E a cada um de nós foi concedida a graça, conforme a medida repartida por Cristo… E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à plenitude de Cristo (Ef. 4:7, 11-13, ênfase adicionada).
Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas (1 Co. 12:28, ênfase adicionada)
Os dons ministeriais, como são muitas vezes chamados, são os chamados e várias habilidades dadas a certos cristãos, que os capacita a permanecer no posto de apóstolos, profetas, evangelistas, pastores ou mestres. Ninguém pode se colocar em um desses postos; a pessoa deve ser chamada e presenteada por Deus.
É possível que a mesma pessoa possa ocupar mais de um desses cinco postos, mas somente certas combinações são possíveis. Por exemplo, é possível que um crente possa ser chamado para ocupar a posição de pastor e mestre ou de profeta e mestre. Contudo, é pouco provável que alguém possa ocupar a posição de pastor e evangelista simplesmente porque o ministério do pastor requer que ele permaneça em um lugar servindo ao rebanho local e, portanto, não poderia cumprir o chamado de um evangelista que deve viajar com frequência.
Mesmo que essas cinco posições recebam dons diferentes para propósitos diferentes, todas foram dadas à igreja para um propósito geral — o “de preparar os santos para a obra do ministério” (Ef. 4:12).[1] O objetivo de cada ministro deve ser preparar os santos para a obra do ministério. Contudo, muitas vezes aqueles no ministério agem, não para preparar os santos para o ministério, mas para entreter pessoas do mundo que vão aos cultos — cultos da igreja. Cada pessoa chamada para um desses ministérios deve avaliar constantemente sua contribuição ao preparo “dos santos para a obra do ministério”. Se todos os ministros se avaliassem, muitos eliminariam várias atividades erroneamente consideradas “ministério”.
Alguns Dons Ministeriais eram só para a Igreja Primitiva? (Were Some Ministry Gifts Only for the Early Church?)
Por quanto tempo esses dons ministeriais serão dados à Igreja? Jesus os dará enquanto Seus santos precisarem de preparação para a obra, que é, pelo menos, até Ele voltar. A igreja está sempre recebendo novos cristãos que precisam crescer, e o resto de nós sempre tem necessidade de amadurecer espiritualmente um pouco mais.
Infelizmente, alguns chegaram a conclusão que somente dois tipos de ministério existem hoje — pastoral e evangelista — como se Deus tivesse mudado de ideia. Não. Ainda precisamos de apóstolos, profetas e mestres assim como a igreja primitiva precisava. A razão de não vermos exemplos desses dons entre a maioria das igrejas pelo mundo é simplesmente porque Jesus os dá somente à Sua Igreja, não à igreja falsa e profana. Na falsa igreja só podem ser encontrados aqueles que fazem uma fraca tentativa de preencher os papéis de alguns dos dons ministeriais (a maioria pastores e talvez alguns evangelistas), mas mal se lembram dos dons ministeriais ungidos e chamados por Deus que Jesus dá à Sua Igreja. Com certeza não estão preparando os santos para as obras do ministério, porque o próprio evangelho que proclamam não resulta em santidade; somente engana as pessoas a pensarem que são perdoadas. E essas pessoas não têm desejo de serem preparadas para o ministério. Elas não têm a intenção de se negarem e levarem a sua cruz.
Como Saber se Você Foi Chamado? (How do You Know if You are Called?)
Como alguém sabe se foi chamado para um desses cargos na igreja? Primeiro e mais importante, ele sentirá um chamado divino de Deus. Ver-se-á encarregado a cumprir certa tarefa. Isto é muito mais que simplesmente ver uma necessidade que pode ser preenchida. É uma fome dada por Deus que compele uma pessoa a certo ministério. Se realmente for chamado por Deus, não poderá se satisfazer até começar a cumprir seu chamado. Isto nada tem a ver com ser apontado por um homem ou comitê de pessoas. Deus é quem faz o chamado.
Segundo, a pessoa que realmente for chamada se verá preparada por Deus para cumprir sua tarefa. Cada um dos cinco cargos carrega uma unção sobrenatural que permite que o indivíduo faça o que Deus o chamou para fazer. Com o chamado, vem a unção. Se não há unção, não há chamado. Uma pessoa pode aspirar certo ministério, fazer faculdade teológica por quatro anos se educando e se preparando para esse ministério; mas sem a unção de Deus, não há chance de sucesso verdadeiro.
Terceiro, ele verá que Deus abriu uma porta a uma oportunidade para que exercite seus dons em particular. Desse modo, poderá provar ser fiel e, eventualmente, será encarregado com maiores oportunidades, responsabilidades e dons.
Se uma pessoa não sentiu uma compulsão e chamado interior para um dos cinco dons ministeriais, ou se não está ciente de qualquer unção especial para cumprir uma tarefa dada por Deus, ou se nenhuma oportunidade apareceu para que exercite os dons que acha que tem, ela não deve tentar algo que Deus não a chamou para fazer. Ela deve tentar ser bênção no corpo de sua igreja local, sua vizinhança e lugar de trabalho. Mesmo não sendo chamada ao ministério “quíntuplo”, ela é chamada para servir usando os dons que recebeu de Deus e deve tentar se mostrar fiel.
O fato das Escrituras mencionarem cinco dons ministeriais, não significa que todas as pessoas que ocupam o mesmo cargo terão ministérios idênticos. Paulo escreveu que “há diferentes tipos de ministérios” (1 Co. 12:5), fazendo diferenciações entre ministros que ocupam o mesmo cargo. Além do mais, parece haver vários níveis de unção sobre os que ocupam tais cargos; portanto, podemos categorizar cada cargo por grau de unção. Por exemplo, existem alguns mestres que parecem ser mais ungidos que outros. O mesmo se aplica aos outros dons ministeriais. Pessoalmente, acredito que qualquer ministro possa fazer coisas que resultarão no aumento da unção sobre seu ministério, como se mostrar fiel por certo tempo e se consagrar profundamente ao Senhor.
Uma Olhada Mais Profunda no Cargo de Apostolo (A Closer Look at the Office of Apostle)
A palavra grega traduzida como apóstolo é apostolos e significa literalmente “o que é enviado”. Um verdadeiro apóstolo do Novo Testamento é um cristão enviado divinamente a um ou mais lugares para plantar igrejas. Ele lança o alicerce espiritual do “edifício” de Deus e pode ser comparado a um “mestre de obras”, como Paulo mesmo escreveu:
Pois nós somos cooperadores de Deus; vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus. Conforme a graça de Deus que me foi concedida, eu, como sábio construtor, lancei o alicerce, e outro está construindo sobre ele (1 Co. 3:9-10a, ênfase adicionada).
Um “construtor”, ou mestre de obras supervisiona todo o processo de construção — ele vê o produto terminado. Não é um especialista como o carpinteiro ou o pedreiro. Ele pode fazer o trabalho do carpinteiro ou pedreiro, mas provavelmente não tão bem quanto eles. Da mesma forma, o apóstolo tem a habilidade de fazer o trabalho de um evangelista ou pastor, mas somente por tempo limitado, já que planta igrejas. (O apóstolo Paulo normalmente ficava no mesmo lugar de seis meses a três anos).
O apóstolo é melhor no plantar e supervisionar de igrejas com o fim de mantê-las no curso de Deus. Ele é responsável por apontar líderes/pastores/presbíteros para pastorear cada congregação que planta (veja At. 14:21-23; Tt. 1:5).
Verdadeiros e Falsos Apóstolos (True and False Apostles)
Parece que alguns ministros hoje, sedentos por autoridade sobre igrejas, rapidamente declaram seus supostos chamados para serem apóstolos, mas a maioria tem um grande problema. Como não plantaram igrejas (ou talvez uma ou duas) e não têm os dons e unção de um apóstolo bíblico, precisam encontrar pastores ingênuos que lhes permitirão ter autoridade sobre suas igrejas. Se você for pastor, não se deixe enganar por apóstolos falsos, egocêntricos e famintos por poder. Normalmente, são lobos em peles de ovelhas e a maioria das vezes, querem dinheiro. As Escrituras nos exortam sobre falsos apóstolos (veja 2 Co. 11:13; Ap. 2:2). Se alguém lhe disser que é apóstolo, esta é uma provável indicação de que não é. Seu fruto deve falar por si só.
Um pastor que planta sua própria igreja e a pastoreia por anos não é apóstolo. Talvez, tais pastores possam ser chamados de “pastores apostólicos”, já que foram pioneiros e plantaram suas próprias igrejas. Mesmo assim, não são apóstolos, pois apóstolos plantam igrejas continuamente.
Um verdadeiro “missionário” (como são muitas vezes chamados hoje), chamado e ungido por Deus, que tem como chamado plantar igrejas, seria um apóstolo. Por outro lado, missionários que fundam faculdades teológicas ou treinam pastores não seriam apóstolos, mas mestres.
O verdadeiro ministério de um apóstolo é caracterizado por sinais e maravilhas sobrenaturais, que são instrumentos para ajudá-lo a plantar igrejas. Paulo escreveu:
Em nada sou inferior aos “super-apóstolos”, embora eu nada seja. As marcas de um apóstolo — sinais, maravilhas e milagres — foram demonstradas entres vocês, com grande perseverança (2 Co. 12:11b-12).
Se alguém não tem sinais e maravilhas acompanhando seu ministério, não é apóstolo. Obviamente, verdadeiros apóstolos são raros e não existem na igreja falsa e profana. Eu os encontro principalmente nos lugares do mundo que ainda tem território virgem para o evangelho.
A Alta Posição do Apóstolo (The High Rank of the Apostle)
Em ambas as listas de dons ministeriais do Novo Testamento, o posto de apóstolo é listado primeiro, indicando que é o maior chamado (veja Ef. 4:11; 1 Co. 12:28).
Ninguém começa o ministério como apóstolo. Alguém pode ser chamado para ser apóstolo, mas não começará neste posto. Ele deve primeiramente, se mostrar fiel por alguns anos no pregar e ensinar, e, eventualmente, ocupará a posição que Deus preparou para ele. Paulo foi chamado desde o ventre de sua mãe para ser apóstolo, mas gastou muitos anos no ministério em tempo integral antes de finalmente ocupar esse cargo (veja Gl. 1:15-2:1). Na verdade, ele começou como mestre e profeta (veja At. 13:1-2), e mais tarde foi promovido a apóstolo quando foi enviado pelo Espírito Santo (veja At. 14:14).
Encontramos menções de outros apóstolos além de Paulo e dos primeiros doze em Atos 1:15-26; 14:14; Romanos 16:7; 2 Coríntios 8:23; Gálatas 1:17-19; Filipenses 2:25 e 1 Tessalonicenses 1:1 juntamente com 2:6. (A palavra traduzida mensageiro em 2 Coríntios e Filipenses 2:25 é a palavra grega apostolos.) Isto cancela a teoria de que o posto apostólico era limitado a somente doze homens.
Contudo, somente doze apóstolos podem ser classificados como “Apóstolos do Cordeiro”, e somente aqueles doze terão um lugar especial no reinado milenar de Cristo (veja Mt. 19:28; Ap. 21:14). Não precisamos mais de apóstolos como Pedro, Tiago e João que foram especialmente inspirados para escrever as Escrituras, pois a revelação da Bíblia está completa. Contudo, hoje ainda precisamos de apóstolos que plantem igrejas pelo poder do Espírito Santo, assim como Paulo e outros apóstolos fizeram, como está escrito no livro de Atos.
O Cargo de Profeta (The Office of Prophet)
Um profeta é alguém que recebe revelações sobrenaturais e fala por inspiração divina. Ele é usado frequentemente com o dom espiritual da profecia assim como os de revelação: a palavra de sabedoria, a palavra de conhecimento e o discernimento de espíritos.
Qualquer crente pode ser usado por Deus com o dom de profecia como o Espírito deseja, mas isto não faz dele um profeta. Em primeiro lugar, um profeta é um ministro que pode pregar ou ensinar com unção. Por parecer ser o segundo maior chamado (veja a ordem em que está listado em 1 Coríntios 12:28), mesmo um ministro de tempo integral não seria colocado no posto de profeta até que estivesse no ministério por alguns anos. Se ocupar o cargo, terá a unção sobrenatural que o acompanhará.
Dois homens que são chamados profetas no Novo Testamento são Judas e Silas. Lemos em Atos 15:32 que entregaram uma longa profecia à igreja de Antioquia:
Judas e Silas, que eram profetas, encorajaram e fortaleceram os irmãos com muitas palavras.
Outro exemplo de profeta no Novo Testamento seria Ágabo. Lemos em Atos 11:27-28:
Naqueles dias alguns profetas desceram de Jerusalém para Antioquia. E um deles, Ágabo, levantou-se e pelo Espírito predisse que uma grande fome sobreviria a todo o mundo romano, o que aconteceu durante o reinado de Cláudio.
Note que Ágabo recebeu uma palavra de conhecimento — algo sobre o futuro que foi revelado a ele. É claro, que Ágabo não sabia tudo o que aconteceria no futuro, somente o que o Espírito Santo escolheu revelar a ele.
Em Atos 21:10-11, há outro exemplo da palavra de conhecimento operando através do ministério de Ágabo. Desta vez, era para uma pessoa, Paulo:
Depois de passarmos ali vários dias, desceu da Judéia um profeta chamado Ágabo. Vindo ao nosso encontro, tomou o cinto de Paulo e, amarrando as suas próprias mãos e pés, disse: “Assim diz o Espírito Santo: ‘Desta maneira os judeus amarrarão o dono deste cinto em Jerusalém e o entregarão aos gentios’”.
É bíblico debaixo da nova aliança buscar a direção dos profetas? Não. O motivo é que todos os cristãos têm o Espírito Santo para guiá-los. Um profeta deve somente confirmar a um crente o que este já sabe em seu próprio espírito que é a direção de Deus. Por exemplo, quando Ágabo profetizou a Paulo, não deu direção sobre o que devia fazer; somente confirmou o que Paulo já sabia havia algum tempo.
Como dito anteriormente, Paulo ocupava o cargo de profeta (e mestre) antes de ser chamado para o ministério de apóstolo (veja At. 13:1). Sabemos que Paulo recebia revelações do Senhor, de acordo com Gálatas 1:11-12, e que também tinha várias visões (veja At. 9:1-9; 18:9-10; 22:17-21; 23:11; 2 Co. 12:1-4).
Assim como não encontramos verdadeiros apóstolos, também não encontramos verdadeiros profetas na falsa igreja. Ela afastaria (e afasta) verdadeiros profetas como Silas, Judas e Ágabo. Isto, porque verdadeiros profetas trariam revelação do descontentamento de Deus por sua desobediência (assim como fez João à maioria das igrejas da Ásia Menor nos primeiros dois capítulos de Apocalipse). A falsa igreja não está aberta a isto.
O Cargo de Mestre (The Office of Teacher)
De acordo com a ordem listada em 1 Coríntios 12:28, o cargo de mestre é o terceiro maior chamado. Um mestre é alguém ungido de forma sobrenatural para ensinar a Palavra de Deus. O fato de alguém ensinar a Bíblia não significa que é um mestre do Novo Testamento. Muitos ensinam simplesmente por se sentirem obrigados, mas alguém que ocupa o cargo de mestre é ungido para ensinar. Muitas vezes, recebe revelações sobrenaturais a respeito da Palavra de Deus e pode explicar a Bíblia de forma que a faz compreensível e aplicável.
Apolo é um exemplo no Novo Testamento de alguém que ocupou esse cargo. Paulo comparou seu ministério apostólico e o de ensino de Apolo em 1 Coríntios dizendo:
Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer… lancei o alicerce, e outro está construindo sobre ele (1 Co. 3:6, 10b, ênfase adicionada).
Apolo, o mestre, não plantou ou lançou o alicerce do edifício. Ao invés disso, ele regou as novas mudas com a Palavra de Deus e construiu muros no alicerce já existente.
Apolo também é mencionado em Atos 18:27-28:
Querendo ele [Apolo] ir para a Acaia, os irmãos o encorajaram e escreveram aos discípulos que o recebessem. Ao chegar, ele auxiliou muitos dos que pela graça haviam crido, pois refutava vigorosamente os judeus em debate público, provando pelas Escrituras que Jesus é o Cristo.
Note que Apolo “auxiliou” a muitos que já eram cristãos e que seu ensino era vigoroso. Ensino ungido é sempre poderoso.
Para a igreja, o ministério de ensino é ainda mais importante que milagres ou dons de cura. Por isto é que ele está listado antes desses dons em 1 Coríntios 12:28:
Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dons de curar (ênfase adicionada).
Infelizmente, às vezes, cristãos são mais atraídos a curas do que a ouvir o claro ensino da Palavra, que produzirá crescimento espiritual e santidade em suas vidas.
A Bíblia fala de ambos, pregação e ensino. Ensino é mais lógico e instrucional, enquanto pregação tende a inspirar e motivar mais. Normalmente, evangelistas pregam; mestres e pastores ensinam; apóstolos pregam e ensinam. É uma pena que alguns crentes não reconhecem o valor do ensino. Alguns até pensam que os palestrantes só estão ungidos se pregarem alto e rápido! Não é assim que funciona.
Jesus é o melhor exemplo de um mestre ungido. Seu ensino era uma parte tão predominante de Seu ministério que muitos se referiam a Ele como “Mestre” (Mt. 8:19; Mc. 5:35; Jo. 1:28).
Para maior estudo sobre mestres e ensino, veja Atos 2:42; 5:21, 25, 28, 42; 11:22-26; 13:1; 15:35; 18:11; 20:18-20; 28:30-31; Romanos 12:6-7; 1 Coríntios. 4:17; Gálatas 6:6; Colossenses 1:28; 1 Timóteo 4:11-16; 5:17; 6:2; 2 Timóteo 1:11; 2:2 e Tiago 3:1. A última passagem listada nos diz que mestres serão julgados de forma mais rígida; portanto, devem tomar muito cuidado com o que ensinam. Devem ensinar somente a Palavra.
A Função de Evangelista (The Office of Evangelist)
O evangelista é aquele que é ungido para pregar o evangelho. Suas mensagens têm por objetivo levar pessoas ao arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo. São acompanhadas por milagres que atraem a atenção dos ímpios e os convence da verdade de sua mensagem.
Sem dúvida, havia muitos evangelistas na igreja primitiva, mas somente um homem está no livro de Atos como evangelista. Seu nome era Filipe: “ficamos na casa de Filipe, o evangelista, um dos sete” (At. 21:8, ênfase adicionada).
Filipe começou seu ministério como um servo (ou talvez “diácono”) que servia às mesas (veja At. 6:1-6). Foi promovido à função de evangelista por volta do tempo da perseguição da Igreja que se levantou com o martírio de Estevão; e pregou o evangelho primeiramente em Samaria:
Indo Filipe para uma cidade de Samaria, ali lhes anunciava o Cristo. Quando a multidão ouviu Filipe e viu os sinais maravilhosos que ele realizava, deu unânime atenção ao que ele dizia. Os espíritos imundos saíam de muitos, dando gritos, e muitos paralíticos e mancos foram curados. Assim, houve grande alegria naquela cidade (At. 8:5-8).
Note que Filipe tinha uma mensagem — Cristo. Seu objetivo era começar a fazer discípulos, isto é, seguidores obedientes de Cristo. Ele proclamava Cristo como um fazedor de milagres, Filho de Deus, Senhor, Salvador e Juiz. Ele chamava as pessoas a se arrependerem e seguirem ao seu Senhor.
Note também que Filipe foi equipado com sinais e maravilhas sobrenaturais que autenticavam sua mensagem. Alguém que ocupa o cargo de evangelista será ungido com dons de cura e outros dons espirituais. A falsa igreja só tem falsos evangelistas que proclamam um falso evangelho. O mundo está cheio de evangelistas assim hoje, e é óbvio que Deus não está confirmando suas mensagens com milagres e curas. A simples razão é que não estão pregando Seu evangelho. Não pregam realmente a Cristo. Normalmente pregam sobre as necessidades das pessoas e como Cristo pode dar-lhes vida abundante, ou pregam uma fórmula de salvação que não inclui arrependimento. Levam pessoas a uma falsa conversão que as livra de culpa, mas não as salva. O resultado de sua pregação é que pessoas têm menos chance de renascer, pois não veem necessidade de receber o que acham que já têm. Na verdade, tais evangelistas ajudam a construir o reino de Satanás.
O cargo de evangelista não está listado com os outros dons ministeriais em 1 Coríntios 12:28 como está em Efésios 4:11. Contudo, estou assumindo que a referência aos que “realizam milagre, os que têm dons de curar” se aplica ao cargo de evangelista, já que caracterizavam o ministério evangelístico de Filipe e dariam autenticação sobrenatural ao ministério de qualquer evangelista.
Muitos que viajam de igreja em igreja nomeando-se evangelistas não o são realmente, pois só pregam a cristãos em prédios de igrejas, e não estão equipados com os dons de cura ou milagres. (Alguns fingem ter tais dons, mas só podem enganar aos ingênuos. Seus maiores milagres são fazer pessoas cair por certo tempo quando os empurram.) Esses ministros podem ser mestres, pregadores ou exortadores (veja Rm. 12:8), mas não ocupam o cargo de evangelista. No entanto, é possível que Deus possa começar o ministério de alguém como exortador ou pregador e, mais tarde, promovê-lo ao cargo de evangelista.
Para maior estudo a respeito do cargo de evangelista, leia Atos 8:4-40, um registro do ministério de Filipe. Note a importância da interdependência dos dons ministeriais (veja os versículos 14-25 em particular) e como Filipe não só pregou o evangelho às multidões, mas foi levado por Deus para ministrar a indivíduos também (veja At. 8:25-39).
Parece que evangelistas são comissionados a batizar seus convertidos, mas não são necessariamente comissionados a ministrar o batismo no Espírito Santo a novos crentes. Isto seria de responsabilidade principal dos apóstolos ou pastores/presbíteros/bispos.
A Função de Pastor (The Office of Pastor)
Dois capítulos atrás, comparei o papel bíblico do pastor com aquele do pastor institucional normal. Contudo, há ainda mais a dizer sobre o ministério do pastor.
Para entender completamente o que as Escrituras ensinam sobre o cargo de pastor, precisamos entender três palavras gregas. No grego elas são (1) poimen, (2) presbuteros e (3) episkopos. São consecutivamente traduzidas (1) pastor, (2) presbítero e (3) bispo.
A palavra poimen é encontrada dezoito vezes no Novo Testamento e é traduzida por pastor (de ovelhas) dezessete vezes e pastor (de igreja) uma vez. O verbo poimaino, é encontrado onze vezes e a maioria das vezes é traduzida como pastorear (ovelhas).
A palavra grega prebuteros é encontrada sessenta e seis vezes no Novo Testamento, sendo sessenta dessas vezes traduzida por presbítero ou presbíteros.
Por último, a palavra grega episkopos é encontrada cinco vezes no Novo Testamento, e é traduzida por bispo quatro vezes.
Todas essas palavras se referem ao mesmo cargo na igreja, e são usadas de forma alternada. Sempre que o apóstolo Paulo plantava igrejas, apontava presbíteros (presbuteros) que eram encarregados das congregações locais (veja Ac. 14:23, Tt. 1:5). A responsabilidade deles era de agir como bispos (episkopos) e pastorear (poimaino) seus rebanhos. Por exemplo, lemos em Atos 20:17:
De Mileto, Paulo mandou chamar os presbíteros [presbuteros] da igreja de Éfeso (ênfase adicionada).
E o que Paulo disse a esses presbíteros?
Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos [episkopos], para pastorearem [poimaino] a igreja de Deus, que ele comprou com o seu próprio sangue (At. 20:28, ênfase adicionada).
Note o uso alternado das três palavras gregas. Não são cargos diferentes. Paulo disse aos presbíteros que eles eram os bispos que deveriam agir como pastores (de ovelhas).
Pedro escreveu em sua primeira epístola:
Portanto, apelo para os presbíteros [presbuteros] que há entre vocês, e o faço na qualidade de presbítero como eles e testemunha dos sofrimentos de Cristo, como alguém que participará da glória a ser revelada: pastoreiem [poimaino] o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho. Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória (1 Pd. 5:1-4, ênfase adicionada).
Pedro disse aos presbíteros que pastoreassem seu rebanho. O verbo que foi traduzido aqui como pastorear, foi traduzido (como substantivo) por pastor em Efésios 4:11:
E Ele [Jesus] designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres (ênfase adicionada).
Isso também nos leva a acreditar que presbíteros e pastores são a mesma coisa.
Paulo também usou as palavras presbítero (presbuteros) e bispo (episkopos) alternadamente em Tito 1:5-7:
A razão de tê-lo deixado em Creta foi para que você pusesse em ordem o que ainda faltava e constituísse presbíteros em cada cidade, como eu o instruí…é necessário que o bispo seja irrepreensível (ênfase adicionada).
Portanto, não pode ser debatido de modo lógico que o cargo de pastor, presbítero e bispo não sejam o mesmo cargo. Qualquer coisa escrita sobre bispos e presbíteros nas epístolas do Novo Testamento é, portanto, aplicável a pastores.
Controle da Igreja (Church Governance)
As Escrituras citadas acima deixam bem claro que os presbíteros/pastores/bispos recebem poder para supervisionar a igreja, assim como autoridade de liderança. Deixando bem simples, os presbíteros/pastores/bispos estão no controle e os membros das igrejas devem se submeter a eles:
Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas (Hb. 13:17).
É claro que nenhum cristão deve se submeter a um pastor que não é submetido a Deus, mas ele deve reconhecer que nenhum pastor é perfeito.
Os pastores/presbíteros/bispos têm autoridade sobres suas igrejas assim como um pai tem autoridade sobre sua família:
É necessário, pois, que o bispo [pastor/presbítero] seja irrepreensível… Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade. Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus? (1 Tm. 3:2-5, ênfase adicionada).
Paulo continuou dizendo:
Os presbíteros [pastores/bispos] que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino (1 Tm. 5:17, ênfase adicionada)
Está claro que presbíteros devem governar a igreja.
Presbíteros Não-Bíblicos (Unscriptural Elders)
Muitas igrejas acreditam que suas estruturas governamentais são bíblicas porque têm um grupo de presbíteros que lideram, mas o problema é que seu conceito de presbíteros está errado. Normalmente os presbíteros são eleitos e rotativos dentro das congregações. São muitas vezes chamados de “Corpo de Presbíteros”. Mas tais pessoas não são presbíteros por definição bíblica. Se simplesmente examinarmos os requisitos que Paulo enumerou para que um homem seja presbítero, isso se torna bem claro. Paulo escreveu que um presbítero ocupa um cargo integral e, portanto, pago, de ensino/pregação e governo na igreja (veja 1 Tm. 3:4-5; 5:17-18; Tt. 1:9). Poucas pessoas, se há alguma no “corpo de presbíteros”, se encaixam nessas qualificações. Elas não são pagas; não pregam ou ensinam; não trabalham em tempo integral na igreja; e mal sabem como liderar uma igreja.
O governo não-bíblico de uma igreja pode muito bem ser a causa de mais problemas na igreja local do que qualquer outra coisa. Quando as pessoas erradas estão liderando uma igreja, problemas aparecem. Isso pode abrir a porta para disputas, desacordos e completo extermínio de uma igreja. Uma estrutura governamental de igreja não-bíblica é como dar as boas vidas à Satanás.
Sei que estou escrevendo a pastores de igrejas institucionais assim como de igrejas nos lares. Alguns pastores de igrejas institucionais podem estar pastoreando igrejas que têm estruturas governamentais não-bíblicas onde presbíteros são escolhidos pela congregação. Normalmente, essas estruturas governamentais não-bíblicas não podem ser alteradas sem brigas se desenvolverem.
Meu conselho a tais pastores é que façam o melhor com a ajuda de Deus para mudar a estrutura governamental da igreja e encarar o possível conflito temporário inevitável, já que conflitos regulares serão inevitáveis se ele nada fizer. Se obtiver sucesso encarando disputas temporárias, terá evitado todas as futuras disputas. Se fracassar, sempre poderá começar uma nova igreja e fazê-la de acordo com as Escrituras desde o início.
Mesmo doloroso, no final, provavelmente terá dado mais frutos para o Reino de Deus. Se aqueles que estão atualmente governando suas igrejas são verdadeiros discípulos de Cristo, eles têm chance de convencer os membros a mudarem a estrutura, se puder convencê-los respeitosamente através das Escrituras a fazer as mudanças necessárias.
Presbíteros no Plural? (The Plurality of Elders?)
Alguns gostam de enfatizar que a Bíblia sempre se refere a presbíteros no plural, mostrando, aparentemente, que não é bíblico ter somente um presbítero/pastor/bispo liderando o rebanho. Contudo, em minha opinião, isto não é prova conclusiva. Realmente, a Bíblia menciona que, em algumas cidades, mais de um presbítero liderava a igreja, mas não diz que esses presbíteros atuavam como iguais sobre uma única congregação. Por exemplo, quando Paulo reuniu os presbíteros de Éfeso (veja At. 20:17), é bem óbvio que aqueles presbíteros eram de uma cidade em que o corpo total consistia de milhares e talvez dezenas de milhares de pessoas (veja At. 19:19). Portanto, devia haver vários rebanhos em Éfeso e é bem possível que cada presbítero liderasse uma igreja no lar.
Não há exemplo nas Escrituras de que Deus tenha chamado um comitê para cumprir uma tarefa. Quando quis libertar Israel do Egito, chamou um homem, Moisés, para ser o líder. Outros foram chamados para ajudá-lo, mas eram-lhe todos inferiores; como ele, cada um tinha responsabilidade sobre um sub-grupo de pessoas. Esse padrão é encontrado repetidamente nas Escrituras. Quando Deus tem uma tarefa, chama uma pessoa para ter a responsabilidade e chama outros para ajudar essa pessoa.
Portanto, parece improvável que Deus chamasse um comitê de presbíteros de igual autoridade para liderar uma pequena igreja no lar de vinte pessoas. Parece um convite a discussões.
Isso não quer dizer que todas as igrejas nos lares devem ser lideradas por somente um presbítero. Contudo, significa que se há mais de um presbítero, o mais novo e menos maduro espiritualmente deve se submeter ao mais velho e espiritualmente mais maduro. Espiritualmente, são as igrejas, não as faculdades teológicas, que devem treinar novos pastores/presbíteros/bispos e, portanto, é bem possível e até desejável que hajam vários presbíteros/pastores/bispos em uma igreja no lar, com os espiritualmente mais novos sendo discipulados pelos espiritualmente mais maduros.
Tenho observado esse fenômeno até em igrejas que são supostamente lideradas por líderes que atuam como “iguais”. Sempre há um que é admirado pelos outros. Ou há alguém que é dominante enquanto os outros são mais passivos. Caso contrário, eventualmente haverá divisões. É fato que até comitês elegem um líder. Quando um grupo de iguais decide realizar uma tarefa, reconhecem que deve haver um líder. E assim é na igreja.
Além do mais, a responsabilidade dos presbíteros é comparada à responsabilidade dos pais por Paulo em 1 Timóteo 3:4-5. Presbíteros devem cuidar de suas próprias casas, caso contrário não são qualificados para cuidar da igreja. Mas será que uma família com dois pais seria bem administrada? Acho que haveria problemas.
Presbíteros/pastores/bispos devem estar interligados em um corpo local maior para que possam prestar conta de suas ações entre companheiros que possam ajudar, caso problemas surjam. Paulo escreveu sobre um “presbitério” (veja 1 Tm. 4:14), que deve ter sido uma reunião de presbuteros (presbíteros) e possivelmente outros homens com dons ministeriais. Se houver um apóstolo fundador, ele também pode ajudar, se houver problemas em um corpo local gerados pelo erro de um presbítero. Quando pastores institucionais se desviam, o resultado é sempre grandes problemas por causa da estrutura da igreja. Há um prédio e programas a serem mantidos. Mas igrejas nos lares podem ser instantaneamente desfeitas quando um pastor se desvia. Os membros podem simplesmente se juntar a outro corpo.
Autoridade para Servir (Authority to Serve)
O fato de Deus dar ao pastor autoridade espiritual e governamental em sua igreja, não dá a ele o direito de dominar Seu rebanho. Ele não é Senhor deles — Jesus é. Eles não são seu rebanho — são rebanho do Senhor.
Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele, não por obrigação, mas de livre vontade, como Deus quer. Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir. Não ajam como dominadores dos que lhes foram confiados, mas como exemplos para o rebanho. Quando se manifestar o Supremo Pastor, vocês receberão a imperecível coroa da glória (1 Pd. 5:2-4, ênfase adicionada).
Cada pastor terá que dar contas de seu ministério algum dia diante do trono de julgamento de Cristo.
Além do mais, sobre a questão financeira, um único pastor/presbítero/bispo não deve agir sozinho. Se houver dinheiro sendo coletado regularmente ou esporadicamente por qualquer motivo, outros dentro do corpo devem ajudar para que não haja falta de confiança a respeito do manejo dos fundos (veja 2 Co. 8:18-23). Esse pode ser um grupo apontado ou eleito.
Pagando os Presbíteros (Paying Elders)
As Escrituras deixam claro que pastores/presbíteros/bispos devem ser pagos, já que trabalham na igreja por tempo integral. Paulo escreveu:
Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino, pois a Escritura diz: “Não amordace o boi enquanto está debulhando o cereal”, e “o trabalhador merece o seu salário” (1 Tm. 5:17-18)
O assunto é claro — Paulo até usa a palavra salário. Sua frase mais vaga sobre dar dupla honra aos presbíteros que lideram bem é facilmente entendida quando o contexto é considerado. Nos versículos anteriores, Paulo inequivocamente escreveu sobre a responsabilidade da igreja de sustentar financeiramente viúvas que, caso contrário, não seriam sustentadas, e começou usando a mesma expressão: “Honre as viúvas que são realmente necessitadas” * (1 Tm. 5:3-16). Portanto, nesse contexto, “honrar” significa sustentar financeiramente. Presbíteros que lideram bem devem ser duplamente honrados, recebendo pelo menos duas vezes mais do que é dado às viúvas e ainda mais se tiverem filhos.
A igreja institucional ao redor do mundo sustenta a maioria de seus pastores (até mesmo em nações pobres), mas parece que muitas igrejas nos lares, especialmente aquelas do Ocidente, não. Acredito que isso é parte por causa do fato de que os motivos de muitas pessoas do mundo ocidental para se unirem a igrejas nos lares é que são na verdade rebeldes de coração e estão procurando, e encontraram, a forma de cristianismo menos exigente existente no planeta. Dizem que se juntaram a uma igreja no lar porque queriam fugir da escravidão da igreja institucional, mas na verdade, queriam fugir de qualquer compromisso com Cristo. Encontraram igrejas que não pedem por compromisso financeiro, igrejas muito diferentes do que Cristo espera de Seus discípulos. Aqueles que têm o dinheiro como deus e provam isso acumulando seus tesouros na terra ao invés de no céu não são verdadeiros discípulos de Cristo (veja Mt. 6:19-24; Lc. 14:33). Se o cristianismo de alguém não afeta o que faz com seu dinheiro, ele não é um verdadeiro cristão.
Igrejas nos lares que dizem ser bíblicas devem sustentar seus pastores, assim como cuidar dos pobres e contribuir com missões. No dar e em todos os assuntos financeiros, eles devem ser bem melhores que igrejas institucionais, já que não têm prédios ou equipe para pagar. Não é preciso mais que dez pessoas que dizimam para sustentar um pastor. Dez pessoas que dão 20% de seus salários podem sustentar integralmente um pastor e um missionário que tenha o mesmo padrão que seu pastor.
O que os Pastores Fazem? (What do Pastors do?)
Imagine-se perguntando a um membro de igreja, “De quem é o trabalho de fazer as seguintes coisas?”
Quem deve compartilhar o evangelho com os incrédulos? Ter uma vida santa? Orar? Exortar, encorajar e ajudar outros crentes? Visitar os doentes? Impor as mãos sobre os doentes e curá-los ? Levar os fardos dos outros? Exercitar seus dons pelo bem do corpo?Negar a si mesmo sacrificando-se pelo bem do Reino de Deus? Fazer e batizar discípulos, ensinando-os a obedecer os mandamentos de Cristo?
Muitos crentes responderão sem hesitação: “Todas essas são responsabilidades do pastor”. Mas são mesmo?
De acordo com as Escrituras, todos os crentes devem compartilhar o evangelho com os ímpios:
Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhe pedir a razão da esperança que há em vocês (1 Pd. 3:15).
Todos os salvos devem ter uma vida santa:
Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem. Pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo” (1 Pd. 1:15-16).
Todos os salvos devem orar:
Alegrem-se sempre. Orem continuamente (1 Ts. 5:16-17).
Todos os salvos devem exortar, encorajam e ajudar outros crentes:
Exortamos vocês, irmãos, a que advirtam os ociosos, confortem os desanimados, auxiliem os fracos, sejam pacientes para com todos (1 Ts. 5:14, ênfase adicionada).
Todos os salvos devem visitar os doentes:
Necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso e vocês me visitaram (Mt. 25:36).
Mais Responsabilidades (More Responsibilities)
Mas isso não é tudo. Todos os salvos devem impor as mãos e curar os doentes:
Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados (Mc. 16:17-18, ênfase adicionada).
Todos os crentes devem carregar os fardos de seus companheiros cristãos:
Levem os fardos pesados uns dos outros e, assim, cumpram a lei de Cristo (Gl. 6:2)
É esperado que todos os salvos exerçam seus dons em favor de outros:
Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente se é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que o faça com alegria (Rm. 12:6-8).
Todos os crentes devem negar a si mesmos, sacrificando-se pelo evangelho:
Então ele chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará (Mc. 8:34-35, ênfase adicionada).
E é esperado que todos os salvos façam e batizem discípulos, ensinando-os a obedecer os mandamentos de Cristo:
Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus (Mt. 5:19, ênfase adicionada).
Embora a esta altura já devessem ser mestres, vocês precisam de alguém que lhes ensine novamente os princípios elementares da palavra de Deus. Estão precisando de leite, e não de alimento sólido (Hb. 5:12, ênfase adicionada)!
Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarem sempre com vocês, até o fim dos tempos (Mt. 28:18-20, ênfase adicionada).[2]
Todas essas responsabilidades são entregues a todos os salvos, mesmo assim, a maioria dos que frequentam igrejas acham que essas tarefas pertencem somente aos pastores. O motivo é provavelmente porque os próprios pastores acham que essas são responsabilidades somente deles.
Então, o que os Pastores Devem Fazer (So What are Pastors Supposed to do?)
Se todas essas responsabilidades são entregues a todos os crentes, o que os pastores devem fazer?Eles são simplesmente chamados para equipar os santos para fazerem todas essas coisas (veja Ef. 4:11-12). São chamados para ensinar os santos a obedecerem todos os mandamento de Cristo (veja Mt. 28:18-20) por instrução e exemplo (veja 1 Tm. 3:2; 4:12-13; 5:17; 2 Tm. 2:2; 3:16-4:4; 1 Pd. 5:1-4).
É impossível que as Escrituras deixem isso mais claro. O papel bíblico do pastor não é reunir o maior número possível de pessoas para o culto de domingo de manhã, mas apresentar “todo homem perfeito em Cristo” (Cl. 1:28). Pastores bíblicos não causam coceira nos ouvidos das pessoas (veja 2 Tm. 4:3); eles ensinam, treinam, exortam, admoestam, corrigem, censuram e repreendem, tudo de acordo com a Palavra de Deus (veja 2 Tm. 3:16-4:4).
Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo listou algumas qualificações para que um homem ocupe o cargo de pastor. Das quinze qualificações, quatorze são a respeito de seu caráter, mostrando que o exemplo de vida é o mais importante:
Esta afirmação é digna de confiança: Se alguém deseja ser bispo, deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar; não deve ser apegado ao vinho, nem violento, mas sim amável, pacífico e não apegado ao dinheiro. Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade. Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus?Não pode ser recém-convertido, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que caiu o Diabo. Também deve ter boa reputação perante os de fora, para que não caia em descrédito nem na cilada do Diabo (1 Tm. 3:1-7).
Quando comparamos essas qualificações com aquelas listadas por muitas igrejas institucionais que buscam um novo pastor descobrimos o principal problema de tantas igrejas. Elas estão procurando um gerenciador/humorista/pregador de sermões curtos/administrador/psicologista/diretor de programas e atividades/arrecadador de recursos/amigo de todos/uma máquina de trabalho. Elas querem alguém que “leve adiante o ministério da igreja”. Contudo, o administrador bíblico deve ser, acima de tudo, um homem de grande caráter e completamente comprometido com Cristo, um verdadeiro servo, porque seu objetivo é reproduzir a si mesmo. Ele deve ser capaz de dizer ao seu rebanho: “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou do Cristo” (1 Co. 11:1).
Para um estudo mais detalhado a respeito da função do pastor, veja também Atos 20:28-31; 1 Timóteo 5:17-20 e Tito 1:5-9.
O Cargo de Diácono (The Office of Deacon)
Concluindo, deixe-me mencionar algo a respeito dos diáconos. O cargo de diácono é o único outro cargo na igreja local e não faz parte dos cinco dons ministeriais. Diferente dos anciãos, os diáconos não têm autoridade administrativa na igreja. A palavra grega traduzida como diácono é diakonos, que literalmente significa “servo”.
Os sete homens escolhidos para a tarefa diária de alimentar as viúvas da igreja de Jerusalém são considerados os primeiros diáconos (veja At. 6:1-6). Eles foram escolhidos pela congregação e comissionados pelos apóstolos. Mais tarde, pelo menos dois deles, Filipe e Estevão, foram promovidos por Deus para serem poderosos evangelistas.
Diáconos também são mencionados em 1 Timóteo 3:8-13 e Filipenses 1:1. Aparentemente, esse cargo pode ser preenchido tanto por homens quanto por mulheres (veja 1 Tm. 3:11).
[1] Esta é somente uma maneira de dizer: “De fazer discípulos para Jesus Cristo”.
* Nota do tradutor: versículo traduzido do inglês.
[2] Se era esperado que os discípulos de Jesus ensinassem seus discípulos a fazer tudo o que Ele havia mandado, eles consequentemente teriam ensinados seus discípulos a fazerem discípulos, batizando-os e ensinando-os a obedecer a tudo o que Cristo ensinou. Portanto, o fazer, batizar e ensinar discípulos teria sido um mandamento perpétuo obrigatório a todos os discípulos subsequentes.