Neste capítulo vamos levar em consideração vários aspectos do ministério de ensino. O ensino é responsabilidade dos apóstolos, profetas, evangelistas,[1] pastores/presbíteros/bispos, professores (é claro), e até certo ponto, de todos os seguidores de Cristo, já que todos devemos fazer discípulos, ensinando-os a obedecer a todos os mandamentos de Cristo.[2]
Como já enfatizei antes, o pastor ou o ministro discipulador ensina primeiramente através de seu exemplo, e depois verbalmente. Ele prega o que pratica. O apóstolo Paulo, um discipulador de muito sucesso, escreveu:
Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo (1 Co. 11:1).
Esse deve ser o alvo de cada ministro — ser capaz de dizer honestamente para aqueles a quem lidera: “Ajam com eu ajo. Se quiserem saber como um seguidor de Cristo vive, me observem.”
Em comparação, lembro-me de ter dito a uma congregação que pastoreei: “Não sigam a mim…sigam a Cristo!” Mesmo não tendo percebido na hora, eu estava admitindo que não era um bom exemplo a ser seguido. O fato é que eu estava admitindo que não estava seguindo a Cristo como deveria, e ainda estava mandando-os fazer algo que eu não estava! Isso é tão diferente do que Paulo falou. Na verdade, se não pudermos dizer às pessoas para nos imitar porque estamos imitando a Cristo, então, não deveríamos estar no ministério, já que as pessoas usam ministros como seus modelos. A igreja é um reflexo de seus líderes.
Ensinando Unidade Através do Exemplo (Teaching Unity by Example)
Vamos aplicar esse conceito de ensino através do exemplo ao ensino de um tópico em particular. Todos pastores/presbíteros/bispos desejam que o rebanho que lideram seja unido. Eles odeiam divisão em seu corpo local. Sabem que facções são desagradáveis ao Senhor. Afinal de contas, Jesus mandou amar uns aos outros assim como Ele nos amou (veja Jo. 13:34-35). Nosso amor uns pelos outros é o que nos marca como Seus discípulos diante do mundo. Tudo isso sendo verdade, a maioria dos líderes de rebanhos adverte suas ovelhas a amar uns aos outros e lutar pela unidade.
Mesmo assim, como ministros que devem ensinar principalmente através do exemplo, muitas vezes falhamos em nosso ensino sobre amor e unidade por causa da maneira que vivemos. Por exemplo, quando mostramos falta de amor e unidade com outros pastores, mandamos uma mensagem que contradiz o que pregamos. Esperamos que eles façam o que não fazemos.
O fato é que, as palavras mais significantes de Jesus sobre unidade foram dirigidas a líderes com respeito aos seus relacionamentos com outros líderes. Na ultima ceia, por exemplo, depois de ter lavado os pés de Seus discípulos, Jesus falou:
Vocês Me chamam “Mestre” e “Senhor”, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz (Jo. 13:13-15). [Note que Jesus ensinou pelo exemplo.]
Muitas vezes, pastores usam essa passagem das Escrituras para ensinar seus rebanhos sobre ‘amar uns aos outros’, o que é apropriado. Contudo, as palavras nessa passagem foram dirigidas a líderes, aos doze apóstolos. Jesus sabia que Sua futura Igreja teria pouca chance de sucesso em sua missão se seus líderes estivessem divididos ou se competissem uns com os outros. Portanto, deixou claro que espera que Seus líderes sirvam uns aos outros humildemente.
No contexto da cultura de Seus dias, Jesus demonstrou serviço humilde fazendo uma das tarefas mais baixas de um servo doméstico, lavar os pés. Se Ele tivesse visitado uma cultura diferente em um tempo diferente da história, poderia ter limpado latrinas ou lavado as latas de lixo de Seus discípulos. Quantos de Seus líderes modernos estão dispostos a demonstrar esse tipo de amor e humildade a outros?
Em menos de uma hora, Jesus enfatizou repetidamente essa importante mensagem. Minutos depois de ter lavado seus pés, Jesus disse aos Seus futuros líderes de igrejas:
Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros (Jo. 13:34-35).
Com certeza, essas palavras têm aplicação a todos os discípulos de Cristo, mas foram originalmente dirigidas a líderes a respeito de seus relacionamentos com outros líderes.
Novamente, minutos mais tarde, Jesus disse:
O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei. Ninguém tem mais amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos (Jo. 15:12-13).
Note que Jesus estava novamente falando com líderes.
Segundos mais tarde, Ele disse novamente:
Este é o meu mandamento: Amem-se uns aos outros (Jo. 15:17).
Então, alguns minutos depois, os discípulos de Jesus o ouviram orar por eles:
Não ficarei mais no mundo, mas eles ainda estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, protege-os em teu nome, o nome que me deste, para que sejam um, assim como somos um (Jo. 17:11, ênfase adicionada).
Finalmente, alguns segundos mais tarde, enquanto Jesus terminava Sua oração, Seus discípulos o ouviram falar:
Minha oração não é apenas por eles. Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste (Jo. 17:20-23, ênfase adicionada).
Portanto, durante o período de menos de uma hora, Jesus enfatizou seis vezes a Seus futuros líderes a importância de serem unidos e demonstrarem sua unidade; a importância de amar e servir humildemente uns aos outros. Obviamente, isso era muito importante para Jesus. A unidade deles era um fator chave para o mundo crer nEle.
Como Estamos Indo? (How Well Are We Doing?)
Infelizmente, enquanto esperamos que nossos rebanhos se unam em amor, muitos de nós competem com outros e usam meios imorais para construir suas igrejas às custas de outras igrejas. Muitos de nós evitam qualquer comunhão com pastores que têm doutrinas diferentes das nossas. Até anunciamos nossa falta de unidade em placas que colocamos na frente de nossas igrejas para o mundo ver, mandando uma mensagem para todos: “Nós não somos como aqueles outros cristãos dos outros prédios .” (E nós fizemos um bom trabalho educando o mundo sobre a nossa falta de união, já que a maioria dos ímpios sabe que o cristianismo é uma instituição muito dividida.)
Simplificando, não praticamos o que pregamos, e nosso exemplo ensina nossas congregações muito mais que nossos sermões sobre unidade. É besteira pensar que cristãos normais vão se unir e amar uns aos outros quando seus líderes agem de forma diferente.
Obviamente, a única solução é o arrependimento. Devemos nos arrepender por dar o exemplo errado para os crentes e para o mundo. Devemos remover as barreiras que nos dividem e começar a amar uns aos outros como Jesus mandou.
Isso significa que, em primeiro lugar, devemos nos encontrar com outros pastores e ministros, incluindo aqueles que estão convencidos de doutrinas diferentes. Não estou falando de estar em comunhão com pastores que não nasceram de novo, que não estão tentando obedecer a Jesus, ou que estão no ministério para ganho próprio. Eles são lobos em peles de ovelhas, e Jesus nos disse exatamente como identificá-los. Eles são conhecidos por seus frutos.
Contudo, estou falando de pastores e ministros que estão se esforçando para obedecer aos mandamentos de Jesus, verdadeiros irmãos e irmãs em Cristo. Se você é pastor, deve se comprometer a amar outros pastores, mostrando esse amor de maneira prática ao seu rebanho. Um jeito de começar é ir a outros pastores de sua vizinhança e pedir perdão por não tê-los amado como devia. Isso deve quebrar algumas barreiras. Então, se comprometa em se encontrarem regularmente para uma refeição, encorajar, advertir um ao outro e orar. Quando isso acontecer, finalmente poderá discutir amavelmente as doutrinas que tendem a dividi-los, lutando pela unidade, concordando em tudo que discutirem, ou não. Minha vida e ministério foram enriquecidos significantemente quando finalmente concordei em ouvir ministros que não eram do mesmo campo doutrinário que eu. Perdi muitas bênçãos por ter me isolado por muito tempo.
Você também pode demonstrar seu amor e unidade convidando outros pastores para pregar em sua igreja ou reunião de igreja no lar; ou então, sua igreja pode ter reuniões combinadas com outras igrejas ou reuniões de igrejas nos lares.
Você pode mudar o nome de sua igreja para que ele não anuncie ao mundo sua desunião com o resto do corpo de Cristo. Pode sair de sua denominação ou associação nomeada e se identificar só como o corpo de Cristo, mandando uma mensagem para todos que você acredita que Jesus está construindo somente uma Igreja, e não muitas igrejas diferentes que não se dão bem umas com as outras.
Isso parece radical, eu sei. Mas por que fazer qualquer coisa para sustentar o que claramente Jesus nunca quis? Por que se envolver em coisas que O descontentam? Não existem denominações ou associações especiais mencionadas nas Escrituras. Quando os coríntios se dividiram por causa de mestres favoritos, Paulo os repreendeu firmemente, dizendo que suas divisões revelavam sua carnalidade e criancice espiritual (veja 1 Co. 3:1-7). Nossas divisões revelam alguma outra coisa?
Qualquer coisa que nos separa dos outros deve ser evitada. Igrejas nos lares devem evitar se dar nome ou se juntar a qualquer associação que tenha nome. Nas Escrituras, igrejas individuais eram identificadas somente pelas casas em que se reuniam. Grupos de igrejas eram identificados somente pelas cidades em que se encontravam. Todos consideravam fazer parte da única Igreja, o corpo de Cristo.
Há somente um Rei e um Reino. Qualquer um que se coloca em uma posição em que crentes ou igrejas se identifiquem com ele está construindo seu próprio reino dentro do Reino de Deus. É melhor se preparar para ficar diante do Rei, que diz: “Não darei minha glória a nenhum outro” (Is. 48:11c).
Novamente, tudo isso é para dizer que ministros devem mostrar o exemplo certo de obediência a Cristo diante de todos, porque as pessoas irão seguir seus exemplos. O exemplo que vivem diante de outros é o meio mais influente de ensino que há. Como Paulo escreveu para os crentes de Filipo:
Irmãos, sigam unidos o meu exemplo e observem os que vivem de acordo com o padrão que lhes apresentamos (Fp. 3:17, ênfase adicionada).
O Que Ensinar (What to Teach)
Como Paulo, o ministro que faz discípulos tem um alvo. Esse alvo é apresentar “todo homem perfeito em Cristo” (Cl. 1:28b). Então, ele, assim como Paulo, irá advertir e ensinar “a cada um com toda a sabedoria” (Cl. 1:28a). Note que Paulo não ensinou somente a educar ou entreter pessoas.
O discipulador pode dizer como Paulo: “O objetivo desta instrução é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera” (1 Tm. 1:5). Isto é, ele quer produzir verdadeira imitação e santidade de Cristo nas vidas das pessoas a quem serve, que é a razão de ensinar os crentes a obedecerem a todos os mandamentos de Cristo. Ele ensina a verdade, advertindo seus ouvintes a “viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor” (Hb. 12:14).
O discipulador sabe que Jesus mandou Seus discípulos ensinarem seus discípulos a obedecerem a tudo, e não apenas parte do que Ele mandou (veja Mt. 28:19-20). Ele quer ter a certeza de não negligenciar um único ponto que Cristo mandou; e então, regularmente ensinará versículo por versículo dos evangelhos e epístolas. É aí que os mandamentos de Jesus serão gravados e re-enfatizados.
Esse tipo de ensino expositório também garante que sua instrução continuará balanceada. Quando só ensinamos mensagens atuais, tendemos focalizar em tópicos populares e negligenciar aqueles que não são tão populares. Contudo, o professor que ensina versículo por versículo, não ensinará somente sobre o amor de Deus, mas também sobre Sua ira e disciplina. Ele não ensinará somente as bênçãos de ser cristão, mas também as responsabilidades. Será improvável que ele focalize temas superficiais, enfatizando o que é menos importante e negligenciando o mais importante. (De acordo com Jesus, os fariseus faziam isso; veja Mt. 23:23-24.)
Superando Medos de Ensinos Expositórios (Overcoming Fears of Expository Teaching)
Muitos pastores têm medo de ensinar versículo por versículo porque existem muitas coisas que não entendem nas Escrituras, e não querem que suas congregações saibam o quanto não sabem. É claro, isso é orgulho! Não existe uma pessoa na terra que entenda tudo nas Escrituras perfeitamente. Até Pedro disse que algumas coisas que Paulo escreveu eram difíceis de serem entendidas (veja 2 Pd. 3:16).
Quando um pastor que ensina versículo por versículo chega a um versículo ou passagem que não entende, ele deve simplesmente falar ao seu rebanho que não entende a próxima seção e pulá-la. Ele também pode pedir que orem para que o Espírito Santo o ajude a entender. Sua humildade será um bom exemplo para seu rebanho, um sermão por si só.
O pastor/presbítero/bispo de uma igreja no lar tem a vantagem extra de ensinar um pequeno grupo em um ambiente informal, pois perguntas podem ser feitas durante esse tempo. Isso também abre a possibilidade para o Espírito Santo dar entendimento a outros do grupo em relação às escrituras que estão sendo estudadas. O resultado pode ser um aprendizado muito mais efetivo para todos.
Um bom lugar para começar a ensinar os mandamentos de Jesus é Seu Sermão do Monte, encontrado em Mateus 5-7. Ali, Jesus deu muitos mandamentos, e ajudou Seus seguidores judeus a entenderem corretamente as leis dadas através de Moises. Um pouco mais adiante neste livro, ensinarei o Sermão do Monte, versículo por versículo para demonstrar como isso pode ser feito.
A Preparação do Sermão (Sermon Preparation)
Não há evidências no Novo Testamento sobre qualquer pastor/presbítero/bispo que prepara um sermão/discurso semanal completo com pontos claros e preparados e ilustrações escritas em esboços, como é a prática de vários ministros modernos. Com certeza, nenhum de nós pode imaginar Jesus fazendo tal coisa! O ensino na igreja primitiva era muito mais espontâneo e interativo, seguindo o estilo judeu, ao invés de discursado, como era a prática dos gregos e romanos; uma tradição que foi consequentemente adotada pela igreja quando ela se tornou institucionalizada. Se Jesus disse para Seus discípulos não prepararem defesa quando fossem chamados à corte judicial, prometendo que o Espírito Santo lhes daria palavras espontâneas e irrefutáveis, devemos esperar que Deus irá ajudar pastores em reuniões de igreja até certo ponto!
Isso não quer dizer que ministros não devem se preparar orando e estudando. Paulo advertiu a Timóteo:
Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade (2 Tm. 2:15).
Ministros que seguem a instrução de Paulo de deixar que “habite ricamente em vocês a palavra de Cristo” (Cl. 3:16) ficarão tão cheios da Palavra de Deus que serão capazes de ensinar por sua “abundância.” Então, querido pastor, o importante é que você mergulhe na Bíblia. Se você conhece seu assunto e é apaixonado por ele, pouca preparação é realmente necessária para comunicar a verdade de Deus. Além do mais, se ensinar versículo por versículo, pode simplesmente usar cada versículo consecutivo como esboço. Sua preparação deve então consistir de oração e meditação nos versículos das Escrituras que estará ensinando. Se você pastoreia uma igreja no lar, a natureza interativa do ensino irá diminuir ainda mais a necessidade de esboços.
O ministro que tem fé que Deus o irá ajudar enquanto ensina, será recompensado com a ajuda de Deus. Então, confie menos em si mesmo, em sua preparação e anotações e mais no Senhor. Gradualmente, enquanto ganha fé e confiança, prepare menos anotações, até que possa prosseguir com apenas o esqueleto de um esboço ou esboço algum.
Aquele que é inibido diante de outros é provável que dependa mais de notas preparadas, pois tem medo de errar em público. Ele precisa perceber que seu medo está enraizado na insegurança que, por sua vez, está enraizada no orgulho. Ele ficaria melhor se parasse de se preocupar com o que as pessoas acham dele e se preocupar mais com o que Deus acha dele e de sua audiência. Nenhum sermão preparado pode tocar as pessoas como um ensino tocante vindo do Espírito. Pense como a comunicação seria atrapalhada se todos usassem anotações preparadas para suas conversas! As conversas morreriam! O estilo de conversas não preparadas é bem mais sincero que um discurso preparado. Ensinar não é atuar. É transmitir a verdade. Todos sabemos quando estamos ouvindo um discurso, e quando percebemos temos a tendência de automaticamente não prestar atenção.
Mais Quatro Pensamentos (Four More Thoughts)
(1) Alguns ministros são como papagaios, pegam todo o material para seus sermões de livros que outros escreveram. Eles estão perdendo uma benção maravilhosa de serem ensinados pessoalmente pelo Espírito Santo, e também é provável que propaguem os erros dos escritores que copiaram.
(2) Muitos pastores imitam o estilo de pregação e ensino de outros pregadores, estilos que são puramente tradicionais. Por exemplo, alguns grupos acreditam que os sermões só são ungidos quando são altos e rápidos. Aqueles que vão à igreja são expostos a sermões gritados do início ao fim. A verdade é que as pessoas normalmente deixam de prestar atenção na gritaria redundante, assim como na pregação monótona. Uma voz variada é muito mais cativante. Mais adiante, a pregação pode ser mais alta por ser exortativa, enquanto o ensino será normalmente feito em um tom de conversa, já que é instrucional.
(3) Eu tenho observado ouvintes de sermões em centenas de cultos de igrejas, e me impressiona o fato de tantos pastores e professores não perceberem as muitas indicações de que as pessoas estão entediadas e/ou não ouvindo. Pastor, as pessoas que parecem entediadas estão entediadas! Aqueles que não estão olhando para você enquanto fala provavelmente não estão ouvindo. As pessoas que não estão ouvindo não estão sendo ajudadas. Se pessoas sinceras estão entediadas e/ou não ouvindo, então, você precisa melhorar seus sermões: dê mais exemplos; conte estórias relevantes; invente parábolas; mantenha o sermão simples; ensine a Palavra de coração; seja sincero; seja você mesmo; varie sua voz; faça contato visual com o maior número de ouvintes possível; use alguma expressão facial; use suas mãos; mexa-se; não fale por muito tempo; se o grupo for pequeno, deixe as pessoas fazerem perguntas em qualquer hora razoável.
(4) A ideia que cada sermão dever ter três pontos é simplesmente uma invenção humana. O objetivo é fazer discípulos, não seguir teorias modernas sobre pregações. Jesus disse: “Cuide das minhas ovelhas” e não: “Impressione minhas ovelhas.”
A Quem Ensinar (Whom to Teach)
Seguindo o modelo de Jesus, o discipulador, até certo ponto, é seletivo a respeito de quem ensina. Isso pode lhe surpreender, mas é verdade. Muitas vezes Jesus falou às multidões em parábolas, e tinha um motivo para fazer isso: Ele não queria que todos entendessem o que estava dizendo. Isso está claro nas Escrituras:
Os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram: “Por que falas ao povo por parábolas?” Ele respondeu: “A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus, mas a eles não. A quem tem será dado, e este terá em grande quantidade. De quem não tem, até o que tem lhe será tirado. Por essa razão eu lhes falo por parábolas: Porque vendo, eles não vêem e, ouvindo, não ouvem nem entendem” (Mt. 13:10-13).
O privilégio de entender as parábolas de Cristo estava reservado somente para aqueles que tinham se arrependido e decidido seguir a Ele. Aqueles que rejeitaram a oportunidade de se arrepender, resistindo à vontade de Deus para suas vidas, também foram rejeitados por Deus. Deus resiste ao orgulhoso, mas dá graça ao humilde (veja 1 Pd. 5:5).
Similarmente, Jesus instruiu Seus seguidores: “Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão” (Mt. 7:6). Obviamente, Jesus estava falando figurativamente. Ele quis dizer: “Não dê o que é valioso para aqueles que não apreciam seu valor”. Porcos não percebem que pérolas são preciosas, e assim porcos espirituais não dão valor a Palavra de Deus quando a ouvem. Se acreditassem que se tratava mesmo da Palavra de Deus o que estavam ouvindo, dariam sua atenção total e obedeceriam.
Como você sabe se alguém é um porco espiritual? Você joga uma pérola para ele e vê o que ele faz com ela. Se for indiferente, então você saberá que é um porco espiritual. Se obedecê-la, então, saberá que não é um porco espiritual.
Infelizmente, muitos pastores estão fazendo o que Jesus mandou não fazer: jogando continuamente suas pérolas aos porcos, ensinando pessoas que estão resistindo ou têm rejeitado a Palavra de Deus. Esses ministros estão gastando seu tempo dado por Deus. Eles deviam ter sacudido o pó de seus pés e continuado há muito tempo, assim como Jesus mandou.
As Ovelhas, os Bodes e os Porcos (The Sheep, Goats and Pigs)
O fato é, você não pode discipular alguém que não quer ser discipulado, alguém que não quer obedecer a Jesus. Muitas igrejas estão cheias de pessoas assim, que são cristãs culturais, muitos que acham que renasceram por terem simplesmente concordado mentalmente com alguns fatos teológicos sobre Jesus e o cristianismo. Elas são bodes e porcos, não ovelhas. Mesmo assim, muitos pastores gastam 90% de seu tempo tentando manter esses porcos e bodes felizes, enquanto negligenciam aqueles que deviam estar ajudando espiritualmente e servindo, as verdadeiras ovelhas! Pastor, Jesus quer que você alimente Suas ovelhas, não os bodes e porcos (veja Jo. 21:17)!
Mas como sabemos quem são as ovelhas? Elas são aquelas que chegam na igreja primeiro e saem por último. Elas estão com fome para aprender a verdade, porque Jesus é Senhor delas e querem agradá-Lo. Elas vão à igreja não só aos domingos, mas sempre que tem uma reunião. Envolvem-se em pequenos grupos. Muitas vezes fazem perguntas. Ficam animadas por causa do Senhor. Elas procuram oportunidades para servir.
Pastor, dedique a maioria de seu tempo e atenção a essas pessoas. Elas são os discípulos. Para os bodes e porcos que vão à sua igreja, pregue o evangelho pelo tempo que aguentarem. Mas se você pregar o evangelho verdadeiro, não aguentarão muito tempo. Eles sairão da igreja, ou se tiverem o poder, tentarão removê-lo de sua posição. Se conseguirem, abane o pó de seus pés enquanto sai. (Em um ambiente de igreja no lar, tal coisa não pode acontecer, especialmente se a igreja se reunir em sua casa!)
Do mesmo modo, evangelistas não devem se sentir na obrigação de pregar o evangelho às mesmas pessoas que o rejeitaram repetidamente. Deixe que os mortos sepultem os mortos (veja Lc. 9:60). Você é um embaixador de Cristo, levando a mensagem mais importante do Rei dos reis! Sua posição é muito alta no Reino de Deus e sua responsabilidade é enorme! Não gaste seu tempo falando para alguém o evangelho duas vezes, até que todos tenham ouvido uma vez.
Se você quiser ser um discipulador, deve selecionar quem vai ensinar, sem gastar seu tempo valioso com pessoas que não querem obedecer a Jesus. Paulo escreveu a Timóteo:
E as palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar outros (2 Tm. 2:2, ênfase adicionada).
Alcançando o Alvo (Reaching the Goal)
Imagine por um momento uma coisa que nunca poderia ter acontecido no ministério de Jesus, mas que acontece o tempo todo em igrejas modernas. Imagine que Jesus, depois de Sua ressurreição, tivesse ficado na terra e começado uma igreja, como a igreja institucional moderna, e então, a tivesse pastoreado por trinta anos. Imagine-O dando sermões todos os domingos na mesma congregação. Imagine Pedro, Tiago e João sentados no primeiro banco durante um dos sermões de Jesus, onde têm se sentado todos os domingos por vinte anos. Imagine Pedro virando para João e sussurrando em seu ouvido com um suspiro: “Já ouvimos esse sermão dez vezes.”
Sabemos que essa cena é absurda, porque sabemos que Jesus nunca colocaria a Si mesmo ou Seus discípulos em tal situação. Ele veio para fazer alguns discípulos e fazê-los de uma certa forma dentro de um certo tempo. Em um período de mais ou menos três anos Jesus discipulou Pedro, Tiago, João e alguns outros. Ele não fez isso pregando a eles uma vez por domingo em um prédio de igreja, mas vivendo na frente deles, respondendo às suas perguntas e dando a eles a oportunidade de servir. Ele completou Sua tarefa e foi adiante.
Então, por que fazemos coisas que Jesus nunca faria? Por que tentamos alcançar o que Deus quer, pregando às mesmas pessoas por décadas? Quando teremos completado nossa tarefa? Por que depois de alguns anos nossos discípulos ainda não estão preparados para fazer discípulos?
Meu ponto é, se estamos fazendo nosso trabalho corretamente, deve haver uma hora em que nossos discípulos estarão maduros o suficiente para não precisarem mais de nossa ministração. Eles devem ser liberados para fazer seus discípulos. Nós devemos alcançar o alvo que Deus colocou diante de nós, e Jesus nos mostrou como. A propósito, em uma igreja no lar em crescimento, existe uma necessidade contínua de discipular pessoas e desenvolver líderes. Uma igreja no lar saudável não cairá no círculo sem fim do mesmo líder pregar para as mesmas pessoas por décadas.
Motivos Certos (Right Motives)
Para ter sucesso no ensino que leva à formação de discípulos, não há nada mais importante que ter os motivos certos. Quando alguém está no ministério pelos motivos errados, ele fará as coisas erradas. Esta é a razão principal de existirem tantos ensinos falsos e desbalanceados na igreja hoje. Quando o motivo de um ministro é ganhar popularidade, ter sucesso aos olhos dos outros ou ganhar muito dinheiro, está destinado ao fracasso aos olhos de Deus. O mais triste é que ele pode obter sucesso em alcançar seu objetivo de ganhar popularidade, ter sucesso aos olhos dos outros ou ganhar muito dinheiro, mas o dia chegará que seus motivos errados serão expostos diante do trono do julgamento de Cristo, e não receberá recompensa por seu trabalho. Se lhe for permitido entrar no reino dos céus,[3] todos saberão a verdade sobre ele, já que sua falta de recompensa e sua baixa posição no Reino revelarão. Não há dúvida que existem diferentes posições no céu. Jesus avisou:
Todo aquele que desobedecer a um desses mandamentos, ainda que dos menores, e ensinar os outros a fazer o mesmo, será chamado menor no Reino dos céus; mas todo aquele que praticar e ensinar estes mandamentos será chamado grande no Reino dos céus (Mt. 5:19).
É claro que aqueles ministros que obedecem e ensinam os mandamentos de Cristo sofrerão por isso enquanto na terra. Jesus prometeu sofrimento para aqueles que O obedecem (veja Mt. 5:10-12; Jo. 16:33). Eles são os menos prováveis para ganhar sucesso terreno, popularidade e riqueza. O que ganham são recompensas futuras e louvores de Deus. Qual você prefere? Sobre isso, Paulo escreveu:
Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor atribuiu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas Deus é quem fez crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus, que efetua a crescimento. O que planta e o que rega têm um só propósito, e cada um será recompensado de acordo com o seu próprio trabalho. Pois nós somos cooperadores de Deus; vocês são lavoura de Deus e edifício de Deus.
Conforme a graça de Deus que me foi concedida, eu, como sábio construtor, lancei o alicerce, e outro está construindo sobre ele. Contudo, veja cada um como constrói. Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo. Se alguém constrói sobre esse alicerce usando ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno ou palha, sua obra será mostrada, porque o Dia a trará à luz; pois será revelada pelo fogo, que provará a qualidade da obra de cada um. Se o que alguém construiu se queimar, esse sofrerá prejuízo; contudo, será salvo como alguém que escapa através do fogo (1 Co. 3:5-15).
Paulo se comparou a um mestre de obras que constrói o alicerce. Comparou Apolo, um professor que foi a Corinto depois de Paulo ter estabelecido a igreja lá, a alguém que constrói em cima do alicerce que já foi lançado.
Note que Paulo e Apolo iriam, no fim, ser recompensados com base na qualidade, não na quantidade, de seu trabalho (veja 3:13).
Simbolicamente falando, Paulo e Apolo poderiam construir o prédio do Senhor com seis tipos diferentes de materiais, dos quais três são comuns, relativamente baratos e inflamáveis, e três são incomuns, muito caros, e não-inflamáveis. Um dia, os respeitáveis materiais de construção deles seriam submetidos ao fogo do julgamento de Deus, e a madeira, feno e palha seriam consumidos pelo fogo, revelando sua inutilidade e qualidade temporária. O ouro, prata e pedras preciosas, representando trabalhos que são preciosos e eternos aos olhos de Deus, resistiriam às chamas provadoras.
Podemos ter certeza que ensinos não-bíblicos serão queimados e virarão cinzas no julgamento de Cristo. E também qualquer coisa feita pelo poder, métodos ou sabedoria da carne, assim como qualquer coisa feita pelos motivos errados. Jesus avisou que qualquer coisa que possamos fazer que é motivada pelo desejo de louvores humanos não será recompensada (veja Mt. 6:1-6, 16-18). Esses tipos de trabalhos inúteis podem não ser evidentes aos olhos humanos agora, mas com certeza será revelado a todos no futuro, como Paulo avisou. Pessoalmente, se meus trabalhos fossem da categoria de madeira, feno e palha, preferiria descobrir agora do que mais tarde. Agora, há tempo para o arrependimento; depois, será tarde demais.
Checando Nossos Motivos (Checking Our Motives)
É muito fácil enganarmos a nós mesmos sobre nossos motivos. Eu, com certeza, já fiz isso. Como podemos descobrir se nossos motivos são puros?
O melhor caminho é pedir a Deus para nos revelar se nossos motivos são errados, e então monitorar nossos pensamentos e obras. Jesus nos mandou fazer boas obras como orar e dar esmolas aos pobres em segredo, e esse é um modo de assegurar que estamos indo bem porque desejamos louvar ao Senhor ao invés das pessoas. Se formos obedientes a Deus apenas quando estamos sendo observados, isso indica que algo está muito errado. Ou, se evitamos pecados escandalosos que arruinariam nossa reputação se fossemos pegos, mas nos entregamos a pecados menores que provavelmente ninguém ficaria sabendo, isso mostra que nossas motivações são erradas. Se estivermos verdadeiramente tentando agradar a Deus — que conhece cada um de nossos pensamentos, palavras e obras — então, faremos o possível para obedecê-Lo em todo o tempo, nas coisas grandes e pequenas, conhecidas ou não pelos outros.
Similarmente, se nossos motivos são corretos, não seguiremos as manias de crescimento de igrejas, que só servem para aumentar a presença nos cultos, às custas da formação de discípulos que obedecem a todos os mandamentos de Cristo.
Ensinaremos toda a Palavra de Deus e não focalizaremos apenas os tópicos populares que apelam a pessoas carnais e ímpias.
Não torceremos a Palavra de Deus ou ensinaremos passagens de modo que violem seus contextos dentro da Bíblia.
Não buscaremos títulos e lugares de honra a nós mesmos. Não tentaremos nos tornar conhecidos.
Não iremos fornecer aos ricos.
Não acumularemos tesouros na terra, mas viveremos simplesmente e daremos tudo o que pudermos, dando o exemplo de bons mordomos diante de nossos rebanhos.
Preocuparemo-nos mais com o que Deus pensa de nossos sermões do que com o que os outros pensam.
Como estão seus motivos?
Uma Doutrina que Destrói a Formação de Discípulos (A Doctrine that Defeats Disciple-Making)
O discipulador nunca ensina algo que vai contra o ojetivo de fazer discípulos. Portanto, ele nunca diz algo que deixa as pessoas confortáveis em desobedecer ao Senhor Jesus. Ele nunca apresenta a graça de Deus como um meio de pecar sem temer o julgamento. Pelo contrário, apresenta a graça de Deus como um meio de se arrepender dos pecados e ter uma vida de superação. Como sabemos, as Escrituras dizem que somente os vencedores herdarão o Reino de Deus (veja Ap. 2:11, 3:5, 21:7).
Infelizmente, alguns ministros modernos seguram-se a doutrinas não-bíblicas que causam grande dano ao objetivo de fazer discípulos. Uma das doutrinas que tem se tornado muito popular nos Estados Unidos é aquela de segurança eterna incondicional, ou “uma vez salvo, sempre salvo.” Essa doutrina diz que pessoas renascidas nunca podem perder sua salvação, independentemente de como levam suas vidas. Eles dizem que, já que a salvação é pela graça, a mesma graça que no início salva as pessoas que oram para recebê-la, as manterá salvas. Qualquer outro ponto de vista, dizem, é equivalente a dizer que as pessoas são salvas por suas obras.
Naturalmente, tal ponto de vista é um grande prejuízo à santidade. Já que obediência a Cristo, supostamente não é essencial para alguém entrar no céu, há pouca motivação para obedecer a Jesus, especialmente quando a obediência é custosa.
Como eu já disse antes no livro, a graça que Deus estendeu sobre a humanidade não alivia a responsabilidade das pessoas de obedecê-Lo. As Escrituras dizem que a salvação não vem só pela graça, mas também pela fé (veja Ef. 2:8). Graça e fé são necessárias para a salvação. Fé é a reação própria à graça de Deus, e a verdadeira fé sempre resulta em arrependimento e obediência. A fé sem obras está morta, inútil e não pode salvar, de acordo com Tiago (veja Tg. 2:14-26).
É por isso que as Escrituras declaram repetidamente que a salvação depende de contínua fé e obediência. Existem várias passagens nas Escrituras que deixam isso bem claro. Por exemplo, Paulo escreve em sua carta aos colossenses:
Antes vocês estavam separados de Deus e, na mente de vocês, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês. Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação, desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro (Cl. 1:21-23, ênfase adicionada).
Não é possível ser mais claro. Somente um teólogo pode torcer ou não entender o que Paulo quis dizer. Jesus confirmará que somos inculpáveis se continuarmos na fé. Essa mesma verdade é repetida em Romanos 11:13-24, 1 Coríntios 15:1-2 e Hebreus 3:12-14, 10:38-39, onde é dito claramente que a salvação final é possível pela fé contínua. Todos contêm a palavra condicional se.
A Necessidade de Santidade (The Necessity of Holiness)
Pode um salvo perder a salvação pecando? A resposta é encontrada em muitas escrituras, como as seguintes, que garantem que aqueles que praticam diversos pecados não herdarão o Reino de Deus. Se um salvo pode voltar à prática dos pecados das seguintes listas juntadas por Paulo, então, um salvo pode perder a salvação:
Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus (1 Co. 6:9-10, ênfase adicionada).
Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti: Aqueles que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus (Gl. 5:19-21, ênfase adicionada).
Porque vocês podem estar certos disto: nenhum imoral, ou impuro, ou ganancioso, que é idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus. Ninguém os engane com palavras tolas, pois é por causa dessas coisas que a ira de Deus vem sobre os que vivem na desobediência (Ef. 5:5-6, ênfase adicionada).
Note que em todos os casos, Paulo estava escrevendo para salvos, advertindo-os. Duas vezes ele os avisou para não serem enganados, indicando que estava preocupado que alguns salvos pudessem pensar que podem praticar os pecados listados e ainda assim herdar o Reino de Deus.
Jesus avisou Seus discípulos mais próximos, Pedro, Tiago, João e André da possibilidade de serem lançados no inferno por não estarem preparados para Sua volta. Note que as palavras a seguir foram dirigidas a eles (veja Mc. 13:1-4), e não a uma multidão de pecadores:
Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor. Mas entendam isto: se o dono da casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria de guarda e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Assim, vocês [Pedro, Tiago, João e André] também precisam estar preparados, porque o Filho do homem virá numa hora em que vocês [Pedro, Tiago, João e André] menos esperam.
Quem é, pois, o servo fiel e sensato, a quem seu senhor encarrega dos de sua casa para lhes dar alimento no tempo devido? Feliz o servo que seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar. Garanto-lhes que ele o encarregará de todos os seus bens. Mas suponham que esse servo seja mau e diga a si mesmo: “Meu senhor está demorando”, e então comece a bater em seus conservos e a comer e a beber com os beberrões. O senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera e numa hora que não sabe. Ele o punirá severamente e lhe dará lugar com os hipócritas, onde haverá choro e ranger de dentes (Mt. 24:42-51, ênfase adicionada).
E a moral da história? “Pedro, Tiago, João e André, não sejam como o servo desleal desta parábola.”[4]
Para ressaltar o que tinha acabado de dizer aos Seus discípulos mais íntimos, Jesus continuou imediatamente com a parábola das Dez Virgens. Inicialmente, todas as dez estavam preparadas para a chegada do noivo, mas cinco se tornaram despreparadas e foram excluídas da festa de casamento. Jesus finalizou a parábola com estas palavras: “Portanto, vigiem [Pedro, Tiago, João e André], porque vocês [Pedro, Tiago, João e André] não sabem o dia nem a hora” (Mt. 25:13)! Isso é, “Não sejam como as cinco virgens imprudentes, Pedro, Tiago, João e André.” Se não houvesse a possibilidade de Pedro, Tiago, João e André não estarem preparados, não haveria necessidade de Jesus tê-los advertido.
E então, imediatamente contou-lhes a Parábola dos Talentos. Era a mesma mensagem novamente. “Não sejam como o escravo que possuía um talento, que não tinha mais nada a entregar ao seu senhor além daquilo que lhe tinha sido entregue.” No fim da parábola o mestre declarou: “E lancem fora o servo inútil, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes” (Mt. 25:30). Jesus não poderia fazer sua mensagem mais simples. Somente um teólogo poderia torcer seu significado. Havia o perigo de Pedro, Tiago, João e André serem lançados no inferno quando Jesus retornasse se não tivessem sido obedientes. Se essa possibilidade existia para Pedro,Tiago, João e André, ela também existe para todos nós. Como Jesus prometeu, somente aqueles que fazem a vontade de Seu Pai entrarão no Reino dos céus (veja Mt. 7:21).[5]
Claramente, aqueles que ensinam a doutrina falsa da segurança eterna incondicional trabalham contra Cristo e a favor de Satanás, ensinando o oposto do que Jesus e Seus apóstolos ensinaram. Eles neutralizam efetivamente o mandamento de Jesus de fazer discípulos que obedecerão a tudo o que Ele mandou, bloqueando a rua estreita para o céu e aumentando a estrada larga para o inferno.[6]
Outra Doutrina Moderna que Destrói a Formação de Discípulos (Another Modern Doctrine that Defeats Disciple-Making)
Não é só o ensinamento de segurança eterna incondicional que leva pessoas a pensar que santidade não é essencial para a salvação final. O amor de Deus é muitas vezes apresentado de modo que neutraliza a formação de discípulos. Várias vezes ouvimos pastores dizerem: “Deus te ama incondicionalmente.” As pessoas interpretam dessa forma, “Deus me aceita e me aprova sem levar em conta se eu O obedeço ou não.” Contudo, isso simplesmente não é verdade.
Muitos desses mesmos pregadores acreditam que Deus joga as pessoas que não nasceram de novo no inferno, e certamente estão corretos em sua crença. Agora vamos pensar sobre isso. Obviamente, Deus não aprova as pessoas que lança no inferno. Então como podemos dizer que Ele as ama? Ele ama as pessoas que lança no inferno? Você acha que eles iriam dizer que Deus as ama? É claro que não. Deus diria que os ama? Certamente que não! Eles são abomináveis a Ele, que é a razão de os estar punindo no inferno. Ele não os aprova ou os ama.
Isso sendo verdade, o amor de Deus por pecadores terrenos é claramente um amor misericordioso que é temporário, e não um amor de aprovação. Ele tem misericórdia deles, evitando Seu julgamento e dando-lhes a oportunidade de se arrependerem. Jesus morreu por eles, providenciando uma maneira de serem salvos. Desse modo, pode ser dito que Deus os ama. Mas Ele nunca os aprova. Ele nunca sente um amor por eles como um pai sente por seu filho. Na verdade, as Escrituras dizem: “Como um pai tem compaixão de seus filhos assim o Senhor tem compaixão dos que o temem” (Sl. 103:13, ênfase adicionada). Portanto, pode ser dito que Deus não tem a mesma compaixão por aqueles que não O temem. O amor de Deus pelos pecadores é parecido com a misericórdia de um juiz por um assassino condenado que recebe prisão perpétua ao invés de pena de morte.
Não há um único caso no livro de Atos onde alguém, pregando o evangelho diz à audiência não salva que Deus os ama. Na verdade, muitas vezes os pregadores bíblicos advertiam sua audiência sobre a ira de Deus e os chamavam ao arrependimento, falando que Deus não os aprovava, que estavam em perigo e que precisavam fazer mudanças radicais em suas vidas. Se eles tivessem dito à sua audiência que Deus os amava (como fazem muitos ministros modernos), poderiam tê-los iludido a pensar que não estavam em perigo, que não estavam acumulando ira para si mesmos e que não havia necessidade de se arrependerem.
O Ódio de Deus pelos Pecadores (God’s Hatred of Sinners)
Contrário ao que é muitas vezes proclamado hoje, sobre o amor de Deus pelos pecadores, as Escrituras dizem que Deus odeia pecadores:
Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal. Destróis os mentirosos; os assassinos e os traiçoeiros o Senhor detesta (Sl. 5:5-6. ênfase adicionada).
O Senhor prova o justo, mas o ímpio e a quem ama a injustiça, a sua alma odeia (Sl. 11:5, ênfase adicionada).
Abandonei a minha família, deixei a minha propriedade e entreguei aquela a quem amo nas mãos dos seus inimigos. O povo da minha propriedade tornou-se para mim como um leão na floresta. Ele ruge contra mim, por isso eu o detesto (Jr. 12:7-8, ênfase adicionada).
Toda a sua impiedade começou em Gigal; de fato, ali os odiei. Por causa dos seus pecados eu os expulsarei da minha terra. Não os amarei mais; todos os seus líderes são rebeldes (Os. 9:15, ênfase adicionada).
Note que nenhuma das passagens acima diz que Deus só odeia o que as pessoas fazem — elas dizem que Ele as odeia. Isso brilha uma luz nesta coisa rotineira que Deus ama o pecador mas odeia o pecado. Não podemos separar uma pessoa do que ela faz. O que ele faz revela o que ele é. Portanto, Deus odeia as pessoas que pecam, e não só os pecados que cometem. Se Deus aprova as pessoas que fazem coisas que odeia, Ele é muito inconsistente consigo mesmo. Na corte judicial humana, pessoas são julgadas por seus crimes, e eles recebem a recompensa justa. Nós não odiamos o crime e aprovamos aqueles que os cometem.
Pessoas que Deus Odeia (People Whom God Abhors)
As Escrituras não só afirmam que Deus odeia certos indivíduos, elas também declaram que Ele odeia alguns tipos de pecadores ou que eles são abomináveis a Ele. Note que os versículos seguintes não dizem que o que essas pessoas fazem é abominável a Deus, e sim que elas são. As passagens não dizem que Deus abomina seus pecados, mas que Ele as abomina:[7]
A mulher não usará roupas de homem, e o homem e não usará roupas de mulher, pois o Senhor, o seu Deus, tem aversão por todo aquele que assim procede (Dt. 22:5, ênfase adicionada).
Pois o Senhor, o seu Deus, detesta quem faz essas coisas, quem negocia desonestamente (Dt. 25:16, ênfase adicionada).
Vocês comerão a carne dos seus filhos e das suas filhas. Destruirei os seus altares idólatras, despedaçarei os seus altares de incenso e empilharei os seus cadáveres sobre os seus ídolos mortos, e rejeitarei vocês (Lv. 26:29-30, ênfase adicionada).
Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal. Destróis os mentirosos; os assassinos e os traiçoeiros o Senhor detesta (Sl 5:5-6, ênfase adicionada).
Pois o Senhor detesta o perverso, mas o justo é seu grande amigo (Pv. 3:32, ênfase adicionada).
O Senhor detesta os perversos de coração, mas os de conduta irrepreensível dão-lhe prazer (Pv. 11:20, ênfase adicionada).
O Senhor detesta os orgulhosos de coração. Sem dúvida serão punidos (Pv. 16:5, ênfase adicionada),
Absolver o ímpio e condenar o justo são coisas que o Senhor odeia (Pv. 17:15, ênfase adicionada).
Como podemos reconciliar tais passagens com aquelas que afirmam o amor de Deus pelos pecadores? Como é possível dizer que Deus abomina e odeia pecadores, mas que também os ama?
Devemos reconhecer que nem todo amor é igual. Existe o amor que não é condicional. Este pode ser chamado de “amor de misericórdia.” É um amor que diz: “Eu te amo apesar de.” Ele ama as pessoas independentemente de suas ações. Esse é o tipo de amor que Deus tem pelos pecadores.
Em contraste ao amor de misericórdia existe o amor condicional. Ele pode ser referido como “amor de aprovação.” É um amor que é adquirido ou merecido. É um amor que diz: “Eu te amo por causa disso.”
Alguns pensam que se o amor é condicional, não é amor; ou menosprezam tal amor, dizendo que é puramente egoísta e nada parecido com Deus.
Contudo, a verdade é que Deus possui o amor condicional, como logo veremos nas Escrituras. Portanto, não se deve desprezar o amor de aprovação. O amor de aprovação é o amor principal que Deus tem por Seus verdadeiros filhos. Devemos desejar o amor de aprovação de Deus muito mais que Seu amor de misericórdia.
O Amor de Aprovação é um Amor Inferior? (Is Approving Love an Inferior Love?)
Pare e faça a si mesmo essa pergunta: “Que tipo de amor eu preferiria que as pessoas tivessem por mim — amor de misericórdia ou amor de aprovação?” Eu tenho certeza que você irá preferir que as pessoas te amem “por causa de,” e não “apesar de.”
Você preferiria ouvir seu cônjuge falar: “Eu não tenho razão para te amar, e não há coisa alguma em você que me motive a lhe mostrar meu apoio”; ou, “Eu te amo por tantos motivos, porque existe tanta coisa em você que eu admiro”? É claro que preferiríamos que nossos cônjuges nos amassem com um amor de aprovação, e esse é o motivo principal que une os casais e os mantêm juntos. Quando não existe algo que uma pessoa admira em seu cônjuge, quando todo amor de aprovação deixa de existir, poucos casamentos permanecem. Se eles permanecerem, o crédito vai para o amor de misericórdia, que origina do caráter devoto do doador desse amor.
Tudo isso sendo verdade, vemos que amor condicional, ou de aprovação não é inferior. Enquanto amor de misericórdia é o mais louvável para se dar, o amor de aprovação é o mais louvável de se receber. Mais adiante, o fato do amor de aprovação ser o único tipo de amor que o Pai já teve por Jesus o eleva ao seu justo lugar de respeito. Deus o Pai nunca teve uma única gota de amor de misericórdia por Jesus, porque nunca houve algo de desagradável em Cristo. Jesus testificou:
Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la (Jo. 10:17, ênfase adicionada).
Portanto, vemos que o Pai amava Jesus por causa da obediência de Jesus ao morrer. Não deve ter algo de errado com amor de aprovação, e sim tudo de certo. Jesus adquiriu e mereceu o amor de Seu Pai.
Jesus também declarou que permanecia no amor de Seu Pai obedecendo aos Seus mandamentos:
Como o Pai me amou, assim eu os amei; permaneçam no meu amor. Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedecido aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço (Jo. 15:9-10, ênfase adicionada).
Mais adiante, como as Escrituras indicam, devemos seguir o exemplo de Jesus, e permanecer em Seu amor obedecendo aos Seus mandamentos. Ele está claramente falando do amor de aprovação nesta passagem, nos dizendo que podemos e devemos adquiri-lo, e que podemos nos retirar dele através da desobediência aos Seus mandamentos. Permanecemos em Seu amor somente se obedecermos aos Seus mandamentos. Tal coisa é raramente ensinada hoje em dia; mas devia ser, porque é o que Jesus disse.
Jesus só confirma o amor de aprovação de Deus por aqueles que obedecem Seus mandamentos.
Pois o próprio Pai os ama, porquanto vocês me amaram e creram que eu vim de Deus (Jo. 16:27, ênfase adicionada).
Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele…Se alguém me ama obedecerá à minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada nele (Jo. 14:21,23, ênfase adicionada).
Note que na segunda passagem Jesus não estava prometendo aos crentes descomprometidos que se começassem a guardar Suas palavras iria se aproximar deles de maneira especial. Ele estava prometendo que se alguém começasse a amá-Lo e a guardar Suas palavras, então, Seu Pai o amaria e tanto Ele como Seu Pai viveriam nessa pessoa, uma clara referência ao renascimento. Todos que renascem têm o Pai e o Filho vivendo nele pela habitação do Espírito Santo (veja Rm. 8:9). Então podemos ver novamente que aqueles que realmente renasceram são aqueles que se arrependeram e começaram a obedecer a Jesus, e portanto, são os únicos que recebem o amor de aprovação do Pai.
É claro que Jesus ainda reserva Seu amor de misericórdia para aqueles que acreditam nEle. Quando desobedecem, Ele os perdoa, se confessarem seus pecados e perdoarem seus devedores.
A Conclusão (The Conclusion)
Tudo isso mostra que Deus não ama Seus filhos obedientes da mesma forma que ama os perdidos. Ele só ama os perdidos com o amor de misericórdia, e tal amor é temporário, durando somente até que morram. Ao mesmo tempo em que os ama com o amor de misericórdia, Ele os odeia com um ódio derivado de Sua desaprovação de seu caráter. É isso que as Escrituras ensinam.
Por outro lado, Deus ama muito mais Seus filhos, que aqueles que não renasceram. Primeiro, Ele os ama com o amor de aprovação porque eles têm se arrependido e têm se esforçado para obedecer aos Seus mandamentos. Enquanto crescem em santidade, Ele tem cada vez menos razões para amá-los com o amor de misericórdia, e mais um motivo para amá-los com o amor de aprovação, que é exatamente o que querem.
Isso também mostra que muitos retratos do amor de Deus feitos por pregadores modernos e professores são ilusórios e inexatos. Separe um tempo para avaliar, à luz das Escrituras, os seguintes clichês sobre o amor de Deus:
1. Não há nada que possa fazer para Deus te amar mais ou menos do que já ama agora.
2. Não há nada que possa fazer para Deus deixar de te amar.
3. O amor de Deus é incondicional.
4. Deus ama a todos da mesma forma.
5. Deus ama o pecador mas odeia o pecado.
6. Não há nada que possa fazer para merecer o amor de Deus.
7. O amor de Deus por nós não é baseado em nossa performance.
Todas as frases acima são potencialmente enganosas ou completamente falsas, já que a maioria nega o amor de aprovação de Deus e muitas adulteram Seu amor de misericórdia.
Com respeito ao ponto 1, existe algo que crentes podem fazer para Deus amá-los mais com o amor de aprovação: podem ser mais obedientes. Também há algo que pode fazer Deus amá-los menos com o amor de aprovação: a sua desobediência. Há algo que os perdidos podem fazer para Deus amá-los muito mais: se arrependerem. Então, eles ganhariam o amor de aprovação de Deus. E há algo que poderiam fazer para Deus amá-los menos: morrer. Então, perderiam o único amor que Deus tinha por eles, Seu amor de misericórdia.
Com respeito ao ponto 2, um cristão pode perder o amor de aprovação de Deus se voltar a praticar pecados, colocando-se em uma posição para experimentar somente o amor de misericórdia de Deus. E novamente, o ímpio pode morrer, e isso acabaria com o amor de misericórdia de Deus, o único amor que Deus já teve por ele.
Com respeito ao ponto 3, o amor de aprovação de Deus com certeza é condicional. Até Seu amor de misericórdia é condicionado à pessoa estar fisicamente viva. Depois da morte, o amor de misericórdia de Deus acaba; portanto, é condicional, já que é temporário.
Relativo ao ponto 4, é mais provável que Deus não ame a todos igualmente, pois Ele aprova ou desaprova todos, tanto pecadores como santos, diferentemente. Certamente o amor de Deus não é o mesmo por pecadores e santos.
Com respeito ao ponto 5, Deus odeia pecadores e seus pecados. Pode ser melhor expressado como: Ele ama pecadores com um amor de misericórdia e odeia seus pecados. Do ponto de vista de Seu amor de aprovação, Ele os odeia.
Com respeito ao ponto 6, todos podem e devem adquirir o amor de aprovação de Deus. Obviamente, ninguém pode merecer Seu amor de misericórdia, já que é incondicional.
Finalmente, com respeito ao ponto 7, o amor de misericórdia de Deus não é baseado em nossa performance, mas o amor de aprovação com certeza é.
Tudo isso é para dizer que o discipulador dever apresentar o amor de Deus fielmente, como está escrito na Bíblia, pois não quer que pessoas se enganem. Somente as pessoas que Deus ama com o amor de aprovação entrarão no céu, e Deus só tem o amor de aprovação por aqueles que renascem e obedecem a Jesus. O discipulador nunca ensinaria o que pode levar as pessoas para longe da santidade. Seu alvo é o mesmo que o de Deus, fazer discípulos que obedeçam a todos os mandamentos de Cristo.
[1] A pregação do evangelho por evangelistas pode ser considerada uma forma de ensino; e evangelistas, com certeza, precisam proclamar um evangelho bíblico preciso.
[2] A responsabilidade de ensinar grupos de pessoas publicamente não foi dada a todos os cristãos, mas todos têm a responsabilidade de ensinar um-a-um enquanto fazem discípulos (veja Mt. 5:19; 28:19-20; Cl. 3:16; Hb. 5:12).
[3] Eu digo “se” porque aqueles que são lobos em peles de cordeiros são obviamente “ministros” que são motivados egoisticamente e serão lançados no inferno. Suponho que o que os separa de verdadeiros ministros com motivos errados seja o grau de suas motivações erradas.
[4] Incrivelmente, alguns professores, que não podem escapar dos fatos sobre os quais Jesus estava advertindo Seus discípulos mais íntimos e que o servo desleal representa claramente alguém que era salvo, dizem que o lugar de choro e ranger de dentes é um lugar à beira do céu. Lá, salvos desleais irão supostamente ficar de luto temporariamente por sua perca de recompensas até que Jesus enxugue as lágrimas de seus olhos e então dê a eles as boas vindas no céu!
[5] É claro que salvos que cometem um único pecado não perdem imediatamente sua salvação. Aqueles que pedem perdão por seus pecados são perdoados por Deus (se perdoarem aqueles que pecam contra eles). Aqueles que não pedem o perdão de Deus se colocam em perigo de serem disciplinados por Ele. Somente pelo endurecimento de seus corações às disciplinas do Senhor é que salvos correm o risco de perder a salvação.
[6] Aqueles que ainda não estão convencidos que um crente em Jesus pode perder sua salvação devem considerar todas as seguintes passagens do Novo Testamento: Mt. 18:21-35; 24:4-5, 11-13, 23-26, 42-51; 25:1-30; Lc. 8:11-15; 11:24-28; 12:42-46; Jo. 6:66-71; 8:31-32, 51; 15:1-6; At. 11:21-23; 14:21-22; Rm. 6:11-23; 8:12-14, 17; 11:20-22; 1 Co. 9:23-27; 10:1-21; 11:29-32; 15:1-2; 2 Co. 1:24; 11:2-4; 12:21-13:5; Gl. 5:1-4; 6:7-9; Fp. 2:12-16; 3:17-4:1; Cl. 1:21-23; 2:4-8, 18-19; 1 Ts. 3:1-8; 1 Tm. 1:3-7, 18-20; 4:1-16; 5:5-6, 11-15, 6:9-12, 17-19, 20-21; 2 Tim. 2:11-18; 3:13-15; Heb. 2:1-3; 3:6-19; 4:1-16: 5:8-9; 6:4-9, 10-20; 10:19-39; 12:1-17, 25-29; Tg. 1:12-16; 4:4-10; 5:19-20; 2 Pd. 1:5-11; 2:1-22; 3:16-17; 1 Jo. 2:15-2:28; 5:16; 2 Jo. 6-9; Jd. 20-21; Ap. 2:7, 10-11, 17-26; 3:4-5, 8-12, 14-22; 21:7-8; 22:18-19. Os textos-provas apresentados por aqueles que ensinam a doutrina de segurança eterna incondicional são passagens que enfatizam a fidelidade de Deus na salvação, e não mencionam a responsabilidade humana. Portanto, elas precisam ser interpretadas para ficar em harmonia com as outras passagens que acabei de listar. O fato de Deus prometer Sua fidelidade não garante a fidelidade dos outros. O fato de eu prometer à minha esposa que nunca a deixarei e manter minha promessa, não garante que ela nunca me deixará.
[7] Pode ser argumentado que todas essas passagens que mostram o ódio e abominação do Senhor pelos pecadores são do Velho Testamento. Contudo, a atitude de Deus para com os pecadores não mudou do Velho para o Novo Testamento. O encontro de Jesus com a mulher cananeia em Mateus 15:22-28 é um ótimo exemplo no Novo Testamento da atitude de Deus para com pecadores. No início, Jesus nem mesmo respondeu às suas súplicas; Ele até se referiu a ela como um cachorro. Sua fé persistente resultou que ela recebeu misericórdia dEle. A atitude de Jesus para com os escribas e fariseus não pode ser considerada de aprovação e amor (veja Mt. 23).