Mesmo sendo esse assunto um tanto polêmico, com certeza não é obscuro às Escrituras. Na verdade, um décimo de tudo o que foi escrito nos quatro evangelhos é a respeito do ministério de cura de Jesus. Há promessas de cura divina no Velho Testamento, nos evangelhos e nas epístolas do Novo Testamento. Aqueles que estão doentes podem encontrar encorajamento em uma variedade de passagens construtoras de fé.
Minha observação geral ao redor do mundo tem sido que onde igrejas são cheias de crentes altamente comprometidos (verdadeiros discípulos), a cura divina é bem mais comum. Onde a igreja é morna e sofisticada, a cura divina ocorre com raridade. [1] Tudo isso não deve nos surpreender, já que Jesus disse que um dos sinais que seguirá futuros crentes é que colocarão as mãos sobre os doentes e eles serão curados (veja Mc. 16:18). Se fôssemos julgar igrejas pelos sinais que Jesus declarou que seguiriam os cristãos, teríamos que concluir que muitas igrejas consistem de descrentes:
E disse-lhes [Jesus]: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados” (Mc. 16:15-18).
O ministro discipulador, imitando o ministério perfeito de Cristo, certamente usará seus dons para promover o ministério de cura divina dentro de sua esfera de influência. Ele sabe que cura divina aumenta o Reino de Deus em pelo menos duas formas: primeiro, curas milagrosas são uma boa propaganda ao evangelho, já que qualquer criança que lesse os evangelhos ou o livro de Atos entenderia (mas que muitos ministros com cursos superiores não conseguem compreender). Segundo, discípulos saudáveis não são impedidos de trabalhar no ministério por suas doenças.
O discipulador também precisa ser sensível aos membros do corpo de Cristo que desejam cura, mas que têm dificuldade de recebê-la. Muitas vezes precisam de instruções mais cuidadosas e encorajamento gentil, especialmente se ficaram adversos a qualquer mensagem de cura. O discipulador se depara com uma escolha: pode evitar ensinar sobre o assunto de cura divina, e no caso ninguém ficará ofendido nem será curado, ou pode amorosamente ensinar sobre o assunto e arriscar ofender alguns enquanto ajuda outros a experimentar a cura. Pessoalmente, eu escolhi a segunda opção, crendo que segue o exemplo de Jesus.
Cura na Cruz (Healing on the Cross)
Um bom lugar para começar o estudo de cura divina é o quinquagésimo terceiro capítulo de Isaías, universalmente considerado uma promessa messiânica. Através do Espírito Santo, Isaías descreveu com detalhes a morte de sacrificial de Jesus e o trabalho que realizaria na cruz:
Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças; contudo nós o consideramos castigado por Deus, por Deus atingido e afligido. Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; e o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos (Is. 53:4-6).
Pela inspiração do Espírito Santo, Isaías declarou que Jesus levou nossas enfermidades e doenças. Uma melhor tradução do grego original indica que Jesus carregou nossas doenças e dores, como muitas traduções confiáveis indicam em suas notas referenciais.
A palavra hebraica traduzida por enfermidades em Isaías 53:4 é a palavra choli, que também é encontrada em Deuteronômio 7:15; 28:61; 1 Reis 17:17; 2 Reis 1:2; 8:8, e 2 Crônicas 16:12; 21:25. Em todos estes casos ela é traduzida como doença ou enfermidade.
A palavra traduzida doenças é a palavra hebraica makob, que pode ser encontrada em Jó 14:22 e Jó 33:19. Em ambos os casos ela é traduzida como dor.
Tudo isso sendo verdade, Isaías 53:4 é melhor traduzido assim: “Certamente ele tomou sobre si as nossas doenças e sobre si levou as nossas dores”. Este fato é confirmado pela citação direta de Mateus a Isaías 53:4 em seu evangelho: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças” (Mt. 8:17).
Incapaz de escapar destes fatos, alguns tentam nos convencer de que Isaías estava se referindo as nossas supostas “doenças espirituais” e “enfermidades espirituais”. Contudo, a citação de Mateus a Isaías 53:4 não deixa dúvida de que Isaías estava se referindo ao sentido literal físico de doenças e enfermidades. Vamos lê-la dentro do contexto:
Ao anoitecer foram trazidos a ele muitos endemoninhados, ele expulsou os espíritos com uma palavra e curou todos os doentes. E assim se cumpriu o que fora dito pelo profeta Isaías: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças” (Mt. 8:16-17, ênfase adicionada).
Mateus disse claramente que as curas físicas executadas por Jesus eram um cumprimento de Isaías 53:4. Portanto, não há dúvida de que Isaías 53:4 é uma referência a Cristo levar nossas enfermidades físicas e doenças. [2] Assim como as Escrituras dizem que Jesus levou nossas iniquidades (veja Is. 53:11), também dizem que Ele levou nossas enfermidades e doenças. Estas são notícias que devem fazer qualquer pessoa doente feliz! Através de Seu sacrifício expiado, Jesus providenciou nossa salvação e cura.
Uma Pergunta Feita (A Question Asked)
Mas se isso for verdade, alguns perguntam, então por que não somos todos curados? Esta pergunta é melhor respondida fazendo-se outra pergunta: Por que nem todas as pessoas nascem de novo? Nem todos renascem porque ou não ouviram o evangelho ou não creram nele. Da mesma forma, cada indivíduo deve tomar posse de sua cura através de sua própria fé. Muitos ainda não ouviram a maravilhosa verdade que Jesus levou suas enfermidades; outros ouviram, mas rejeitaram.
A atitude de Deus Pai para com doenças tem sido claramente revelada pelo ministério de Seu Filho amado, que testificou a respeito dEle:
Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz (Jo. 5:19).
Lemos no livro de Hebreus que Jesus era “a expressão exata do seu [Pai] ser” (Hb. 1:3). Não há dúvida de que a atitude de Jesus para com enfermidades era idêntica a de Seu pai.
Qual era a atitude de Jesus? Nem uma vez Ele mandou qualquer pessoa embora, que foi a Ele pedindo cura. Nem uma vez Ele disse a uma pessoa doente que desejava ser curada: “Não, não é da vontade de Deus que você seja curada; portanto, deverá continuar doente”. Jesus sempre curou os doentes que iam a Ele, e uma vez que eram curados, muitas vezes dizia a eles que a sua fé os curou. Mais adiante, a Bíblia declara que Deus nunca muda (veja Ml. 3:6) e que “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre” (Hb. 13:8).
A Cura Proclamada (Healing Proclaimed)
Infelizmente, hoje a salvação tem sido reduzida a pouco mais do que perdão pelos pecados. Mas as palavras gregas que, na maioria das vezes, são traduzidas por “salvo” ou “salvação” implicam nos conceitos não só de perdão, mas de entrega e cura.[3] Vamos considerar um homem na Bíblia que experimentou a salvação em seu sentido mais completo. Ele foi salvo por sua fé enquanto ouvia Paulo pregar o evangelho em sua cidade.
Quando eles souberam disso, fugiram para as cidades licaônicas de Listra e Derbe, e seus arredores. Onde continuaram a pregar as boas novas. Em Listra havia um homem paralítico dos pés, aleijado desde o nascimento, que ouvira Paulo falar. Quando Paulo olhou diretamente para ele e viu que o homem tinha fé para ser curado, disse em alta voz: “Levante-se! Fique em pé!” Com isso, o homem deu um salto e começou a andar (At. 14:6-10).
Note que, embora Paulo estivesse pregando “as boas novas”, o homem ouviu algo que produziu fé em seu coração para receber cura física. No mínimo, ele deve ter ouvido Paulo dizer algo sobre o ministério de cura de Jesus e como curou a todos os que Lhe pediram com fé. Talvez Paulo também tenha mencionado a profecia de Isaías sobre Jesus carregando nossas enfermidades e doenças. Não sabemos, mas já que a “fé vem por se ouvir” (Rm. 10:17), o paralítico deve ter ouvido algo que estimulou a fé em seu coração para ser curado. Algo que Paulo disse o convenceu de que Deus não queria que continuasse paralítico.
Paulo deve ter acreditado que Deus queria que o homem fosse curado, ou suas palavras nunca teriam convencido o homem a ter fé para a cura, e não teria dito ao homem para ficar em pé. E se Paulo tivesse dito o que tantos pregadores modernos dizem? E se tivesse pregado: “Não é da vontade de Deus que todos sejam curados”? O homem não teria tido fé para ser curado. Talvez isto explique por que tantos não são curados hoje em dia. Os mesmos pregadores que deveriam inspirar as pessoas a terem fé para a cura estão destruindo sua fé.
Note novamente que esse homem foi curado por sua fé. Se ele não tivesse acreditado, teria continuado paralítico, mesmo que fosse óbvio que era a vontade de Deus que fosse curado. Além disso, provavelmente havia outras pessoas doentes entre a multidão naquele dia, mas não temos registro de mais ninguém que tenha sido curado. Se isto for verdade, por que não foram curados? Pelo mesmo motivo de muitos incrédulos na multidão não terem renascido — porque não creram na mensagem de Paulo.
Nunca devemos concluir que não é da vontade de Deus curar a todos baseando-nos no fato de que algumas pessoas nunca foram curadas. Isto seria o mesmo que concluir que não é da vontade de Deus que todos nasçam de novo simplesmente porque algumas pessoas nunca renasceram. Cada pessoa deve crer no evangelho por si mesma para ser salva, e cada pessoa deve crer por si só para que seja salva.
Mais Provas da Vontade de Deus de Curar (Further Proof of God’s Will to Heal)
Debaixo da antiga aliança, cura física estava inclusa na aliança de Israel com Deus. Apenas alguns dias depois do Êxodo, Deus fez a Israel esta promessa:
Se vocês derem atenção ao Senhor, o seu Deus, e fizerem o que ele aprova, se derem ouvidos aos seus mandamentos e obedecerem a todos os seus decretos, não trarei sobre vocês nenhuma das doenças que eu trouxe sobre os egípcios, pois eu sou o Senhor que os cura (Êx. 15:26).
Qualquer pessoa honesta terá que concordar que a cura estava inclusa na aliança de Israel com Deus e que dependia da obediência do povo. (Casualmente, Paulo deixa claro em 1 Coríntios 11:27-31 que a cura física debaixo na nova aliança também depende de nossa obediência.)
Deus também prometeu aos israelitas:
Prestem culto ao Senhor, o Deus de vocês, e ele os abençoará, dando-lhes alimento e água. Tirarei a doença do meio de vocês. Em sua terra nenhuma grávida perderá o filho, nem haverá mulher estéril. Farei completar-se o tempo de duração da vida de vocês (Êx. 23:25-26, ênfase adicionada).
Vocês serão mais abençoados do que qualquer outro povo! Nenhum dos seus homens ou mulheres será estéril, nem mesmo os animais do seu rebanho. O Senhor os guardará de todas as doenças. Não infligirá a vocês as doenças terríveis que, como sabem, atingiram o Egito, mas as infligirá a todos os seus inimigos (Dt. 7:14-15, ênfase adicionada).
Se cura física estava inclusa na antiga aliança, me pergunto como ela pode não estar inclusa na nova aliança, se de fato a nova aliança é melhor que a antiga, como as Escrituras dizem:
Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores (Hb. 8:6, ênfase adicionada).
Ainda Mais Provas (Yet Further Proof)
A Bíblia contém muitas passagens que oferecem provas indiscutíveis que é a vontade de Deus curar a todos. Deixe-me listar três das melhores:
Bendiga o Senhor a minha alma! Bendiga o Senhor todo o meu ser! Bendiga o Senhor a minha alma! Não esqueça nenhuma de suas bênçãos! É ele que perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas doenças (Sl. 103:1-3, ênfase adicionada).
Que cristão se oporia à declaração de Davi que Deus deseja perdoar todas as nossas iniquidades? Contudo, Davi cria que Deus também deseja curar o mesmo número de nossas doenças — todas elas.
Meu filho, escute o que lhe digo; preste atenção às minhas palavras. Nunca as perca de vista; guarde-as no fundo do coração, pois são vida para quem as encontra e saúde para todo o seu ser (Pv. 4:20-22, ênfase adicionada).
Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado (Tg. 5:14-15, ênfase adicionada)
Note que esta última promessa pertence a qualquer um que esteja doente. E note que não é o presbítero ou o óleo que traz a cura, mas a “oração feita com fé”.
Mas é a fé dos presbíteros ou da pessoa doente? De ambos. A fé da pessoa doente é expressa, pelo menos em parte, quando chama os presbíteros da igreja. A descrença da pessoa doente pode anular os efeitos das orações dos presbíteros. O tipo de oração sobre a qual Tiago escreveu é um bom exemplo de oração de concordância que Jesus menciona em Mateus 18:19. Ambas as partes envolvidas neste tipo de oração devem “concordar”. Se uma pessoa concordar e a outra não, não estão em concordância.
Também sabemos que, em várias passagens, a Bíblia dá crédito a Satanás pelas doenças (veja Jó 2:7; Lc. 13:16; At. 10:38; 1 Co. 5:5). Desta maneira, seria lógico que Deus se opusesse ao trabalho de Satanás nos corpos de Seus filhos. Nosso Pai nos ama muito mais que qualquer pai terreno já amou seu filho (veja Mt. 7:11), e nunca conheci um pai que desejasse que seu filho ficasse doente.
Todas as curas executadas por Jesus durante Seu ministério terreno, e todas as curas registradas no livro de Atos, devem nos encorajar a acreditar que Deus quer que sejamos saudáveis. Frequentemente, Jesus curou pessoas que iam a Ele buscando cura, e deu crédito à fé delas pelo milagre. Isto prova que Jesus não escolheu pessoas exclusivas a quem queria curar. Ele queria curar a todas, mas pedia fé da parte delas.
Respostas a Algumas Objeções Comuns (Answers to Some Common Objections)
Talvez a objeção mais comum a tudo isso é a que não é baseada na Palavra de Deus, mas nas experiências das pessoas. Normalmente, é algo assim: “Eu conheci uma mulher cristã maravilhosa que orou para ser curada de câncer; mesmo assim, ela morreu. Isto prova que não é da vontade de Deus curar a todos”.
Nunca devemos tentar determinar a vontade de Deus por qualquer outra coisa além da Sua Palavra. Por exemplo, se viajasse de volta no tempo e assistisse aos israelitas vagando pelo deserto por quarenta anos enquanto a terra que fluía leite e mel esperava por eles do outro lado do Rio Jordão, você poderia ter concluído que não era da vontade de Deus que Israel entrasse na terra prometida. Mas se conhece a Bíblia, sabe que este não era o caso. Com certeza, era da vontade de Deus que entrassem na terra prometida, mas não entraram por causa de sua descrença (veja Hb. 3:19).
E todas as pessoas que estão agora no inferno? Era a vontade de Deus que todas estivessem no céu, mas não preencheram os requisitos de arrependimento e fé no Senhor Jesus. Da mesma forma, não podemos determinar a vontade de Deus a respeito de cura só olhando para pessoas doentes. O fato de um cristão orar por cura e não ser curado, não prova que não é a vontade de Deus curá-lo. Se aquele cristão tivesse preenchido os requisitos de Deus, teria sido curado, ou então, Deus é um mentiroso. Quando não recebemos cura e culpamos a Deus com a desculpa de que a cura não era da vontade dEle, não somos diferentes dos israelitas descrentes que morreram no deserto dizendo que não era da vontade de Deus que entrassem na terra prometida. Seria melhor se simplesmente engolíssemos nosso orgulho e admitíssemos que somos culpados.
Como disse no capítulo anterior sobre fé, muitos cristãos sinceros têm terminado suas orações de cura de forma errada com a frase destruidora de fé: “Se for da Tua vontade”. Isso revela claramente que não estão orando com fé, pois não têm certeza da vontade de Deus. A respeito da cura, a vontade de Deus é bem clara, como já vimos. Se você sabe que Deus quer te curar, não há razão de dizer “se for da Tua vontade” em sua oração de cura. Seria o equivalente a dizer: “Senhor, eu sei que prometeu me curar, mas caso estivesse mentindo, eu peço que me cure somente se for da Tua vontade”.
Com certeza, também é verdade que Deus pode disciplinar crentes desobedientes permitindo que doenças os aflijam, até chegar ao ponto de permitir sua morte prematura em alguns casos. Obviamente, tais crentes devem se arrepender antes de receberem cura (veja 1 Co. 11:27-32). Existem outros que, negligenciando cuidar de seus corpos, se abrem a doenças. Crentes devem ser inteligentes o suficiente para manter uma dieta saudável, comer moderadamente, exercitar-se regularmente e descansar o necessário.
Uma Segunda Objeção Comum (A Second Common Objection)
É muitas vezes dito: “Paulo tinha um espinho na carne e Deus não o curou”.
Contudo, a ideia de que o espinho de Paulo era uma doença é simplesmente uma má teoria teológica sob a luz do fato de que Paulo nos disse exatamente o que era seu espinho — um anjo de Satanás.
Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim (2 Co. 12:7-9, ênfase adicionada).
A palavra traduzida mensageiro é a palavra grega “aggelos”, traduzida por anjo ou anjos em mais de 160 lugares, onde é encontrada no Novo Testamento. O espinho na carne de Paulo era um anjo de Satanás enviado para lutar com ele; não era uma doença ou enfermidade.
Note também que não há registro de que Paulo tenha orado para ser curado e nem há indicação de que Deus se recusou a curá-lo. Em três ocasiões, Paulo simplesmente pediu a Deus se poderia remover o anjo, e Deus disse que Sua graça era suficiente.
Quem deu a Paulo seu espinho? Alguns acreditam que foi Satanás, já que o espinho foi chamado um “anjo de Satanás”. Outros creem que foi Deus, porque o espinho foi aparentemente dado para que Paulo não se orgulhasse. Paulo mesmo disse: “Para impedir que eu me exaltasse”.
A versão King James traduz esses versículos um pouco diferente. Ao invés de dizer: “para impedir que eu me exaltasse”, ela diz: “a fim de que não seja exaltado sobremaneira”. Esta é uma diferença importante, porque Deus não se opõe a sermos exaltados. Portanto, é bem possível que Deus estava exaltando e Satanás tentando parar a exaltação de Paulo, designando um anjo específico de luta para provocar confusão por onde Paulo viajasse. Mesmo assim, Deus disse que usaria as circunstâncias para Sua glória, porque Seu poder poderia ser melhor manifestado na vida de Paulo como resultado de sua fraqueza.
Independente disso, dizer que Paulo estava doente e que Deus Se recusou a curá-lo é uma distorção bruta do que a Bíblia realmente diz. Na passagem sobre seu espinho na carne, Paulo nunca menciona doença alguma, e não há nada parecido com uma recusa da parte de Deus para curá-lo de sua suposta doença. Se uma pessoa honesta ler a lista de todas as provas pelas quais Paulo passou em 2 Coríntios 11:23-30, não encontrará enfermidades ou doenças mencionadas uma única vez.
Uma Elaboração do Mesmo Tema (An Elaboration on the Same Theme)
Alguns se opõem a minha explicação do espinho de Paulo, dizendo: “Mas Paulo não disse aos Gálatas que estava doente da primeira vez que pregou o evangelho a eles? Ele não estava falando de seu espinho na carne?”
Isto é o que Paulo realmente escreveu em sua carta aos Gálatas:
Como sabem, foi por causa de uma doença que lhes preguei o evangelho pela primeira vez. Embora a minha doença lhes tenha sido uma provação, vocês não me trataram com desprezo ou desdém; ao contrário, receberam-me como se eu fosse um anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus (Gl. 4:13-14).
A palavra grega traduzida doença aqui em Gálatas 4:13 é asthenia, que literalmente significa “fraqueza”. Ela pode significar fraqueza por causa de doença, mas não necessariamente.
Por exemplo, Paulo escreveu: “a fraqueza de Deus é mais forte que a força do homem” (1 Co. 1:25, ênfase adicionada). A palavra que é traduzida fraqueza neste versículo também é a palavra asthenia. Não faria sentido se os tradutores tivessem deixado “a doença de Deus é mais forte que a força do homem”. (Veja também Mt. 26:41 e 1 Pd. 3:7, onde a palavra asthenia é traduzida como fraqueza e não pode ser traduzida por doença).
Quando Paulo visitou a Galácia pela primeira vez no livro de Atos, não há menção dele estar doente. Contudo, há menção de ter sido apedrejado e abandonado à morte, e foi ressuscitado ou miraculosamente reavivado (veja At. 14:5-7, 19-20). Com certeza, o corpo de Paulo, depois de ter sido apedrejado e considerado morto, estava em péssima condição com cortes e hematomas em todos os lugares.
Paulo não tinha uma doença na Galácia que foi uma provação a seus ouvintes. Seu corpo estava cansado de seu recente apedrejamento. Provavelmente, ainda tinha lembranças de suas perseguições na Galácia quando escreveu sua carta aos Gálatas, pois terminou sua epístola com estas palavras:
Sem mais, que ninguém me perturbe, pois trago em meu corpo as marcas de Jesus (Gl. 6:17).
Outra Contestação: “Estou Sofrendo para a Glória de Deus” (Another Objection: “I’m Suffering for the Glory of God”)
Esta réplica é usada por alguns que pegaram um versículo da história da ressurreição de Lázaro como base para dizer que estão sofrendo com doenças para a glória de Deus. Jesus disse a respeito de Lázaro:
Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela (Jo. 11:4).
Jesus não estava dizendo que Deus estava sendo glorificado como resultado da doença de Lázaro, mas que Deus seria glorificado quando Lázaro fosse curado e ressuscitado dos mortos. Em outras palavras, o resultado final da doença não seria a morte, pelo contrário, Deus seria glorificado. Deus não é glorificado em doenças; Ele é glorificado na cura. (Veja Mt. 9:8; 15:31; Lc. 7:16; 13:13 e 17:15, onde a cura trouxe glória a Deus.)
Outra Objeção: “Paulo Disse que Deixou Trófimo Doente em Mileto” (Another Objection: “Paul Said He Left Trophimus Sick at Miletum”)
Por acaso, estou escrevendo esta frase em uma cidade da Alemanha. Quando saí de minha cidade natal nos Estados Unidos na semana passada, deixei várias pessoas doentes para trás. Deixei hospitais cheios de doentes. Mas isto não significa que não era da vontade de Deus que todos eles fossem curados. O fato de Paulo ter deixado um homem doente em uma cidade que visitou não é prova de que não era da vontade de Deus que aquele homem fosse curado. E o monte de incrédulos que Paulo também deixou para trás? Isto prova que não era da vontade de Deus que fossem salvos? Absolutamente não.
Outra Objeção: “Eu Sou como Jó!” (Another Objection: “I’m Just Like Job!”)
Glória ao Senhor! Se você leu o fim da história de Jó, sabe que foi ele curado. Não era a vontade de Deus que ele continuasse doente, e também não é a vontade de Deus que você continue doente. A história de Jó reafirma que a vontade de Deus é sempre de curar.
Outra Objeção: “O conselho de Paulo a Timóteo Sobre Seu Estômago” (Another Objection: Paul’s Advice to Timothy About His Stomach)
Sabemos que Paulo disse a Timóteo para beber um pouco de vinho por causa do seu estômago e frequentes dores (veja 1 Tm. 5:23).
Na verdade, Paulo disse a Timóteo para parar de beber água e beber um pouco mais de vinho para seu estômago e frequentes dores. Isto parece indicar que algo estava errado com a água. Obviamente, se estiver bebendo água contaminada, deve parar de bebê-la e começar a beber outra coisa, ou provavelmente terá problemas de estômago, como Timóteo.
Outra Objeção: “Jesus só Curou para Provar Sua Divindade” (Another Objection: ”Jesus Only Healed to Prove His Deity.”)
Algumas pessoas querem que acreditemos que a única razão de Jesus ter curado foi para provar Sua divindade. Agora que ela está bem estabelecida, Ele supostamente não cura mais.
Isso está completamente incorreto. É verdade que os milagres de Jesus autenticaram Sua divindade, mas este não é o único motivo de ter curado pessoas durante Seu ministério terreno. Ele, muitas vezes, proibiu as pessoas a quem curou de dizer a qualquer um o que aconteceu com elas (veja Mt. 8:4; 9:6, 30; 12:13-16; Mc. 5:43; 7:36; 8:26). Se Jesus curasse pessoas pelo propósito único de provar sua divindade, teria que dizer àquelas pessoas para dizerem a todos o que tinha feito por elas.
Qual era a motivação por trás das curas de Jesus? Muitas vezes, as Escrituras dizem que curava por “ter compaixão” (veja Mt. 9:35-36; 14:14; 20:34; Mc. 1:41; 5:19; Lc. 7:13). A razão de Jesus ter curado é porque amava as pessoas e estava cheio de compaixão. A compaixão de Jesus foi reduzida desde Seu ministério terreno? Seu amor diminuiu? Absolutamente não!
Outra Objeção: “Deus Quer que Eu Fique Doente por Algum Motivo” (Another Objection: “God Wants Me to be Sick for Some Reason.”)”.
Isto é impossível, à luz das Escrituras que consideramos. Se você tem persistido na desobediência, pode ser verdade que Deus permitiu sua doença para que ela o traga ao arrependimento. Mas não é da vontade dEle que você continue doente. Ele quer que se arrependa e seja curado.
Além do mais, se Deus quer que você continue doente, por que está indo a um médico e tomando remédios, esperando ser curado? Está tentando sair da “vontade de Deus”?
Uma Objeção Final: “Se Nunca Ficarmos Doentes, Como Morreremos?” (A Final Objection: “If We Never Suffer Disease, How Will We Die?”)
Sabemos que a Bíblia ensina que nossos corpos físicos estão decaindo (veja 2 Co. 4:16). Não há nada que possamos fazer que pare nossos cabelos de ficarem brancos e nossos corpos de envelhecerem. Finalmente, nossa visão e audição não são tão boas como eram quando éramos mais jovens. Não podemos correr tão rápido como antes. Nossos corações não são tão fortes. Estamos lentamente nos desgastando.
Mas isto não significa que temos que morrer de doenças ou enfermidades. Nossos corpos podem simplesmente se desgastar completamente, e quando isto acontecer, nossos espíritos deixarão nossos corpos quando Deus nos chamar para casa, no céu. Muitos cristãos morreram assim. Por que não você?
[1] Em algumas igrejas na América do Norte, um ministro se arriscaria muito para ensinar esse assunto devido à grande resistência que encontraria dos supostos crentes. Jesus também encontrou resistência e, às vezes, descrença que prejudicaram Seu ministério de cura (veja Mc. 6:1-6).
[2] Agarrando-se a qualquer coisa em que possam se segurar, alguns tentam nos convencer de que Jesus realizou Isaías 53:4 completamente quando curou as pessoas naquela noite em Cafarnaum. Mas Isaías disse que Jesus levou nossas enfermidades, assim como também disse que Jesus foi esmagado por nossas iniquidades (compare Is. 53:4 e 5). Jesus levou as enfermidades das mesmas pessoas de quem levou aquelas iniquidades. Ele foi esmagado; portanto, Mateus estava somente indicando que o ministério de cura de Jesus em Cafarnaum validou que Ele era o Messias a quem Isaías 53 se referia, aquele que levaria nossas iniquidades e enfermidades.
[3] Por exemplo, Jesus disse a uma mulher a quem tinha curado de hemorragia interna: “Filha, a sua fé a curou” (Mc. 5:34). A palavra grega traduzida por “curou” neste versículo (sozo) e em outras dez vezes no Novo Testamento é traduzida por “salvar” ou “salva” mais de oitenta vezes no Novo Testamento. É, por exemplo, a mesma palavra que é traduzida por “salvos” em Efésios 2:5, “pela graça vocês são salvos”. Portanto, vemos que cura física está embutida no significado da palavra grega que é traduzida, na maioria das vezes como “salvo”.