. 11:23, ênfase adicionada).
É bem possível ter dúvidas em sua mente, mas ter fé em seu coração e receber o que Deus prometeu. Na verdade, a maioria das vezes que nos esforçamos para crer nas promessas de Deus, nossas mentes, influenciadas por nossos sentidos físicos e pelas mentiras de Satanás, serão atacadas com dúvidas. Durante esses tempos, devemos substituir os pensamentos duvidosos pelas promessas de Deus e nos apegarmos a fé sem exitação.
Erros Comuns da Fé (Common Faith Mistakes)
Às vezes, quando tentamos exercitar nossa fé em Deus, não recebemos o que desejamos porque não estamos agindo de acordo com a Palavra de Deus. Um dos erros mais comuns ocorre quando tentamos crer em algo que Deus não nos prometeu.
Por exemplo, é bíblico que casais creiam em Deus para ter filhos, pois a Palavra de Deus contém uma promessa em que podem permanecer. Conheço casais que ouviram de médicos que nunca poderiam ter filhos. Contudo, escolheram acreditar em Deus, permanecendo nas duas promessas listadas abaixo, e hoje, são pais de crianças saudáveis:
Prestem culto ao Senhor, o Deus de vocês, e ele os abençoará, dando-lhes alimento e água. Tirarei a doença do meio de vocês. Em sua terra nenhuma grávida perderá o filho, nem haverá mulher estéril. Farei completar-se o tempo de duração da vida de vocês (Ex. 23:25-26).
Vocês serão mais abençoados do que qualquer outro povo! Nenhum dos seus homens ou mulheres será estéril, nem mesmo os animais do seu rebanho (Dt. 7:14).
Essas promessas devem incentivar casais sem filhos! Contudo, tentar crer especificamente em um menino ou menina é outra história. Não há promessas específicas na Bíblia que dizem que podemos escolher o sexo de nossos futuros filhos. Devemos permanecer dentro dos limites das Escrituras para que nossa fé tenha efeito. Só podemos confiar em Deus para o que Ele nos prometeu.
Vamos considerar uma promessa da Palavra de Deus e determinar o que podemos acreditar baseando-nos nessa promessa:
Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro (1 Ts. 4:16).
Baseando-nos nessa passagem, podemos crer com toda a certeza que Jesus voltará.
Contudo, podemos orar crendo que Jesus voltará amanhã?Não, porque nem essa, nem qualquer outra passagem nos promete isso. Aliás, Jesus disse que ninguém sabe o dia ou a hora de Sua volta.
Podemos orar, é claro, esperando que Jesus volte amanhã, mas não teríamos a garantia de que isso aconteceria. Quando oramos com fé, temos certeza de que, o que estamos orando, vai acontecer, pois temos a promessa de Deus.
Baseados nessa mesma passagem, podemos crer que os corpos dos crentes que morreram serão ressuscitados na volta de Jesus. Mas será que podemos ter fé de que os que estiverem vivos na volta de Cristo receberão corpos ressurretos na mesma hora ou talvez ainda antes que “os mortos em Cristo”?Não, porque as Escrituras nos prometem o contrário: Os “mortos em Cristo ressuscitarão primeiro”. Aliás, o próximo versículo diz: “Depois, nós os que estivemos vivos seremos arrebatados com eles nas nuvens (1 Ts. 4:17). Portanto, não há possibilidade de que os “mortos em Cristo” não sejam os primeiros a receber corpos ressurretos quando Jesus voltar. É isso que a Palavra de Deus promete.
Se formos confiar em Deus para algo, devemos ter certeza que é a vontade dEle que recebamos o que desejamos. A vontade de Deus só pode ser determinada com segurança examinando Suas promessas registradas na Bíblia.
A fé funciona da mesma maneira no reino natural. Seria tolice sua acreditar que eu te visitaria amanhã ao meio-dia a não ser que eu lhe prometesse estar lá a essa hora.
Fé, sem promessa em que se firmar, não é fé — é tolice. Então, antes de pedir a Deus por qualquer coisa, faça a si mesmo a seguinte pergunta — que passagem da Bíblia me promete o que quero?A menos que tenha uma promessa, você não tem base para sua fé.
Um Segundo Erro Comum (A Second Common Mistake)
Muitas vezes, cristãos esperam que uma das promessas de Deus aconteça em suas vidas sem que preencham todos os requisitos que acompanham a promessa. Por exemplo, já ouvi cristãos citarem Salmo 37 e dizer: “A Bíblia diz que Deus me dará os desejos do meu coração. É nisso que creio”.
Contudo, a Bíblia não diz apenas que Deus nos dará os desejos de nossos corações. Na verdade, é isso o que ela diz:
Não se aborreça por causa dos homens maus e não tenha inveja dos perversos; pois como o capim logo secarão, como a relva verde logo murcharão. Confie no Senhor e faça o bem; assim você habitará na terra e desfrutará segurança. Deleite-se no Senhor, e ele atenderá aos desejos do seu coração. Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá (Sl. 37:1-5).
Existem várias condições para crermos que Deus nos dará os desejos dos nossos corações. Contei pelo menos oito na promessa acima. A menos que preenchamos os requisitos, não temos direito de receber a bênção prometida. Nossa fé não tem base.
Cristãos também gostam de citar a promessa encontrada em Filipenses 4:19: “O meu Deus suprirá todas as necessidades de vocês, de acordo com as suas gloriosas riquezas em Cristo Jesus”. Contudo, existem requisitos a essa promessa?Com certeza, sim.
Se examinar o contexto da promessa encontrada em Filipenses 4:19, verá que não é uma promessa a todos os cristãos, mas aos cristãos doadores. Paulo sabia que Deus supriria todas as necessidades dos filipenses porque eles tinham enviado uma oferta a ele. Por estarem buscando em primeiro lugar o reino de Deus, como Jesus mandou, Deus supriria todas as suas necessidades, como Jesus prometeu (veja Mt. 6:33). Muitas das promessas na Bíblia que são relacionadas a Deus suprir nossas necessidades materias tem a condição de sermos doadores.
Não temos o direito de pensar que podemos confiar em Deus para suprir nossas necessidades se não estamos obedecendo aos Seus mandamentos a respeito de dinheiro. Debaixo da velha aliança, Deus disse ao Seu povo que foram amaldiçoados por não estarem dizimando, mas prometeu abençoá-los se entregassem os dízimos e dessem ofertas obedientemente.
Muitas das bênçãos prometidas a nós na Bíblia estão condicionadas a nossa obediência a Deus. Portanto, antes de nos esforçarmos para acreditar que Deus nos dará alguma bênção, devemos primeiro perguntar a nós mesmo: “Estou preenchendo todos os requisitos que acompanham essa promessa?”
Um Terceiro Erro Comum (A Third Common Mistake)
No Novo Testamento, Jesus deixou uma condição que se aplica a todas as vezes que orarmos e pedirmos por algo:
Tenham fé em Deus. Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: “Levante-se e atire-se ao mar”, e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito. Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá (Mc. 11:22-24, ênfase adicionada).
A condição que Jesus deixou é acreditar que recebemos quando oramos. Muitos cristãos tentam exercitar a fé erroneamente, crendo que estão recebendo quando veem a resposta de suas orações. Eles acreditam que vão receber e não que já receberam.
Quando pedimos a Deus por algo que nos prometeu, devemos crer que recebemos a resposta quando oramos e começar a agradecer a Deus pela resposta imediatamente. Devemos crer que temos a resposta antes de vê-la e não depois. Devemos fazer nossos pedidos a Deus com ação de graças, como Paulo escreveu:
Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus (Fp. 4:6).
Como já disse antes, se temos fé em nossos corações, naturalmente, nossas palavras e ações corresponderão com o que acreditamos. Jesus disse: “a boca fala do que está cheio o coração” (Mt. 12:34).
Alguns cristãos cometem o erro de pedir repetidamente pela mesma coisa, o que revela que ainda não creram que já receberam. Se cremos que recebemos quando oramos, não há razão de repetirmos o mesmo pedido. Pedir repetidamente pela mesma coisa é duvidar que Deus nos ouviu na primeira vez que pedimos.
Jesus não Fez o Mesmo Pedido Mais de Uma Vez?(Didn’t Jesus Make the Same Request More Than Once?)
É claro, Jesus fez o mesmo pedido três vezes em seguida quando orou no jardim do Getsêmani (veja Mt. 26:39-44). Mas lembre-se de que ele não estava orando em fé de acordo com a vontade revelada de Deus. Na verdade, enquanto orava três vezes por algum escape da cruz, Ele sabia que Seu pedido era contrário à vontade de Deus. É por isso que se submeteu à vontade de Seu Pai três vezes na mesma oração.
Essa mesma oração de Jesus é muitas vezes usada de forma errada como modelo para todas as orações, como alguns ensinam que sempre devemos terminar nossas orações com as palavras: “Seja feita a Tua vontade” ou “Contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres”, seguindo o exemplo de Jesus.
Novamente, devemos nos lembrar que Jesus estava pedindo algo que sabia não ser a vontade de Deus. Seguir Seu exemplo, quando oramos de acordo com a vontade de Deus, seria um erro e uma mostra de falta de fé. Por exemplo, orar: “Senhor, eu confesso meu pecado a Ti e lhe peço que me perdoes se for da Tua vontade”, seria inferir que pode não ser a vontade de Deus perdoar meu pecado. Sabemos, é claro, que a Bíblia promete que Deus nos perdoará se confessarmos nossos pecados (veja 1 Jo. 1:9). Portanto, tal oração revelaria a falta de fé na vontade revelada de Deus.
Jesus não terminou todas as Suas orações com as palavras: “Contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres”. Só há um exemplo em que ora dessa maneira, e foi quando orava para se entregar à vontade de Seu Pai, conhecendo o sofrimento que passaria por causa disso.
Por outro lado, se não conhecemos a vontade de Deus a respeito de certa situação, por Ele ainda não ter revelado, então, é apropriado terminar nossas orações com as palavras “se for da Tua vontade”. Tiago escreveu:
Ouçam agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã iremos para esta ou aquela cidade, passaremos um ano ali, faremos negócios e ganharemos dinheiro”. Vocês nem sabem o que lhes acontecera amanhã! Que é a sua vida?Vocês são como a neblina que aparece por um pouco de tempo e depois se dissipa. Ao invés disso, deveriam dizer: “Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo”. Agora, porém, vocês se vangloriam das suas pretensões. Toda vanglória como essa é maligna (Tg. 4:13-16).
O que devemos fazer, uma vez que pedimos baseando-nos em uma promessa de Deus e preenchemos todas as qualificações?Devemos agradecer a Deus continuamente pela resposta que cremos já tê-la recebido, até que possamos vê-la. É atraves de fé e paciência que herdamos as promessas de Deus (Hb. 6:12). Com certeza, Satanás tentará nos derrotar colocando dúvidas em nossas mentes, e devemos perceber que nossas mentes são o campo de batalha. Quando pensamentos duvidosos invadem nossas mentes, devemos substituí-los por pensamentos baseados nas promessas de Deus e declarar a Palavra de Deus em fé. Quando assim o fizermos, Satanás fugirá (veja Tg. 4:7; 1 Pd. 5:8-9).
Um Exemplo de Fé em Ação (An Example of Faith in Action)
Um dos exemplos bíblicos clássicos de fé em ação é a história de Pedro andando sobre as águas. Vamos ler sua história e ver o que podemos aprender com ela.
Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia a multidão. Tendo despedido a multidão, subiu sozinho a um monte para orar. Ao anoitecer, ele estava ali sozinho, mas o barco já estava a considerável distância da terra, fustigado pelas ondas, porque o vento soprava contra ele. Alta madrugada, Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar. Quando o viram andando sobre o mar, ficaram aterrorizados e disseram: “É um fantasma!” E gritaram de medo. Mas Jesus imediatamente lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenham medo!” “Senhor”, disse Pedro, “se és tu, manda-me ir ao teu encontro por sobre as águas”. “Venha”, respondeu ele. Então Pedro saiu do barco, andou sobre as águas e foi na direção de Jesus. Mas, quando reparou no vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” Imediatamente Jesus estendeu a mão e o segurou. E disse: “Homem de pequena fé, por que você duvidou?” Quando entraram no barco, o vento cessou. Então os que estavam no barco o adoraram, dizendo: “Verdadeiramente tu és o Filho de Deus” (Mt. 14:22-33).
É significante o fato que os discípulos de Jesus tinham estado em outra tempestade violenta em um barco no Mar da Galileia algum tempo antes (veja Mt. 8:23-27). Durante esse incidente, Jesus estava com eles e depois de ter repreendido a tempestade, repreendeu Seus discípulos pela falta de fé deles. Antes de começarem aquela jornada, Ele lhes disse que era a Sua vontade que fossem para o outro lado do lago (veja Mt. 14:35). Contudo, quando a tempestade começou eles foram mais influenciados pelas circunstâncias e chegaram a acreditar que iriam morrer. Jesus esperava que pelo menos não tivessem medo.
Contudo, dessa vez Jesus mandou que atravessassem o Mar da Galileia sozinhos. Com certeza, Ele foi levado pelo Espírito a fazer isso, e certamente, Deus sabia que um vento contrário surgiria à noite. Portanto, o Senhor permitiu que a fé deles enfrentasse um pequeno desafio.
Por causa daqueles ventos contrários, o que normalmente levaria somente algumas horas levou a noite inteira. Temos que dar crédito aos discípulos por sua persistência, mas não podemos deixar de nos perguntar se algum deles tentou ter fé de que os ventos se acalmariam, algo que tinham visto Jesus fazer apenas alguns dias atrás.
É interessante que o evangelho de Marcos registra que quando Jesus andava sobre as águas, “estava já a ponto de passar por eles” (Mc. 6:48). Ele ia deixá-los para enfrentar o problema sozinhos, enquanto caminhava por eles! Isso parece indicar que não estavam orando ou olhando para Deus. Pergunto-me quantas vezes o Fazedor de Milagres passa por nós enquanto nos esforçamos com os remos da vida contra os ventos dos problemas.
Princípios de Fé (Principles of Faith)
Jesus respondeu ao desafio de Pedro com uma única palavra: “Venha”. Se Pedro tivesse tentado andar na água antes dessa palavra, teria afundado instantaneamente, já que não teria promessa em que basear sua fé. Ele teria pisado por presunção ao invés de por fé. Mesmo depois de Jesus ter dito aquela palavra, se qualquer um dos outros discípulos tivesse tentado andar na água, também teria afundado instantaneamente, já que Jesus deu Sua promessa somente a Pedro. Nenhum deles poderia ter preenchido os requisitos da promessa, já que nenhum era Pedro. Da mesma forma, antes de qualquer de nós tentar confiar em uma das promessas de Deus, devemos ter certeza de que ela se aplica a nós e que preenchemos os requisitos da promessa.
Pedro pisou na água. Essa foi a hora em que confiou, mesmo que não haja dúvidas de que ele, que estava gritanto de medo de um fantasma alguns segundo antes, também tinha dúvidas quando tomou o primeiro passo. Mas para receber o milagre, teve que agir em fé. Se tivesse se segurado no mastro do barco e colocado o dedão para fora do barco para ver se a água suportaria seu peso, nunca teria experimentado o milagre. Da mesma forma, antes de recebermos milagres, devemos nos comprometer em confiar na promessa de Deus e então agir no que acreditamos. Sempre há uma hora em que nossa fé é testada. Às vezes, esse tempo é curto; às vezes não. Mas haverá um período de tempo que teremos de negligenciar nossos sentidos e agir pela Palavra de Deus.
Pedro iniciou bem. Mas quando considerou a impossibilidade do que estava fazendo, levando em conta o vento e as ondas, teve medo. Talvez tenha parado de andar, com medo de dar o outro passo. E ele, que estava experimentando um milagre, se encontrou afundando. Devemos continuar em fé uma vez que começamos agindo em fé. Continue persistindo.
Pedro afundou porque duvidou. Normalmente, as pessoas não gostam de se culpar por sua falta de fé. Preferem passar a culpa para Deus. Mas como você acha que Jesus teria reagido se ouvisse Pedro dizendo aos outros discípulos, uma vez que estava a salvo no barco: “Era a vontade de Deus que eu só andasse parte do caminho até Jesus”?
Pedro fracassou porque teve medo e perdeu a fé. São esses os fatos. Jesus não o condenou, mas esticou a mão imediatamente para que Pedro tivesse algo firme em que se apegar. E em seguida questionou Pedro por ter duvidado. Ele não teve razão para duvidar, porque a palavra do Filho de Deus é mais certa do que qualquer coisa. Nenhum de nós tem bons motivos para duvidar da Palavra de Deus, ter medo ou se preocupar.
As Escrituras estão cheias de vitórias que foram resultado de fé, e fracassos que foram resultado de dúvidas. Josué e Calebe tomaram posse da terra prometida por causa de sua fé, quando a maioria de seus colegas morreu no deserto por causa de suas dúvidas (veja Nm. 14:26-30). Os discípulos de Jesus tiveram suas necessidades supridas quando viajaram de dois em dois para pregar o evangelho (veja Lc. 22:35), mas uma vez não conseguiram expulsar um demônio porque duvidaram (veja Mt. 17:19-20). Muitos receberam milagres debaixo no ministério de Cristo, enquanto a maioria dos doentes de Sua cidade natal, Nazaré, continuaram doentes por causa de sua descrença (veja Mc. 6:5-6).
Como todos eles, já experimentei sucessos e fracassos de acordo com minha fé ou dúvidas. Mas não vou ficar chateado por causa de minhas dúvidas ou culpar a Deus. Não vou me justificar culpando a Ele. Não procurarei um explicação teológica complicada que reinventa a vontade revelada de Deus. Sei que é impossível que Deus minta. Então, quando fracassei, simplesmente me arrependi de minha descrença e comecei a andar na água mais uma vez. Notei que Jesus sempre me perdoa e me salva do afogamento!
O veredito foi selado: crentes são abençoados; os duvidosos não! O ministro discipulador segue o exemplo de Jesus. Ele está cheio de fé e adverte seus discípulos: “Tenham fé em Deus” (Mc. 11:22).