Muitos pensam que porque Jesus era o Filho divino de Deus, podia fazer milagres sempre que quisesse. Mas quando examinamos as Escrituras de perto, descobrimos que mesmo sendo divino, Ele era aparentemente limitado durante Seu ministério terreno. Uma vez, Ele disse: “O Filho não poder fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer” (Jo. 5:19). Isto mostra claramente que Jesus era limitado e dependente de Seu Pai.
De acordo com Paulo, quando Jesus se tornou um ser humano, Ele “esvaziou-se a si mesmo” de certas coisas que tinha anteriormente como Deus:
Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo. Vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens (Fp. 2:5-7, ênfase adicionada).
Jesus “esvaziou-se a si mesmo” de quê? Não foi de Sua divindade. Não foi de Sua santidade. Não foi de Seu amor. Deve ter sido de seu poder sobrenatural. Obviamente Ele não era mais onipresente (presente em todos os lugares). Da mesma forma, Ele não era onisciente (conhecedor de todas as coisas), ou onipotente (todo-poderoso). Jesus se tornou homem. Em Seu ministério, operou como um homem ungido pelo Espírito Santo. Isso se torna abundantemente claro quando olhamos de perto os quatro evangelhos.
Por exemplo, podemos perguntar: Se Jesus era o divino Filho de Deus, por que foi necessário que Ele fosse batizado no Espírito Santo quando começou Seu ministério aos trinta anos? Por que Deus precisaria ser batizado com Deus?
Claramente, Jesus precisou do batismo do Espírito Santo para que fosse ungido para o ministério. É por isso que, logo depois de Seu batismo, lemos que Ele prega com estas palavras: “O Espírito do Senhor está obre mim, porque ele me ungiu para pregar…para proclamar…para libertar…” (Lc. 4:18, ênfase adicionada).
Também é por este motivo que Pedro pregou: “Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e como ele andou por toda parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus estava com ele” (At. 10:38).
Também é por este motivo que Jesus não fez milagres até ser batizado no Espírito Santo aos trinta anos. Ele era o Filho de Deus aos vinte e cinco anos? Com certeza. Então, por que não fez milagres até a idade de trinta anos? Simplesmente, porque Jesus “esvaziou-se a si mesmo” do poder sobrenatural que Deus tem, e teve que esperar pelo tempo em que iria ser ungido pelo Espírito.
Mais Provas que Jesus Ministrou como um Homem Ungido pelo Espírito (More Proof that Jesus Ministered as a Man Anointed by the Spirit)
Quando lemos os evangelhos, notamos que algumas vezes Jesus tinha uma sabedoria sobrenatural e outras não. Na verdade, muitas vezes Jesus fez perguntas para obter informação.
Por exemplo, Ele disse à mulher no poço de Samaria que ela tinha cinco maridos e o homem com quem morava não era seu marido (veja Jo. 4:17-18). Como Jesus sabia disso? Será que é porque Ele era Deus e Deus sabe todas as coisas? Não, se este fosse o caso, Jesus teria demonstrado essa habilidade consistentemente. Mesmo Ele sendo Deus e Deus sabendo todas as coisas, Jesus se esvaziou de Sua onisciência quando se tornou homem. Jesus sabia a história marital da mulher no poço porque o Espírito Santo deu a Ele naquele momento o dom de “palavra de conhecimento” (1 Co. 12:8), que é a habilidade sobrenatural de saber algo sobre o presente ou o passado. (Estudaremos mais detalhadamente o assunto de dons do Espírito no próximo capítulo.)
Jesus sabia todas as coisas o tempo inteiro? Não, quando a mulher com o problema de hemorragia tocou a borda do manto de Jesus e Ele sentiu poder sair dEle, perguntou: “Quem tocou em meu manto?” (Mc. 5:30b). Quando Jesus viu uma figueira à distância em Mc. 11:13, “foi ver se encontraria nela algum fruto”.
Por que Jesus não sabia quem O tinha tocado? Por que não sabia se havia figos na figueira? Porque Jesus estava operando como um homem ungido pelo Espírito Santo com os dons do Espírito. Os dons do Espírito operam como o Espírito deseja (veja 1 Co. 12:11; Hb. 2:4). Jesus não sabia as coisas sobrenaturais, a menos que o Espírito Santo quisesse dar a Ele o dom da “palavra de conhecimento”.
A mesma coisa se aplica ao ministério de cura de Jesus. As Escrituras deixam claro que Jesus não podia curar todo o tempo. Por exemplo, lemos no evangelho de Marcos que quando Jesus visitou Sua cidade natal de Nazaré, não foi capaz de completar tudo o que queria fazer.
Jesus saiu dali e foi para a sua cidade, acompanhado dos seus discípulos. Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos dos que o ouviam ficavam admirados. “De onde lhe vêm estas coisas?”, perguntavam eles. Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E estes milagres que ele faz? Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? Não estão aqui conosco as suas irmãs?” E ficavam escandalizados por causa dele. Jesus lhes disse: “Só em sua própria terra, entre os seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra”. E não pôde fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobre alguns doentes e curá-los. E ficou admirado com a incredulidade deles (Mc. 6:1-6, ênfase adicionada).
Note que Marcos não disse que Jesus não quis fazer nenhum milagre ali, mas que não pôde. Por quê? Porque as pessoas de Nazaré eram descrentes. Elas não receberam Jesus como o ungido Filho de Deus, mas somente como o filho de um carpinteiro local. Assim como Jesus mesmo advertiu: “Só em sua própria terra, entre os seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra” (Mc. 6:4). Como resultado, o máximo que pôde fazer foi curar algumas pessoas de “pequenas dores” (como diz uma tradução). Com certeza, se houvesse um lugar em que Jesus quisesse fazer milagres e curar muitas pessoas, seria na cidade em que viveu a maior parte de Sua vida. Contudo, a Bíblia diz que não pôde.
Mais Vislumbres de Lucas (More Insight from Luke)
Jesus curou principalmente por dois métodos diferentes: (1) ensinando a palavra de Deus para encorajar pessoas doentes a terem fé para serem curadas e (2) operando com “dom de cura” como o Espírito Santo escolhesse. Portanto, Jesus era limitado por dois fatores em Seu ministério de cura: (1) a descrença dos doentes e (2) a vontade do Espírito Santo de Se manifestar através do “dom de cura”.
Obviamente, a maioria das pessoas na cidade natal de Jesus não tinha fé nEle. Mesmo que já tivessem ouvido de Seus milagres em outras cidades, não acreditaram que Ele tivesse poder para curar, e consequentemente, Ele não pôde curá-los. Além do mais, aparentemente, o Espírito Santo não quis dar a Jesus nenhum “dom de cura” em Nazaré — por um motivo que ninguém conhece.
Lucas registra com ainda mais detalhes que Marcos exatamente o que aconteceu quando Jesus visitou Nazaré:
Ele [Jesus] foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume. E levantou-se para ler. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor”. Então ele fechou o livro… [e] começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir”. Todos falavam bem dele, e estavam admirados com as palavras de graça que saíam de seus lábios. Mas perguntavam: “Não é este o filho de José?” (Lc. 4:16-22).
Jesus queria que Sua audiência acreditasse que Ele era o prometido e ungido da profecia de Isaías, esperando que cressem e recebessem todos os benefícios de Sua unção, que de acordo com Isaías, incluía libertar cativos e oprimidos assim como dar visão aos cegos. [1] Mas eles não acreditaram, e mesmo que estivessem impressionados por Sua habilidade de falar, não acreditavam que o filho de José fosse alguém especial. Reconhecendo seu cepticismo, Jesus respondeu:
É claro que vocês me citarão este provérbio: “Médico, cura-te a ti mesmo! Faze aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum”… Digo-lhes a verdade: Nenhum profeta é aceito em sua terra (Lc. 4:23-24).
As pessoas na cidade natal de Jesus estavam esperando para ver se Ele faria o que ouviram que tinha feito em Cafarnaum. Sua atitude não era de expectativa de fé, mas de cepticismo. Por sua falta de fé, eles O impediram de executar milagres e curas maiores.
Outra Limitação de Jesus em Nazaré (Jesus’ Other Limitation in Nazareth)
As próximas palavras de Jesus à multidão de Nazaré revela que também foi limitado pelo querer do Espírito Santo de Se manifestar através dos “dons de cura”:
Asseguro-lhes que havia muitas viúvas em Israel no tempo de Elias, quando o céu foi fechado por três anos e meio, e houve uma grande fome em toda a terra. Contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, senão a uma viúva de Sarepta, na região de Sidom. Também havia muitos leprosos em Israel no tempo de Eliseu, o profeta; todavia, nenhum deles foi purificado — somente Naamã, o sírio (Lc. 4:25-27).
O propósito de Jesus era mostrar que Elias não podia multiplicar óleo e farinha para sustentar qualquer viúva que ele quisesse durante os três anos e meio de fome de Israel (veja 1 Rs. 17:9-16). Mesmo havendo muitas viúvas sofrendo em Israel naquele tempo, o Espírito ungiu a Elias para ajudar uma única viúva que nem era israelita. Da mesma forma, Eliseu não pôde purificar qualquer leproso que ele quisesse. Isto é provado pelo fato de que existiam muitos leprosos em Israel quando Naamã foi curado. Se tivesse sido sua escolha, Eliseu provavelmente tentaria curar seus companheiros israelitas que eram leprosos antes de curar a Naamã, um adorador de ídolos.
Ambos Elias e Eliseu eram profetas — homens ungidos por Deus que eram usados em vários dons como o Espírito Santo desejava. Por que Deus não mandou Elias a algumas outras viúvas? Eu não sei. Por que Deus não usou Eliseu para curar alguns outros leprosos? Eu não sei. Ninguém sabe, exceto Deus.
Contudo, essas duas histórias familiares do Velho Testamento não provam que não era a vontade de Deus suprir as necessidade de todas as viúvas ou curar todos os leprosos. O povo de Israel poderia ter trazido um fim a sua fome durante o tempo de Eliseu se eles e seu rei perverso Acabe tivessem se arrependido de seus pecados. A fome era uma forma de julgamento de Deus. E todos os leprosos em Israel poderiam ter sido curados se obedecessem e acreditassem nas palavras da aliança dada por Deus, que, como vimos, incluía cura física.
Jesus revelou a sua audiência em Nazaré que estava debaixo das mesmas limitações que Elias e Eliseu estavam. Por algum motivo, o Espírito Santo não deu a Jesus nenhum dos “dons de cura” em Nazaré. Este fato, unido à descrença do povo de Nazaré, resultou no não desempenho de maiores milagres através de Jesus em Sua terra natal.
Uma Olhada em Um “Dom de Cura” Através de Jesus (A Look at One “Gift of Healing” Through Jesus)
Se estudarmos os relatos dos evangelhos das várias curas executadas por Jesus, veremos que a maioria das pessoas foram curadas, não através de “dons de cura”, mas através de sua fé. Vamos considerar as diferenças entre esses dois tipos de cura olhando para exemplos de ambos. Primeiro, estudaremos a história do homem aleijado no tanque de Betesda, curado não por sua fé, mas por um “dom de cura” através de Jesus.
Há em Jerusalém, perto da porto das Ovelhas, um tanque que, em aramaico, é chamado Betesda, tendo cinco entradas em volta. Ali costumava ficar grande número de pessoas doentes e inválidas: cegos, mancos e paralíticos. Eles esperavam um movimento nas águas. De vez em quando descia um anjo do Senhor e agitava as águas. O primeiro que entrasse no tanque, depois de agitada as águas, era curado de qualquer doença que tivesse. Um dos que estavam ali era paralítico fazia trinta e oito anos. Quando o viu deitado e soube que ele vivia naquele estado durante tanto tempo, Jesus lhe perguntou: “Você quer ser curado?” Disse o paralítico: “Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim”. Então Jesus lhe disse: “Levante-se! Pegue a sua maca e ande”. Imediatamente o homem ficou curado, pegou a maca e começou a andar (Jo. 5:2-9).
Como sabemos que esse homem foi curado, não por sua fé, mas através de um “dom de cura”? Existem várias indicações.
Primeiro, note que este homem não estava buscando a Jesus. Pelo contrário, Jesus o encontrou sentado perto do tanque. Se o homem estivesse buscando a Jesus, seria uma indicação de fé por parte dele.
Segundo, Jesus não disse ao homem que a fé dele o tinha curado, como fazia quando curava outras pessoas.
Terceiro, quando o homem curado foi questionado mais tarde pelos judeus sobre quem lhe disse para “levantar e andar”, ele respondeu que nem sabia quem era o Homem. Portanto, com certeza, não foi sua fé em Jesus que o curou. Este foi um caso claro de que alguém foi curado através de um “dom de cura”, manifestado pelo querer do Espírito.
Note também que mesmo que houvesse uma multidão de pessoas doentes esperando pelo mover das águas, Jesus só curou um indivíduo e deixou os outros da multidão doentes. Por que? Novamente, eu não sei. Contudo, este incidente não prova que é a vontade de Deus que alguns continuem doentes. Qualquer uma e todas aquelas pessoas doentes poderiam ter sido curadas através da fé em Jesus. Aliás, esta pode ter sido a razão deste homem ter sido curado de modo sobrenatural — para chamar a atenção de todas aquelas pessoas doentes para Jesus, que poderia e iria curá-los se somente cressem.
Muitas vezes, os “dons de cura” ficam na categoria de “sinais e maravilhas”, isto é, milagres designados para chamar a atenção para Jesus. É por isto que os evangelistas do Novo Testamento, como Filipe, eram equipados com vários “dons de cura”, porque os milagres que executavam chamavam atenção ao evangelho que estavam pregando (veja At. 8:5-8).
Crentes doentes não devem esperar que alguém com “dons de cura” apareça e os cure, porque esta pessoa e dom podem nunca vir. A cura está disponível através da fé em Jesus e, mesmo que nem todos sejam curados através de dons de cura, todos podem ser curados através de sua fé. Dons de cura são colocados na igreja principalmente para que incrédulos possam ser curados e suas atenções sejam chamadas ao evangelho. Isto não quer dizer que cristãos nunca serão curados através de dons de cura. Contudo, Deus espera que Seus filhos recebam cura através da fé.
Um Exemplo de uma Pessoa Curada por Sua Fé (One Example of a Person Healed By His Faith)
Bartimeu era um homem cego que foi curado por sua fé em Jesus. Vamos ler sua história no evangelho de Marcos.
Então chegaram a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos, juntamente com uma grande multidão, estavam saindo da cidade, o filho de Timeu, Bartimeu, que era cego, estava sentado à beira do caminho pedindo esmolas. Quando ouviu que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” Muitos o repreendiam para que ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” Jesus parou e disse: “Chamem-no”. E chamaram o cego: “Ânimo! Levante-se! Ele o está chamando”. Lançando sua capa para o lado de um salto pôs-se em pé e dirigiu-se a Jesus. “O que você quer que eu lhe faça?”, perguntou-lhe Jesus. O cego respondeu: “Mestre, eu quero ver!” “Vá”, disse Jesus, “a sua fé o curou”. Imediatamente ele recuperou a visão e seguiu Jesus pelo caminho (Mc. 10:46-52).
Primeiro, note que Jesus não foi até Bartimeu. (Isto é exatamente o oposto do que aconteceu com o homem no tanque de Betesda). Na verdade, Jesus estava passando por ele, e se Bartimeu não O tivesse chamado, Jesus continuaria andando. Isto significa que Bartimeu não teria sido curado.
Agora pense sobre isso. E se Bartimeu tivesse ficado sentado e dito a si mesmo: “Bom, se for da vontade de Jesus que eu seja curado, Ele virá e me curará”. O que teria acontecido? Bartimeu nunca teria sido curado, mesmo que esta história revele claramente que era a vontade de Jesus que ele fosse curado. O primeiro sinal da fé de Bartimeu é que ele chamou Jesus.
Segundo, note que Bartimeu não se desencorajou pelas pessoas que o mandaram ficar quieto. Quando tentaram silenciá-lo, ele gritou “ainda mais” (Mc. 10:48). Isto mostra sua fé.
Terceiro, note que Jesus não respondeu aos primeiros chamados de Bartimeu. É claro que é possível que Ele não tivesse ouvido, mas se ouviu, não respondeu. Em outras palavras, Jesus deixou que a fé do homem fosse testada.
Se Bartimeu tivesse desistido de gritar depois de um tempo, não seria curado. Às vezes, nós também precisamos perseverar na fé, porque muitas vezes parece que nossa oração não será atendida. É aí que nossa fé é testada; portanto, precisamos continuar em pé, recusando-nos a sermos desencorajados pelas circunstâncias adversas.
Mais Indicações da Fé de Bartimeu (Further Indications of Bartimaeus’ Faith)
Quando Jesus finalmente o chamou para se aproximar, a Bíblia diz que Bartimeu lançou “sua capa para o lado”. É do meu conhecimento que os cegos nos tempos de Jesus usavam certo tipo de capa que os identificava como cego ao público. Se isto for verdade, talvez Bartimeu tenha lançado sua capa para o lado quando Jesus o chamou porque acreditava que não precisaria mais ser identificado como tal. Portanto, sua fé é evidente novamente.
Além do mais, quando Bartimeu lançou sua capa, a Bíblia diz que “de um salto pôs-se em pé”, uma indicação de animação antecipada que algo de bom estava para acontecer a ele. Pessoas que têm fé para a cura ficam animadas quando oram para que Deus os cure porque esperam receber cura.
Note que Jesus testou a fé de Bartimeu mais uma vez enquanto este estava na Sua frente. Ele perguntou a Bartimeu o que desejava, e por sua resposta, fica claro que acreditava que Jesus poderia curá-lo de sua cegueira.
Finalmente, Jesus lhe disse que sua fé o curou. Se Bartimeu pôde ser curado pela fé, qualquer pessoa pode, porque Deus “não trata as pessoas com imparcialidade”.
Para Mais Estudo (For Further Study)
Listei abaixo vinte e um casos específicos de curas executadas por Jesus como registradas nos quatro evangelhos. Jesus, é claro, curou muito mais que vinte e uma pessoas, mas em todos estes casos sabemos alguns detalhes sobre o indivíduo doente e como ela ou ele foi curado.
Dividi a lista em duas categorias principais — aqueles que foram curados por fé e aqueles que foram curados através dos dons de cura. Notei que em vários casos quando as pessoas foram curadas por fé, Jesus lhes disse para não falarem sobre suas curas. Isto indica ainda mais que estes não eram “dons de cura” porque os doentes não eram curados para anunciar a Jesus ou ao evangelho.
Casos Onde Fé ou Crença é Mencionada como Causa de Cura(Cases Where Faith or Believing is Mentioned as the Cause of Healing:)
1. O servo do centurião: Mateus 5-13; Lucas 7:2-10 “Como você creu, assim lhe acontecerá!”
2. O paralítico baixado pelo telhado: Mateus 9:2-8; Marcos 2:3-11; Lucas 5:18-26 “Vendo a fé que eles tinham…ele disse…vá para casa”.
3. A filha de Jairo: Mateus 9:18-26; Marcos 5:22-43; Lucas 8:41-56 “Não tenha medo; tão somente creia…Ele deu ordens expressas para que não dissessem nada a ninguém”.
4. A mulher com problema de hemorragia: Mateus 9:20-22; Marcos 5:25-34; Lucas 8:43-48 “A sua fé a curou”.
5. Dois homens cegos: Mateus 9:27-31 “Que seja feito de acordo com a fé que vocês têm!…Cuidem para que ninguém saiba disso”.
6. O cego Bartimeu: Marcos 10:46-52; Lucas 18:35-43 “A sua fé o curou”.
7. Os dez leprosos: Lucas 17:12-19 “A sua fé o salvou”.
8. O filho do oficial: João 4:46-53 “O homem confiou na palavra de Jesus”.
Nos próximos quatro casos, a fé das pessoas doentes não é mencionada especificamente, mas está implícita por suas palavras e ações. Por exemplo, os dois homens cegos (no número 10) chamaram a Jesus enquanto Ele passava, assim como fez Bartimeu. Todos os doentes nestes quatro exemplos buscaram a Jesus, uma indicação clara de sua fé. Em três dos quatro casos, Jesus disse aos que curou para não contarem a ninguém sobre o que aconteceu, indicando que nestes casos não havia “dons de cura”.
9. O leproso que não conhecia a vontade de Deus: Mateus 8:2-4; Marcos 1:40-45; Lucas 5:12-14 “Olhe, não conte isso a ninguém”.
10. Os dois homens cegos (um deles era provavelmente Bartimeu): Mateus 20:30-34 “[Eles] puseram-se a gritar: ‘Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós!”
11. O homem surdo e mudo: Marcos 7:32-36 “Jesus ordenou-lhe que não o contassem a ninguém”.
12. Um homem cego: Marcos 8:22-26 “Não entre no povoado”.
Estes dois últimos casos de pessoas que foram curadas através da fé, não foram na verdade curadas — foram libertas de demônios. Mas Jesus deu crédito à fé deles por sua libertação.
13. O menino endemoninhado: Mateus 17:14-18; Marcos 9:17-27; Lucas 9:38-42 “Disse Jesus…‘Tudo é possível àquele que crê’. Imediatamente o pai do menino exclamou: ‘Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade!’”
14. A filha da mulher siro-fenícia: Mateus 15:22-28; Marcos 7:25-30 “Mulher, grande é a sua fé! Seja conforme você deseja.”
O Caso de Pessoas Curadas Através dos “Dons de Cura”: (Cases of People Healed Through “Gifts of Healings”:)
Estes últimos sete casos são de pessoas que, aparentemente, foram curadas através de dons de cura. Contudo, nos primeiros três casos, obediência a um comando específico de Jesus foi exigida antes de a pessoa doente poder ser curada. Em nenhum destes casos Jesus disse à pessoa curada para não contar a ninguém sobre sua cura. E em nenhum desses casos a pessoa doente buscou a Jesus.
15. O homem com a mão atrofiada: Mateus 12:9- 13; Marcos 3:1-5; Lucas 6:6-10 “Levante-se e venha para o meio…Estenda a mão”.
16. O homem no tanque de Betesda: João 5:2-9 “Levante-se! Pegue a sua maca e ande”.
17. O homem cego de nascença: João 9:1-38 “Vá lavar-se no tanque de Siloé”.
18. A sogra de Pedro: Mateus 8:14-15; Marcos 1:30-31; Lucas 4:38-39.
19. A mulher que ficou encurvada por 18 anos: Lucas 13:11-16.
20. O homem curado de edema: Lucas 14:2-4.
21. O servo do sumo sacerdote: Lucas 22:50-51.
Note que em todos os vinte e um exemplos acima, não há casos de um adulto ser curado somente pela fé de outro adulto. Em todos os casos quando alguém era curado pela fé de outra pessoa, era sempre uma criança sendo curada pela fé de seus pais (veja exemplo 1, 3, 8, 13 e 14).
As únicas exceções possíveis seriam os exemplos 1 e 2, o servo do centurião e o paralítico baixado pelo telhado. No caso do servo do centurião, a palavra grega traduzida servo é a palavra pais, que também pode ser traduzida menino como em Mateus 17:18: “Jesus repreendeu o demônio; este saiu do menino que, daquele momento em diante, ficou curado” (ênfase adicionada).
Se realmente foi o servo do centurião e não seu filho, seu servo devia ser um menino. Portanto, o centurião era responsável pelo menino como guardião legal e podia exercer fé em seu nome, assim como qualquer pai por seu filho.
No caso do paralítico baixado pelo telhado, note que o paralítico teve que ter fé, caso contrário, nunca teria permitido que seus amigos o baixassem pelo telhado. Portanto, não foi salvo somente pela fé de seus amigos.
Tudo isso indica que é improvável que a fé de um adulto possa resultar na cura de outro que esteja doente se este adulto não tem fé por si mesmo. Sim, um adulto pode orar em concordância com outro que precise de cura, mas a falta de fé da pessoa doente pode anular os efeitos da fé do outro adulto.
Contudo, nossos próprios filhos podem ser curados através de nossa fé até certa idade. Eventualmente chegarão à idade onde Deus espera que recebam dEle, baseados em sua própria fé.
Eu os encorajo a estudarem de perto cada exemplo listado acima em sua própria Bíblia para fortalecer sua fé na provisão de cura de nosso Senhor.
A Unção de Cura (The Healing Anointing)
Finalmente, é importante saber que Jesus foi ungido com poder real de cura durante Seu ministério terreno. Isto é, Ele realmente podia sentir aquela unção de cura sair de Seu corpo, e em alguns casos a pessoa doente que estava sendo curada pôde sentir esta unção quando entrava em seu corpo. Por exemplo, Lucas 6:19 diz: “e todos procuravam tocar nele, porque dele saía poder que curava todos”.
Aparentemente, esta unção de cura até saturava as roupas de Jesus para que, se uma pessoa doente tocasse em Suas vestes com fé, a unção de cura fluiria em seu corpo. Lemos em Marcos 6:56:
E aonde quer que ele fosse, povoados, cidades ou campos, levavam os doentes para as praças. Suplicavam-lhe que pudessem pelo menos tocar na orla de suas vestes; e todos os que nele tocavam era curados.
A mulher com problema de hemorragia (veja Mc. 5:25-34) foi curada por simplesmente tocar a borda da veste de Jesus e esperar com fé que fosse curada.
Não só Jesus foi ungido com unção real de cura, mas também Paulo, durante os últimos anos de seu ministério:
Deus fazia milagres extraordinários por meio de Paulo, de modo que até lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos. Estes eram curados de suas doenças, e os espíritos malignos saíam deles (At. 19:11-12).
A unção real de cura saturava quaisquer panos que fossem presos ao corpo de Paulo, indicando evidentemente que pano é um bom condutor de poder de cura!
Deus não mudou desde os dias de Jesus ou Paulo; portanto, não devemos nos surpreender se Deus ungir a alguns de Seus servos hoje com tal unção de cura, como fez com Jesus e Paulo. Contudo, esses dons não são normalmente dados a ministros novos, mas somente para aqueles que provam ser fiéis e generosos em sua motivação por certo período de tempo.
[1] Tudo isso pode se referir à cura física. Doenças definitivamente podem ser consideradas opressões, como as Escrituras dizem que “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e poder, e…ele andou por toda a parte fazendo o bem e curando todos os oprimidos pelo Diabo” (At. 10:38).