A Vida Após a Morte

Capítulo Vinte e Sete (Chapter Twenty-Seven)

 

A maioria dos cristãos sabe que quando as pessoas morrem, vão para o céu ou para o inferno. Contudo, nem todos sabem que o céu não é a habitação final dos santos, e que o Hades não é a habitação final dos perdidos.

Quando os seguidores de Jesus Cristo morrem, seus espíritos/almas vão imediatamente para o céu, onde Deus mora (veja 2 Co. 5:6-8; Fp. 1:21-23; 1 Ts. 4:14). Contudo, no futuro, Deus criará um novo céu e uma nova terra, onde a Nova Jerusalém descerá dos céus para a terra (veja 2 Pd. 3:13; Ap. 21:1-2). Lá, os santos viverão para sempre.

Quando os ímpios morrem, vão imediatamente para o Hades, mas ele é somente um lugar para onde vão para esperar a ressurreição de seus corpos. Quando esse dia chegar, ficarão diante do trono de julgamento de Deus e serão lançados no lago que queima com fogo e enxofre, que é chamado de Geenna na Bíblia. Consideraremos tudo isso com mais detalhes das Escrituras.

Quando os Ímpios Morrem (When the Unrighteous Die)

Para melhor entendermos o que acontece aos ímpios depois da morte, devemos estudar um palavra hebraica do Velho Testamento e três palavras gregas do Novo Testamento. Mesmo que essas palavras hebraica e gregas descrevam três lugares diferentes, na maioria das vezes, são traduzidas como inferno em certas traduções bíblicas, o que pode ser confuso aos leitores.

Primeiro, vamos considerar a palavra hebraica do Velho Testamento, Sheol.

A palavra Sheol é mencionada mais de sessenta vezes no Velho Testamento. Claramente, ela se refere ao lugar após morte dos incrédulos. Por exemplo, quando Corá e seus seguidores se rebelaram contra Moisés no deserto, Deus os puniu abrindo o chão que os engoliu, bem como todas as suas posses. As Escrituras dizem que eles caíram no Sheol:

Desceram vivos à sepultura [Sheol], com tudo o que possuíam; a terra fechou-se sobre eles, e pereceram, desaparecendo do meio da assembléia (Nm. 16:33, ênfase adicionada).

Mais tarde na história de Israel, Deus os avisou de que Sua ira acendeu um fogo que queima até o Sheol:

Pois um fogo foi aceso pela minha ira, fogo que queimará até as profundezas do Sheol. Ele devorará a terra e as suas colheitas e consumirá os alicerces dos montes (Dt. 32:22, ênfase adicionada).

O rei Davi declarou:

Voltem os ímpios ao pó [Sheol], todas a nações que se esquecem de Deus (Sl. 9:17, ênfase adicionada).

E ele orou contra os ímpios dizendo:

Que a morte apanhe os meus inimigos de surpresa! Desçam eles vivos para a sepultura [Sheol], pois entre eles o mal acha guarida (Sl. 55:15, ênfase adicionada).

Advertindo jovens homens contra a astúcia das meretrizes, Salomão escreveu:

A casa dela é um caminho que desce para a sepultura [Sheol] para as moradas da morte… Mas eles nem imaginam que ali estão os espíritos dos mortos, que os seus convidados estão nas profundezas da sepultura [Sheol] (Pv.7:27; 9:18, ênfase adicionada).

Salomão escreveu outros provérbios que nos levam a crer que certamente não são os santos que acabarão no Sheol:

O caminho da vida conduz para cima quem é sensato, para que ele não desça à sepultura [Sheol] (Pv. 15:24, ênfase adicionada).

Castigue-a, você mesmo, com a vara, e assim a livrará da sepultura [Sheol] (Pv. 23:14, ênfase adicionada).

Finalmente, prevendo a descrição de Jesus do inferno, Isaías falou profeticamente ao rei da Babilônia, que tinha se exaltado, mas que seria lançado no Sheol:

Nas profundezas o Sheol está todo agitado para recebê-lo quando chegar. Por sua causa ele desperta os espíritos dos mortos, todos os governantes da terra. Ele os faz levantar-se dos seus tronos, todos os reis dos povos. Todos responderão e lhe dirão: “Você também perdeu as forças como nós, e tornou-se como um de nós”. Sua soberba foi lançada na sepultura [Sheol], junto com o som das suas liras; sua cama é de larvas, sua coberta, de vermes. Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra, você que derrubava as nações! Você, que dizia no seu coração: “Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo”. Mas às profundezas do Sheol você será levado, irá ao fundo do abismo! Os que olham para você admiram-se da sua situação, e a seu respeito ponderam: “É esse o homem que fazia tremer a terra, abalava os reinos, cidades e não deixou que os seu prisioneiros voltassem para casa?” (Pv. 14:9-17, ênfase adicionada).

Essas passagens e outras como elas nos levam a crer que o Sheol sempre foi e ainda é um lugar de tormento onde os ímpios são encarceirados depois de suas mortes. E há mais provas.

Hades (Hades)

Está claro que a palavra grega do Novo Testamento, Hades, se refere ao mesmo lugar que a palavra hebraica do Velho Testamento Sheol. Como prova disso, tudo o que temos que fazer é comparar Salmos 16:10 com Atos 2:27, onde lemos:

Porque tu não me abandonarás no sepulcro [Sheol], nem permitirás que o teu santo sofra decomposição (Sl. 16:10, ênfase adicionada)*.

Porque tu não me abandonarás no sepulcro [Hades], nem permitirás que o teu Santo sofra decomposição (At. 2:27, ênfase adicionada).

É interessante que em todos as dez vezes em que Hades é mencionado no Novo Testamento, é sempre no sentido negativo e muitas vezes como lugar de tormento, onde os maus são encarceirados após a morte. (veja Mt. 11:23; 16:18; Lc. 10:15; 16:23; At. 2:27; 2:31; Ap. 1:18; 6:8; 20:13-14). Novamente, tudo isso indica que o Sheol/Hades foi e é um lugar após morte para os ímpios, um lugar de tormento.[1]

Jesus Foi Para o Sheol/Hades? (Did Jesus Go to Sheol/Hades?)

Vamos considerar mais detalhadamente Salmos 16:10 e sua citação por Pedro registrada em Atos 2:27, dois versículos que indicam que o Sheol e Hades são o mesmo lugar. De acordo com o sermão de Pentecoste de Pedro, Davi não falava de si mesmo em Salmos 16:10, mas falava profeticamente de Cristo, pois o corpo de Davi, diferentemente do corpo de Cristo, sofreu decomposição (veja At. 2:29-31). Portanto, percebemos que, na verdade, era Jesus falando com Seu Pai no salmo 16:10, declarando Sua crença que Seu Pai não abandonaria Sua alma no Sheol ou permitiria que Seu corpo sofresse decomposição.

Alguns interpretam essa declaração de Jesus como prova que Sua alma foi ao Sheol/Hades durante os três dias entre Sua morte e ressurreição. Contudo, não é isso que está implícito. Veja novamente o que exatamente Jesus disse ao Seu Pai:

Porque tu não me abandonarás ao sepulcro [Sheol], nem permitirás que o teu santo sofra decomposição (Sl. 16:10, ênfase adicionada)*.

Jesus não estava dizendo ao Seu Pai: “Eu sei que minha alma ficará alguns dias no Sheol/Hades, mas creio que o Senhor não Me abandonará lá”. Ele estava dizendo: “Acredito que quando morrer não serei tratado como o ímpios, tendo minha alma abandonada no Sheol/Hades. Não ficarei lá nem um minuto. Não! Creio que Seu plano é me ressuscitar em três dias, e não permitirá que Meu corpo sofra decomposição”.

Com certeza, essa interpretação é garantida. Quando Jesus disse: “Nem permitirás que o teu Santo sofra decomposição”, não interpretamos que o corpo de Jesus se decompôs progressivamente por três dias até que fosse restaurado em Sua ressurreição. Interpretamos que Seu corpo nunca sofreu qualquer decomposição, desde a hora de Sua morte até Sua ressurreição.

Da mesma forma, Sua afirmação de que Sua alma não seria abandonada no Sheol/Hades não precisa ser interpretada de forma que Ele tenha ficado no Sheol/Hades por alguns dias, mas que não foi abandonado lá.[2] Ela deve ser interpretada de forma que signifique que Sua alma não seria tratada como a alma de um injusto que seria abandonada no Sheol/Hades. Sua alma nunca passaria um só minuto lá. Note também que Jesus disse: “Porque tu não me abandonarás ao sepulcro”* e não “Porque tu não me abandonarás no sepulcro”.

Onde Esteve a Alma de Jesus Durante os Três Dias?(Where Was Jesus’ Soul During the Three Days?)

Lembre-se que Jesus disse aos Seus discípulos que passaria três dias e três noites “no coração da terra” (Mt. 12:40). Essa não parece uma referência provável ao Seu corpo ficar em uma tumba por três dias, já que dificilmente seria considerado que uma tumba ficasse “no coração da terra”. Jesus devia estar falando sobre Seu espírito/alma estar dentro da terra. Portanto, podemos concluir que Seu espírito/alma não estava no céu entre Sua morte e ressurreição. Jesus afirmou isso em Sua ressurreição quando disse a Maria que ainda não tinha voltado ao Seu Pai (veja Jo. 20:17).

Tenha em mente que Jesus também disse ao ladrão arrependido na cruz que estaria com ele naquele mesmo dia no paraíso (veja Lc. 23:43). Juntando todos esse fatos, sabemos que o espírito/alma de Jesus passou três dias e três noites no coração da terra. Pelo menos parte desse tempo Ele ficou em um lugar chamado “paraíso”, que certamente não parece um sinônimo aceitável ao lugar de tormento chamado Sheol/Hades!

Tudo isso me leva a pensar que deve haver um lugar no coração da terra além do Sheol/Hades, um lugar chamado paraíso. Com certeza, essa ideia é sustentada por uma parábola que Jesus contou de duas pessoas que morrem, um justo e um injusto, Lázaro e o homem rico. Vamos lê-la:

Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e vivia no luxo todos os dias. Diante do seu portão fora deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas; este ansiava comer o que caía da mesa do rico. Até os cães vinham lamber suas feridas. Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado. No Hades, onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado. Então, chamou-o: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo”. Mas Abraão respondeu: “Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo consolado aqui e você está em sofrimento. E além disso, entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que desejam passar do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem” (Lc. 16:19-26, ênfase adicionada).

É claro que ambos, Lázaro e o homem rico não estavam mais em seus corpos, uma vez que morreram, mas tinham ido para seus respectivos lugares como espíritos/almas.

Onde Estava Lázaro?(Where Was Lazarus?)

Note que o homem rico se encontrou no Hades, mas podia ver Lázaro em outro lugar com Abraão. Aliás, a Bíblia diz que Lázaro estava ao lado de Abraão, não como referência a um lugar, mas, provavelmente, ao conforto que Lázaro recebia quando lá chegou.

Qual era a distância entre o homem rico e Lázaro depois de mortos? As Escrituras dizem que o homem rico viu Lázaro “de longe”, e somos informados que havia “um grande abismo” entre eles. Então, a distância entre eles é uma questão de especulação. Contudo, parece lógico concluir que a distância entre eles não era tão grande quanto a distância entre o coração da terra e o céu. Caso contrário, parece que seria impossível que o homem rico fosse capaz de enxergar a Lázaro (sem contarmos a ajuda divina), e dificilmente haveria necessidade de mencionar o “grande abismo” entre os dois lugares especificamente para prevenir que alguém atravessasse de um lugar para o outro. Além do mais, o homem rico chamou Abraão e ele respondeu. Isso nos leva a pensar que estavam bem perto um do outro enquanto falavam em lados opostos do “grande abismo”.

Tudo isso me leva a crer que Lázaro não estava no que chamamos de céu, mas em um lugar separado dentro da terra.[3] Deve ser o paraíso do qual Jesus falou ao ladrão arrependido. Foi para esse paraíso, no coração da terra, que os justos do Velho Testamento foram depois de suas mortes. É para onde Lázaro foi e para onde Jesus e o ladrão arrependido foram.

Aparentemente, também é para onde o profeta Samuel foi após sua morte. Lemos em 1 Samuel 28 que quando Deus permitiu que o espírito do profeta morto, Samuel, aparecesse e falasse profeticamente a Saul, a feiticeira En-Dor descreveu Samuel como “um ser que sobe do chão” (1 Sm. 28:13, ênfase adicionada). Samuel disse a Saul: “Por que você me perturbou, fazendo-me subir?” (1 Sm. 28:15, ênfase adicionada). Aparentemente, o espírito/alma de Samuel estava no paraíso dentro da terra.

As Escrituras parecem sustentar o fato de que na ressurreição de Cristo, o paraíso foi esvaziado e que os justos que morreram durante o tempo do Velho Testamento foram levados ao céu com Jesus. A Bíblia diz que quando Jesus subiu ao céu das profundezas da terra, “levou cativos muitos prisioneiros” (Ef. 4:8-9; Sl. 68:18). Acredito que esses cativos eram os que viviam no paraíso. Com certeza, Jesus não libertou as pessoas do Sheol/Hades![4]

Jesus Pregou aos Espíritos Aprisionados (Jesus Preached to Spirits in Prison)

As Escrituras também nos dizem que Jesus proclamou a um grupo de pessoas, espíritos sem corpos, em alguma momento entre Sua morte e ressurreição. Lemos em 1 Pedro 3:

Pois também Cristo sofreu pelos pecados uma vez por todas, o justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus. Ele foi morto no corpo, mas vivificado pelo Espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão que há muito tempo desobedeceram, quando Deus esperava pacientemente nos dias de Noé, enquanto a arca era construída. Nela apenas algumas pessoas, a saber, oito, foram salvas por meio da água (1 Pd.3:18-20).

Essa passagem das Escrituras, com certeza, levanta algumas perguntas para as quais não tenho respostas. Por que Jesus proclamaria especificamente a algumas pessoas desobedientes que morreram durante o dilúvio de Noé?O que Ele disse a elas?

De qualquer forma, essa passagem parece sustentar o fato que Jesus não passou os três dias e três noites inteiras entre Sua morte e ressurreição no paraíso.

Geenna (Gehenna)

Hoje, quando os corpos do justos morrem, seus espíritos/almas vão imediatamente para o céu (veja 2 Co. 5:6-8; Fp. 1:21-23; Ts. 4:14).

Os injustos ainda vão para o Sheol/Hades, onde são atormentados e esperam a ressurreição de seus corpos, o julgamento final, e a hora que serão lançados “no lago de fogo”, um lugar diferente e separado do Sheol/Hades.

Esse lago de fogo é descrito por um terceira palavra que às vezes, também é traduzida inferno, a palavra grega Geenna. Essa palavra é derivada do nome de um depósito de lixo fora de Jerusalém no vale de Hinnom, um vale profundo cheio de podridão que era infestado de vermes e bigatos e em uma de suas partes havia fogo e fumaça perpetuamente.

Quando Jesus falou de Geenna, Ele falou de um lugar onde as pessoas seriam lançadas em seu corpos. Por exemplo, Ele disse no evangelho de Mateus:

E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno [Geenna]… Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno [Geenna] (Mt. 5:30, 10:28, ênfase adicionada).

Geenna e Hades não podem ser o mesmo lugar, porque as Escrituras dizem que os ímpios são mandados ao Hades como espíritos/almas sem corpos. Somente depois do reinado de mil anos de Cristo quando os corpos dos incrédulos forem ressuscitados e julgados por Deus é que serão lançados no lago de fogo, ou Geenna (veja Ap. 20:5, 11-15). Além do mais, um dia, o Hades será lançado no lago de fogo (veja Ap. 20:14); portanto, deve ser um lugar diferente do lago de fogo.

Tártaro (Tartaros)

A quarta palavra que é traduzida várias vezes por inferno nas Escrituras é a palavra grega tártaro. Só encontrada uma vez no Novo Testamento:

Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno [tártaro], prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo (2 Pd. 2:4).

Normalmente, pensam no tártaro como uma prisão especial para certos anjos que pecaram; portanto, não é o Sheol/Hades ou Geenna. Judas também escreveu sobre anjos que foram detidos:

E, quanto aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade, mas abandonaram sua própria morada, ele os tem guardado em trevas, presos em correntes eternas para o juízo do grande Dia (Jd. 6).

Os Horrores do Inferno (The Horrors of Hell)

Uma vez que uma pessoa não arrependida morre, ela não recebe mais oportunidades de arrependimento. Seu destino está selado. A Bíblia diz: “O homem está destinado a morrer uma só vez e depois disso enfrentar o juízo” (Hb. 9:27).

O inferno é eterno, e os que lá estão confinados não têm esperança de escapar. Sobre a condenação futura dos injustos, Jesus disse: “E estes irão para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna” (Mt. 25:46, ênfase adicionada). O castigo para os injustos no inferno é tão eterno quanto a vida eterna para os justos.

Paulo escreveu similarmente:

É justo da parte de Deus retribuir com tribulação aos que lhes causam tribulação… quando o Senhor Jesus for revelado lá dos céus, com os seus anjos poderosos, em meio a chamas flamejantes. Ele punirá os que não conhecem a Deus e os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Eles sofrerão a pena de destruição eterna, a separação da presença do Senhor e da majestade do seu poder (2 Ts. 1:6-9, ênfase adicionada).

O inferno é um lugar de agonia indescritível, pois será um castigo eterno. Presos lá para sempre, os injustos carregarão sua culpa eterna e sofrerão a ira de Deus no fogo indistinguível.

Jesus descreveu o inferno como um lugar de “trevas”, onde haverá “choro e ranger de dentes”, e um lugar “onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga” (Mt. 22:13; Mc. 9:44). Oh, precisamos avisar as pessoas sobre esse lugar e dizer-lhes da salvação que só há em Cristo!

Uma denominação em particular ensina o conceito de purgatório, um lugar onde os crentes sofrerão por um tempo para serem purgados de seus pecados e, portanto, serem feitos dignos do céu. Contudo, essa ideia não é ensinada na Bíblia.

Os Justos Após a Morte (The Righteous After Death)

Quando um crente morre, seu espírito vai imediatamente para o céu para estar com o Senhor. Paulo deixou esse fato bem claro quando escreveu sobre sua própria morte:

Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro. Caso continue vivendo no corpo, terei fruto do meu trabalho. E já não sei o que escolher! Estou pressionado dos dois lados: desejo partir e estar com Cristo, o que é muito melhor (Fp. 1:21-23, ênfase adicionada).

Note que Paulo disse que tinha o desejo de partir e que se partisse, estaria com Cristo. Seu espírito não entraria em um estado inconsciente, esperando pela ressurreição (como infelizmente, alguns acham).

Note também que Paulo disse que para ele, morrer seria lucro. Isso só seria verdade se fosse para o céu quando morresse.

Paulo também declarou em sua segunda carta aos coríntios que se o espírito de um crente deixar seu corpo, ele irá “habitar com o Senhor”:

Portanto, temos sempre confiança e sabemos que, enquanto estamos no corpo, estamos longe do Senhor… e preferimos estar ausentes do corpo e habitar com o Senhor (2 Co. 5:6-8).

Para maior sustentação, Paulo também escreveu:

Irmãos, não queremos que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros que não têm esperança. Se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos também que Deus trará, mediante Jesus e com ele, aqueles que nele dormiram (1 Ts. 4:13-14).

Se Jesus trará do céu com Ele na Sua volta “aqueles que nele dormiram”, eles devem estar no céu com Ele agora.

Antevisão do Céu (Heaven Foreseen)

Como é o céu? Em nossas mentes finitas nunca poderemos entender completamente as glórias que nos aguardam lá, e a Bíblia só nos dá um relance. Para os crentes, o fato mais animador sobre o céu é que veremos nosso Senhor e Salvador, Jesus, e Deus nosso Pai face a face. Viveremos na casa do Pai:

Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver (Jo. 14:2-3).

Quando chegarmos ao céu, muitos mistérios que nossas mentes não podem compreender agora serão entendidos. Paulo escreveu:

Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face (1 Co. 13:12).

O livro de Apocalipse nos dá a melhor imagem de como é o céu. Descrito como um lugar de muitas atividades, maravilhosa beleza, variação ilimitada e alegria inexpressível, o céu não será um lugar onde as pessoas ficam sentadas em nuvens e tocam harpa o dia todo!

João, que recebeu uma visão do céu, notou primeiro o trono de Deus, o centro do universo:

Imediatamente me vi tomado pelo Espírito, e diante de mim estava um trono no céu e nele estava assentado alguém. Aquele que estava assentado era de aspecto semelhante a jaspe e sardônio. Um arco-íris, parecendo uma esmeralda, circundava o trono, ao redor do qual estavam outros vinte e quatro tronos, e assentados neles havia vinte e quatro anciãos. Eles estavam vestidos de branco e na cabeça tinham coroas de ouro. Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante dele estavam acesas sete lâmpadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus. E diante do trono havia algo parecido com um mar de vidro, claro como cristal. No centro, ao redor do trono, havia quatro seres viventes cobertos de olhos, tanto na frente como atrás. O primeiro ser parecia um leão, o segundo parecia um boi, o terceiro tinha rosto como de homem, o quarto parecia uma águia em vôo. Cada um deles tinha seis asas e era cheio de olhos, tanto ao redor como por baixo das asas. Dia e noite repetem sem cessar: “Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir”. Toda vez que os seres viventes dão glória, honra e graças àquele que está assentado no trono e que vive para todo o sempre, os vinte e quatro anciãos se prostram diante daquele que está assentado no trono e adoram aquele que vive para todo o sempre. Eles lançam as suas coroas diante do trono, e dizem: “Tu, Senhor, e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas (Ap. 4:2-11).

João fez o melhor possível para descrever em termos terrenos o que dificilmente pode ser comparado a qualquer coisa na terra. Obviamente, não compreenderemos tudo o que ele viu até que vejamos também. Mas, com certeza, a leitura é inspiradora.

As passagens mais inspiradoras sobre o céu são encontradas em Apocalipse 21 e 22, onde João descreveu a nova Jerusalém, que no momento está no céu, mas que descerá à terra depois do reinado milenar de Cristo:

Ele me levou no Espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus. Ela resplandecia com a glória de Deus, e o seu brilho era como o de uma jóia muito preciosa, como jaspe, clara como cristal. Tinha um grande e alto muro com doze portas e doze anjos junto às portas… O anjo que falava comigo tinha como medida uma vara feita de ouro, para medir a cidade, suas portas e seu muros. A cidade era quadrangular, de comprimento e largura iguais. Ele mediu a cidade com a vara; tinha dois mil e duzentos quilômetros de comprimento; a largura e a altura eram iguais ao comprimento… O muro era feito de jaspe e a cidade era de ouro puro, semelhante ao vidro puro… As doze portas eram doze pérolas, cada porta feita de uma única pérola. A rua principal da cidade era de outro puro, como vidro transparente. Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo. A cidade não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia… Então o anjo me mostrou o rio da água da vida que, claro como cristal, fluía do trono de Deus e do Cordeiro, no meio da rua principal da cidade. De cada lado do rio estava a árvore da vida, que frutifica doze vezes por ano, uma por mês. As folhas da árvore servem para a cura das nações. Já não haverá maldição nenhuma. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o servirão. Eles verão a sua face, e o seu nome estará em sua testas. Não haverá mais noite. Eles não precisarão de luz de candeia, nem da luz do sol, pois o Senhor Deus os iluminará; e eles reinarão para todo o sempre (Ap. 21:10-22:5)

Todos os seguidores de Jesus podem esperar ansiosos por todas essas maravilhas, desde que continuem na fé. Sem dúvida passaremos nossos primeiros dias no céu dizendo um para o outro: “Ah! Então era isso que João tentou descrever no livro de Apocalipse”!

 


* Nota do tradutor: versículo traduzido diretamente do inglês; também em todo o capítulo.

[1] Alguns tentam fazer caso de algumas passagens, como Gênesis 37:35, Jó 14:13, Salmos 89:48, Eclesiastes 9:10 e Isaías 38:9-10, dizendo que o Sheol também era o lugar para onde os santos iam após suas mortes. A prova bíblica para essa ideia não é muito convincente. Se o Sheol era o lugar para onde ambos fossem após a morte, então, ele deve ter dois compartimentos separados: o inferno e o paraíso, o que é normalmente dito pelos que aderiram a essa ideia.

* Nota do tradutor: versículo traduzido diretamente do inglês; também em todo o capítulo.

[2] Os que aderem a essa interpretação devem aderir a outras duas teorias. Uma delas é que Sheol/Hades era o nome para um lugar após morte para os santos e os incrédulos que era dividido em dois compartimentos: o lugar de tormento e o paraíso, para onde Jesus foi. A outra teoria é que Jesus aguentou os tormentos dos perdidos por três dias e três noites no fogo do Sheol/Hades enquanto sofria a sentença dos pecados como nosso substituto. Ambas essas teorias são difíceis de provar através das Escrituras, e nenhuma é necessária se Jesus nunca passou tempo algum no Sheol/Hades. É isso que Sua declaração significa. A respeito da segunda teoria, Jesus não sofreu os tormentos dos perdidos por três dias e três noites entre Sua morte e ressurreição, pois nossa redenção foi comprada através de Seu sofrimento na cruz (veja Cl. 1:22), não por Seu sofrimento no Sheol/Hades.

* Nota do tradutor: versículo traduzido diretamente do inglês; também em todo o capítulo.

[3] Note também que ambos, Lázaro e o homem rico, mesmo separados de seus corpos, estavam conscientes e tinham todas a faculdades como visão, tato e audição. Podiam sentir dor e conforto e lembrar experiências passadas. Isso prova que a teoria de “alma dormente”, a ideia de que pessoas ficam em um estado inconsciente quando morrem, esperando recuperar a consciência na ressurreição de seus corpos, é falsa.

[4] Alguns acham, e talvez com razão, que os cativos mencionados em Efésios 4:8-9 somos todos nós que eramos prisioneiros do pecado, agora libertos através da ressurreição de Cristo.