O Plano Eterno de Deus

Capítulo Vinte e Oito (Chapter Twenty-Eight)

 

Por que Deus nos criou? Ele tinha algum objetivo em mente desde o começo? Não sabia que todos se rebelariam contra Ele? Não previu as consequências de nossa rebelião e todo o sofrimento e tristeza que a humanidade tem enfrentado desde então? Por que, então Ele criou as pessoas?

A Bíblia responde essas perguntas para nós. Ela diz que mesmo antes de ter criado Adão e Eva, Ele sabia que eles, e todos depois deles, pecariam. Incrivelmente, Ele já tinha um plano para redimir a humanidade através de Jesus. Paulo escreveu sobre isso:

Deus, que nos salvou e nos chamou com uma santa vocação, não em virtude das nossas, obras mas por causa da sua própria determinação e graça. Esta graça nos foi dada em Cristo Jesus desde os tempos eternos (2 Tm. 1:8b-9, ênfase adicionada).

A graça de Deus nos foi dada em Cristo desde a eternidade e não somente por toda a eternidade. Isso indica que Deus tinha planejado a morte sacrificial de Jesus eras atrás.

Paulo escreveu similarmente em sua carta aos efésios:

De acordo com o seu eterno plano que ele realizou em Cristo Jesus, nosso Senhor (Ef. 3:11, ênfase adicionada).

A morte de Jesus na cruz não foi uma ideia tardia, um plano elaborado rapidamente para consertar o que Deus não tinha previsto.

Deus não só tinha um propósito eterno em nos dar Sua graça desde a eternidade, mas também tinha previsto desde a eternidade passada quem escolheria receber Sua graça, e até escreveu seus nomes em um livro:

Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo (Ap. 13:8, ênfase adicionada).

A queda de Adão não pegou Deus de surpresa. Nem a sua ou a minha. Deus sabia que pecaríamos, e também sabia que nos arrependeríamos e acreditaríamos no Senhor Jesus.

A Próxima Pergunta (The Next Question)

Se Deus sabia que alguns creriam em Jesus e outros O rejeitariam, por que criou pessoas que, de antemão, sabia que O rejeitariam?Por que não, simplesmente, criar pessoas que sabia que se arrependeriam e creriam em Jesus?

A resposta para essa pergunta é um pouco mais difícil de entender, mas não impossível. Primeiro, precisamos entender que Deus nos criou com o livre arbítrio. Isto é, todos temos o privilégio de decidir sozinhos se serviremos ou não a Deus. Nossas decisões de obedecer ou desobedecer, se arrepender ou não, não são pré-determinadas por Deus. São escolhas nossas.

Portanto, todos nós devemos ser testados. É claro que Deus já sabia o que faríamos, mas tínhamos que fazer algo em algum momento para que Ele previsse.

Por exemplo, Deus sabe o resultado de todos os jogos de futebol antes que sejam jogados, mas devem acontecer jogos de futebol para que Ele saiba qual será o resultado. Deus não pode prever o resultado de jogos de futebol que nunca serão jogados, pois não haveria resultados para prever.

Da mesma forma, Deus só pode prever decisões de agentes morais livres se estes receberem a oportunidade de fazer decisões e as fizerem. Eles devem ser testados. E é por isso que Deus não criou, e não pode criar, somente pessoas que saiba que irão se arrepender e crer em Jesus.

Outra Pergunta (Another Question)

Também podemos perguntar: “Se tudo o que Deus quer é pessoas obedientes, por que Ele nos criou com livre arbítrio? Por que não criou um raça de robôs eternamente obedientes?

A resposta é porque Deus é um Pai. Ele quer ter um relacionamento de pai e filho conosco, e não há esse relacionamento com robôs. O desejo de Deus é ter um família eterna de filhos que tenham escolhido a amá-Lo por conta própria. De acordo com as Escrituras, este era Seu plano predeterminado:

Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade (Ef. 1:5, ênfase adicionada).

Se quiser ter uma ideia de como Deus se alegraria com robôs, coloque um fantoche em sua mão e faça com que ele diga que te ama. Com certeza, você não sentirá aquela coisa boa no coração! O fantoche só está falando o que você fez que ele falasse. Ele não te ama de verdade.

O que faz o amor tão especial é que ele é baseado na escolha de alguém com o livre arbítrio. Fantoches e robôs nada sabem sobre amor porque não podem fazer decisões sozinhos.

Porque Deus queria um família de filhos que escolhessem amá-Lo e servi-Lo de coração, Ele teve que criar agentes morais livres; e para essa decisão, teve que correr o risco de que alguns agentes morais livres escolhessem não amá-Lo ou servi-Lo. E esses agentes, depois de uma vida inteira resistindo a Deus (que Se revela e atrai todas as pessoas através de Sua criação, de suas consciências e da proclamação do evangelho) teriam que encarar seus castigos por direito, tendo provado que são dignos da ira de Deus.

Nenhuma pessoa no inferno pode apontar um dedo acusador contra Deus, porque Ele providenciou uma forma de cada pessoa escapar do castigo de seus pecados. Deus deseja que todos sejam salvos (veja 1 Tm. 2:4; 2 Pd. 3:9), mas cada um deve decidir sozinho.

Predestinação Bíblica (Biblical Predestination)

Mas e aquelas passagens do Novo Testamento que falam sobre Deus ter nos predestinado, escolhendo-nos antes da fundação do mundo?

Infelizmente, alguns acham que Deus escolheu especificamente alguns para serem salvos e o resto para ser condenado, sem basear Sua decisão nas coisas que esses indivíduos fizeram; isto é, supostamente, Deus escolheu quem seria salvo e quem seria condenado. Obviamente, essa ideia elimina o conceito de livre arbítrio e com certeza não é ensinado nas Escrituras. Vamos considerar o que a Bíblia ensina sobre a predestinação.

Realmente, as Escrituras ensinam que Deus nos escolheu, mas esse fato deve ser estudado. Deus escolheu desde a fundação do mundo redimir as pessoas que já sabia que iriam se arrepender e crer no evangelho debaixo da influência do Seu chamado, mas por conta própria. Leia o que o apóstolo Paulo diz sobre as pessoas que Deus escolhe:

Deus não rejeitou o seu povo, o qual de antemão conheceu. Ou vocês não sabem como Elias clamou a Deus contra Israel, conforme diz a Escritura?“Senhor, mataram os teus profetas e derrubaram os teu altares; sou o único que sobrou, e agora estão procurando matar-me.” E qual foi a resposta divina?“Reservei para mim sete mil homens que não dobraram os joelhos diante de Baal.” Assim, hoje também há um remanescente escolhido pela graça (Rm. 11:2-5, ênfase adicionada).

Note que Deus disse a Elias: “reservei para mim sete mil homens”, mas esses sete mil homens fizeram primeiro a escolha de não dobrar “os joelhos diante de Baal”. Paulo disse que da mesma forma, havia um remanescente de judeus crentes escolhidos pela graça. Então, podemos dizer que sim, Deus nos escolheu, mas escolheu os que primeiro fizeram a escolha certa sozinhos. Deus escolheu salvar todos os que acreditam em Jesus, e esse era Seu plano mesmo antes da criação.

O Pré-Conhecimento de Deus (God’s Foreknowledge)

As Escrituras também ensinam que Deus também conhecia todos os que escolheriam fazer a decisão correta. Por exemplo, Pedro escreveu:

Aos eleitos de Deus, peregrinos… escolhidos de acordo com o pré-conhecimento de Deus Pai (1 Pd. 1:1-2a, ênfase adicionada).

Somos escolhidos de acordo com o pré-conhecimento de Deus. Paulo também escreveu sobre os eleitos pré-conhecidos:

Pois aqueles que de antemão conheceu [nós], também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele [Jesus] seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou (Rm. 8:29-30).

Deus pré-conhecia todos nós, os que escolheriam acreditar em Jesus, e predestinou que nos tornaríamos conforme a imagem de Seu Filho, nos tornando filhos regenerados dEle em Sua grande família. Mantendo Seu plano eterno, nos chamou através do evangelho, nos justificou (nos fez justos) e no fim nos glorificará em Seu futuro reino.

Paulo escreveu em outra carta:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado (Ef. 1:3-6, ênfase adicionada).

A mesma verdade é apresentada aqui — Deus nos predestinou (os que pré-conhecia que iriam se arrepender e crer) antes da fundação do mundo para se tornarem Seus santos filhos através de Jesus Cristo.

Como já mencionei, alguns torcem o significado de passagens assim quando ignoram todas as outras coisas que a Bíblia ensina, dizendo que não temos escolha sobre nossa salvação — supostamente, a escolha foi toda de Deus. Eles chamam isso de doutrina da “eleição incondicional”. Mas quem já ouviu de tal coisa como “eleição incondicional”, isto é, uma eleição que não esteja baseada em condições? Em países livres, elegemos candidatos políticos baseando-nos nas condições que eles preenchem em nossas mentes. Escolhemos cônjuges baseando-nos nas condições que preenchem, características que possuem que os tornam desejáveis. Mesmo assim, alguns teólogos querem que acreditemos que a suposta escolha de Deus de quem será salvo e quem não será, é por “eleição incondicional”, não baseada em condições! Portanto, a salvação de indivíduos é por pura sorte; caprichos de um monstro cruel, injusto, hipócrita e irracional chamado Deus! A própria frase “eleição incondicional” se contradiz, já que a palavra eleição implica condição. Se for uma “eleição incondicional”, não é eleição; é somente sorte.

O Grande Quadro (The Big Picture)

Agora vemos o grande quadro. Deus sabia que todos pecaríamos, mas fez um plano, antes de qualquer um de nós nascer, para nos redimir. Esse plano revelaria Seu maravilhoso amor e justiça, já que iria requerer que Seu Filho, sem pecado, morresse como substituto pelos nossos pecados. E Deus não somente predestinou que nós, que nos arrependemos e cremos, fôssemos perdoados, como também que nos tornássemos como Seu Filho Jesus, como Paulo disse: “Não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl. 2:20).

Nós, que somos renascidos filhos de Deus, receberemos, um dia, corpos incorruptíveis e viveremos em uma sociedade perfeita, servindo, amando e tendo comunhão com nosso maravilhoso Pai celestial! Viveremos em uma nova terra e na Nova Jerusalém. Tudo isso será possível por causa da morte sacrificial de Jesus! Glória a Deus por Seu plano predeterminado!

A Vida Presente (This Present Life)

Uma vez que entendemos o plano eterno de Deus, podemos compreender melhor sobre o que é a vida presente. Primeiramente, esta vida serve como um teste para cada pessoa. A escolha de cada pessoa determina se ela aproveitará o privilégio de ser um dos próprios filhos de Deus que viverão com Ele pela eternidade. Aqueles que se humilham e cedem ao chamado de Deus, se arrependendo e crendo, serão exaltados (veja Lc. 18:14). Essa vida é, primeiramente, um teste para a vida futura.

Isso também nos ajuda a entender alguns mistérios que rodeiam esta vida presente. Por exemplo, muitos se perguntam: “Por que é permitido que Satanás e seus demônios tentem as pessoas?” ou: “Quando Satanás foi lançado do céu, por que foi permitido que tivesse acesso à terra?”

Agora podemos ver que até Satanás serve para um propósito divino no plano de Deus. Primeiramente, Satanás serve como a opção alternativa para a humanidade. Se a única escolha fosse servir a Jesus, todos O serviriam; querendo ou não.

Seria parecido com uma eleição em que todos devessem votar, mas só houvesse um candidato. Esse candidato seria eleito por unanimidade, mas nunca teria confiança de que seus eleitores o amam ou mesmo gostem dele! Eles não tiveram escolha, a não ser votar nele! Deus estaria em uma situação parecida se não houvesse alguém competindo com Ele pelos corações das pessoas.

Considere deste ângulo: e se Deus tivesse colocado Adão e Eva em um jardim no qual nada fosse proibido? Então, Adão e Eva seriam robôs por causa do ambiente em que estavam. Eles não poderiam dizer: “Escolhemos obedecer a Deus”, porque não teriam oportunidade de desobedecê-Lo.

Mais importante ainda, Deus não poderia dizer: “Sei que Adão e Eva Me amam”, porque eles não teriam oportunidade de obedecer para provar seu amor por Deus. Deus deve dar a agentes morais livres a oportunidade de desobedecerem para que Ele determine se querem obedecê-Lo. Deus não tenta as pessoas (veja Tg. 1:13), mas testa a todos (veja Sl. 11:5; Pv. 17:3). Uma maneira que Ele os testa é permitindo que sejam tentados por Satanás, que então, serve a um propósito divino em Seu plano eterno.

Um Exemplo Perfeito (A Perfect Example)

Lemos em Deuteronômio 13:1-3:

Se aparecer entre vocês um profeta ou alguém que faz predições por meio de sonhos e lhes anunciar um sinal miraculoso ou um prodígio, e se o sinal ou prodígio de que ele falou acontecer, e ele disser: “Vamos seguir os outros deuses que vocês não conhecem e vamos adorá-los”, não dêem ouvidos às palavras daquele profeta ou sonhador. O Senhor, o seu Deus, está pondo vocês à prova para ver se o amam de todo o coração e de toda a alma (ênfase adicionada).

Parece lógico concluir que, se não foi Deus quem deu ao falso profeta a habilidade sobrenatural de fazer sinais ou maravilhas — deve ter sido Satanás. Mesmo assim, Deus lhe autorizou e usou a tentação de Satanás como Seu próprio teste para descobrir o que estava no coração de Seu povo.

Esse mesmo princípio também está ilustrado em Juízes 2:21-3:8 quando Deus permitiu que Israel fosse tentado pelas nações vizinhas para determinar se o povo O obedeceria ou não. Jesus também foi levado pelo Espírito ao deserto com o propósito de ser tentado por Satanás (veja Mt. 4:1) e, portanto, testado por Deus. Precisava ser provado que Ele não tinha pecados, e a única maneira disso acontecer foi através das tentações.

Satanás Não Merece Toda a Culpa (Satan Does Not Deserve All the Blame)

Satanás já enganou muitas pessoas no mundo, cegando suas mentes à verdade do evangelho, mas devemos perceber que Satanás não pode cegar a todos. Ele só pode enganar os que se permitem ser enganados, as pessoas que rejeitam a verdade.

Paulo declarou que os incrédulos são “obscurecidos no entendimento” (Ef. 4:18) e ignorantes, mas também revelou o motivo principal do entendimento obscurecido e ignorância deles:

Não vivam mais como os gentios, que vivem na inutilidade dos seus pensamentos. Eles estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento do seu coração. Tendo perdido toda a sensibilidade, eles se entregaram à depravação, cometendo com avidez toda espécie de impureza (Ef. 4:17b-19, ênfase adicionada).

Os incrédulos não são somente pessoas infelizes que foram tristemente enganadas por Satanás. Pelo contrário, são pecadores rebeldes que são ignorantes por vontade própria e que querem continuar sendo enganados por causa de seus corações endurecidos. Ninguém precisa continuar sendo enganado, como a sua própria vida prova! Uma vez que tenha amaciado seu coração a respeito de Deus, Satanás não pode continuar te enganando.

Finalmente, Satanás será preso durante o reinado milenar de Cristo, e então não terá mais influência sobre as pessoas:

Ele [um anjo] prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo, Satanás, e o acorrentou por mil anos; lançou-o no Abismo, fechou-o e pôs um selo sobre ele, para assim impedi-lo de enganar as nações, até que terminassem os mil anos. Depois disso, é necessário que ele seja solto por um pouco de tempo (Ap. 20:2-3).

Note que antes do aprisionamento de Satanás, ele terá enganado as nações, mas quando for acorrentado não poderá mais enganá-las. Contudo, uma vez que for solto, voltará a enganar as nações novamente:

Quando terminarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá para enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra… a fim de reuni-las para a batalha… As nações marcharam por toda a superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos, a cidade amada; mas um fogo desceu do céu e as devorou (Ap. 20:7-9, ênfase adicionada).

Por que Deus soltará Satanás por esse curto período de tempo?Para que todos os que odeiam a Cristo em seus corações, mas que fingiram obediência a Ele durante Seu reinado, sejam manifestos. Então, poderão ser julgados corretamente. Esse será o teste final.

Pelo mesmo motivo, é permitido que Satanás opere na terra agora — para que os que odeiam a Cristo em seus corações sejam manifestos e julgados. Uma vez que Satanás não sirva mais para cumprir os propósitos divinos de Deus, ele será lançado no lago de fogo para ser atormentado para sempre (veja Ap. 20:10).

Preparando Para o Mundo Futuro (Preparing For the Future World)

Se você se arrependeu e creu no evangelho, passou no primeiro e mais importante teste desta vida. Contudo, não pense que não continuará sendo testado para que Deus determine sua contínua devoção e fidelidade a Ele. Somente os que continuam “alicerçados e firmes na fé” serão apresentados a Deus como “santos, inculpáveis e livres” (veja Cl. 1:22-23).

Além disso, as Escrituras deixam claro que, um dia, todos compareceremos diante do trono de julgamento de Deus, e seremos recompensados individualmente de acordo com nossa obediência na terra. Portanto, ainda estamos sendo testados para determinar o quanto somos dignos de recompensas especiais futuras no Reino de Deus. Paulo escreveu:

Portanto, você, por que julga seu irmão?E por que despreza seu irmão?Pois todos compareceremos diante do tribunal de Deus. Porque está escrito: “‘Por mim mesmo jurei’, diz o Senhor, ‘diante de mim todo joelho se dobrará e toda língua confessará que sou Deus’”. Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus (Rm. 14:10-12, ênfase adicionada).

Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más (2. Co. 5:10).

Portanto, não julguem nada antes da hora devida; esperem até que o Senhor venha. Ele trará à luz o que está oculto nas trevas e manifestará as intenções dos corações. Nessa ocasião, cada um receberá de Deus a sua aprovação (1 Co. 4:5, ênfase adicionada).

Quais Serão as Recompensas?(What Will be the Rewards?)

Quais, exatamente, serão as recompensas dadas aos que provam seu amor e devoção a Jesus?

As Escrituras falam de pelo menos duas recompensas diferentes — a aprovação de Deus e mais oportunidades de servi-lo. Ambas são reveladas na parábola de Jesus sobre o homem nobre:

Um homem de nobre nascimento foi para uma terra distante para ser coroado rei e depois voltar. Então, chamou dez dos seus servos e lhes deu dez minas. Disse ele: “Façam esse dinheiro render até a minha volta”. Mas os seus súditos o odiavam e por isso enviaram uma delegação para lhe dizer: “Não queremos que este homem seja nosso rei”. Contudo, ele foi coroado e voltou. Então mandou chamar os servos a quem dera o dinheiro, a fim de saber quanto tinham lucrado. O primeiro veio e disse: “Senhor, a tua mina rendeu outras dez”. “Muito bem, meu bom servo!”, respondeu o seu senhor. “Por ter sido confiável no pouco, governe sobre dez cidades”. O segundo veio e disse: “Senhor, a tua mina rendeu cinco vezes mais”. O seu senhor respondeu: “Também você, encarregue-se de cinco cidades”. Então veio outro servo e disse: “Senhor, aqui está a tua mina; eu a conservei guardada num pedaço de pano. Tive medo, porque és um homem severo. Tiras o que não puseste e colhes o que não semeaste”. O seu senhor respondeu: “Eu o julgarei pelas suas próprias palavras, servo mal! Você sabia que sou homem severo, que tiro o que não pus e colho o que não semeei. Então, por que não confiou o meu dinheiro ao banco?Assim, quando eu voltasse o receberia com os juros”. E disse aos que estavam ali: “Tomem dele a sua mina e dêem-na ao que tem dez”. “Senhor”, disseram, “ele já tem dez!” Ele respondeu: “Eu lhes digo que a quem tem, mais será dado, mas a quem não tem, até o que tiver lhe será tirado. E aqueles inimigos meus, que não queriam que eu reinasse sobre eles, tragam-nos aqui e matem-nos na minha frente!” (Lc. 19:12-27).

Obviamente, Jesus é o homem nobre que não estava presente, mas que eventualmente retorna. Quando Jesus voltar, teremos que dar contas a Ele do que fizemos com os dons, habilidades, ministérios e oportunidades que Ele nos deu, representados pelas minas dadas a cada servo na parábola. Se formos fiéis, seremos recompensados por Ele com louvor e autoridade para ajudá-lo a reinar sobre a terra (veja 2 Tm. 2:12; Ap. 2:26-27; 5:10; 20:6), que é representado pelas cidades que cada servo fiel foi autorizado a governar na parábola.

A Justiça de Nosso Futuro Julgamento (The Fairness of Our Future Judgment)

Outra parábola que Jesus contou ilustra a perfeita justiça de nosso julgamento futuro:

Pois o Reino dos céus é como um proprietário que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha. Ele combinou pagar-lhes um denário pelo dia e mandou-os para a sua vinha. Por volta das nove horas da manhã, ele saiu e viu outros que estavam desocupados na praça, e lhes disse: “Vão também trabalhar na vinha, e eu lhes pagarei o que for justo”. E eles foram. Saindo outra vez, por volta do meio-dia e das três horas da tarde, fez a mesma coisa. Saindo por volta das cinco horas da tarde, encontrou ainda outros que estavam desocupados e lhes perguntou: “Por que vocês estiveram aqui desocupados o dia todo?” “Porque ninguém nos contratou”, responderam eles. Ele lhes disse: “Vão vocês também trabalhar na vinha”. Ao cair da tarde, o dono disse a seu administrador: “Chame os trabalhadores e pague-lhes o salário, começando com os últimos contratados e terminando nos primeiros”. Vieram os trabalhadores contratados por volta das cinco horas da tarde, e cada um recebeu um denário. Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam receber mais. Mas cada um deles também recebeu um denário. Quando o receberam, começaram a se queixar do proprietário da vinha, dizendo-lhe: “Estes homens contratados por último trabalharam apenas uma hora, e o senhor os igualou a nós, que suportamos o peso do trabalho e o calor do dia”. Mas ele respondeu a um deles: “Amigo, não estou sendo injusto com você. Você não concordou em trabalhar por um denário? Receba o que é seu e vá. Eu quero dar ao que foi contratado por último o mesmo que lhe dei. Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro?Ou você está com inveja porque sou generoso?” Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos (Mt. 20:1-16).

Nessa parábola, Jesus não estava dizendo que todos os servos de Deus receberão a mesma recompensa no fim, já que isso não só seria injusto, mas também contradiria muitas outras passagens (veja, por exemplo Lc. 19:12-27; 1 Co. 3:8).

Jesus estava ensinando que Deus recompensará cada um de seus servos baseando-se, não só no que fizeram por Ele, mas em quanta oportunidade Ele lhes deu. Na parábola de Cristo, os que trabalharam somente por uma hora teriam trabalhado o dia inteiro se o proprietário lhes tivesse dado oportunidade. Portanto, aqueles que fizeram o máximo em sua oportunidade de uma hora foram recompensados da mesma forma que os que receberam a oportunidade de trabalhar o dia inteiro.

Da mesma forma, Deus dá oportunidades diferentes a cada um de Seus servos. Para alguns Ele dá grandes oportunidades de servir e abençoar milhares de pessoas usando os maravilhosos dons que Ele lhes concede. Para outros Ele dá menos oportunidades e dons, mesmo assim, podem receber a mesma recompensa no fim se forem igualmente fiéis ao que Ele lhes tem dado.[1]

A Conclusão (The Conclusion)

Não há nada mais importante que obedecer a Deus, e um dia todos saberão disso. Os sábios já sabem e agem de acordo!

Agora que já se ouviu tudo, aqui está a conclusão: Tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos, porque isso é o essencial para o homem. Pois Deus trará a julgamento tudo o que foi feito, inclusive tudo o que está escondido, seja bom, seja mal (Ec. 12:13-14).

O ministro discipulador obedece a Deus de todo o coração e faz todo o possível para motivar seus discípulos a fazerem o mesmo!

Para maiores estudos a respeito desse importante tópico de nosso futuro julgamento, veja Mt. 6:1-6, 16-18; 10:41-42; 12:36-37; 19:28-29; 25:14-30; Lc. 12:2-3; 14:12-14; 16:10-13; 1 Co. 3:5-15; 2 Tm. 2:12; 1 Pd. 1:17; Ap. 2:26-27; 5:10; 20:6.

 


[1] Essa parábola também não ensina que todos os que se arrependem na juventude e trabalham fielmente por muitos anos serão recompensados da mesma forma que os que se arrependeram no último ano de suas vidas e serviram a Deus fielmente somente por um ano. Isso seria injusto, e não seria baseado na oportunidade que Deus deu a cada um, já que Deus deu a cada um a oportunidade de se arrepender durante toda a vida. Portanto, os que trabalham por mais tempo receberão mais recompensas do que os que trabalharam por menos tempo.